segunda-feira, fevereiro 20, 2012

sexta-feira, fevereiro 17, 2012

Olhar impaciente, sem brilho nem curiosidade. A boca um risco horizontal, indiferente, nem triste nem alegre. A pele pálida, quase transparente, como se, num passe de mágica, a qualquer instante, pudesse dissolver-se na paisagem, ser talvez parte do tronco de uma árvore, ou um bocadinho de liberdade inesperada nas asas de uma andorinha.
Sorri à aproximação de alguém dos seus antigos afectos, daqueles que, por terem sido fundos, não esquece. Mas até deles se desinteressa, minutos depois.
Dir-se-ia rodeado de um invisível círculo, que o protege mas aprisiona.
E depois, de velho passa a criança, desinteressado ainda, mas criança, e sob orientação da animadora social, cola grãos e pedacinhos de papel colorido sobre um pedaço de cartolina branca. É de novo um menino na escola, rodeados de outros meninos com dificuldades de locomoção. Imagino que tenha vontade de qualquer coisa de diferente, mas acreditamos que os exercícios simples lhe estimulem o cérebro meio adormecido e o impeçam de deslizar mais e mais para o seu bocadinho de escuridão.

Eu tenho uma teoria

Diz-se que existem sete mulheres e meia por cada homem. Eu acho que o meu homem anda por aí muito ocupado a enviuvar, a divorciar-se, a separar-se. Tem que demorar, pois tem... Só não me parece bom augúrio aquela meia mulher... Será que acabo decepada, num qualquer crime passional? Ai a minha vida!

quarta-feira, fevereiro 15, 2012

Publiquei isto no facebook, mas parece-me que merece blogue.

Praia de Mira. Uma multidão de gaivotas na praia. Organizadas e quietas, a maior parte delas. Fiquei a pensar o que seria aquilo. Se um congresso, se um concerto (visto que algumas cantavam...). Mas não ouvi nenhumas aplaudir. Se no meu curso de Línguas e Literaturas Modernas eu tivesse aprendido Gaivotês, teria perguntado a uma delas...
Bem, pareceu-me que aquilo seria um casamento, porque estavam quase todas em profunda reverência. Também podia ser um funeral, é certo, mas não vi o morto.

Sempre pensei que se eu algum dia casasse, gostava que fosse na praia.
 Depois, muito mais tarde, descobri que há uma terrinha que se chama Miramar, em que há uma capela mesmo na praia. Bom, só falta o noivo... :) Penso que o encontrarei lá para os 90 anos quando ambos estivermos no lar da terceira idade. Nessa altura deixo crescer o meu cabelo branco, qual Rapunzel, e o cabelo será o meu véu branquinho, enfeitado de algas e conchas. Meninos das alianças, talvez umas estrelas do mar e uns polvos que, por terem muitos braços, dão jeito para segurar o véu.
A minha bengala e a do noivo hão-de ser pintadas de branco e ornadas de nenúfares bebés. Só não posso esquecer-me de convidar o inem, por causa dos eventuais ataques cardíacos, meus ou do meu amor.

Sometimes...

Às vezes sobrevem-me uma falta de paz que não sei que vem cá fazer ou quem a chamou. Fecho os olhos ou abro-os bem para ver as coisas pequeninas imensas à minha volta, e esforço-me por não alimentar a perturbação. Mas não sei, acho que às vezes a alimento. Ou então é ela que vai ao frigorífico e se alimenta sozinha.
(A ver se compro cervejas para pôr no frigorífico, a ver se a tal da Perturbação se embebeda e entra em coma alcoólico.)

sexta-feira, fevereiro 10, 2012

Eu sei

Eu sei que cada um escreve o que quer e que quem não gosta põe na borda do prato. Mas há por aí certos blogues, até bastante frequentados, em que acho que se enfatuam coisas corriqueiras de forma a que pareçam extraordinárias. E eu não entendo isso. Nem entendo que, a avaliar pelos comentários, eu seja a única a pensar assim. Gosto quando as pessoas escrevem sobre coisas simples mas sabem que são simples e as apresentam como tal. Aliás, sou grande fã da simplicidade.

E quando és tu a errar (muito)?

Tenho passado um longo período a descrer dos outros, a proteger-me de quem me faz mal, ou me quer mal, e ontem descobri que tenho sido muito...