segunda-feira, setembro 19, 2022

E quando és tu a errar (muito)?


Tenho passado um longo período a descrer dos outros, a proteger-me de quem me faz mal, ou me quer mal, e ontem descobri que tenho sido muito injusta com alguém a quem acusei de algo que não fez.

Morri de vergonha e de culpa.

Pedi perdão, claro, e estou a tentar corrigir o mal que fiz. Aceito as consequências que vierem. Foi preciso coragem para reconhecer o erro, assumi-lo e pedir perdão. Uma pessoa fica quebrada em muitos pedaços, a própria consciência grita. Mas nada há a fazer. A palavra dita não volta atrás, o passado não tem correcção.


sexta-feira, setembro 16, 2022

Ainda alguém lê blogues?

Não sei, nem tão pouco me interessa. Acontece que me apeteceu escrever.


Ontem li algures que toda a compulsão esconde um imenso vazio. Eu tenho que admitir, ainda que seja só perante mim, que tenho compulsão por comida. (E obviamente não é apenas perante mim que o admito, visto que estou a escrevê-lo aqui.) Não preciso de ter fome para querer comer, e normalmente coisas não assim tão saudáveis.

E depois, tenho algum vazio emocional? Sim, tenho, Quem não? Contudo sinto-o mais desperto, muito mais, depois da treta lixada dos confinamentos. No primeiro estava em casa com a minha mãe, tinha ela 83 anos. Nessa altura ela teve um surto demencial de que nunca mais recuperou. E as minhas bases foram ruindo. Eu não tinha ideia do que era a demência antes de conviver de perto com ela. Mexe com tudo, não apenas com o raciocínio ou a memória. No caso da minha mãe, ela tinha alucinações, não dormia, falava alto, dia e noite, com os seus amigos e familiares que haviam morrido há décadas, nenhum medicamento a fazia descansar. Eu passei a ser, na cabeça dela, uma das suas principais inimigas, bêbeda e leviana. Tornou-se agressiva,

Acabou por ir para o lar, e fiquei sozinha em casa. Veio o segundo confinamento. Duríssimo. Apesar de ter larga experiência de viver sozinha, e até me dava bem com isso, nunca antes me tinha sentido tão só. Manhãs, tardes e noites sem ter ninguém  por companhia, ninguém, ninguém para escutar, ninguém que me escutasse... Vieram vindo os temores e fragilidades antigos, que eu julgava ter sepultado. Mais tarde, arranjei emprego e voltei a rotinas mais saudáveis. Melhorei. Mas ficaram abertas feridas que vou ainda tratando a betadine e compressas várias.


Porque raio me apeteceu escrever um texto tão pessoal? Vá-se lá saber! Mas como não é proibido, e já que aqui está, aqui fica.

domingo, outubro 03, 2021

Parar de novo, uma e outra vez.

O mundo anda estranho. O mundo estranho, anda, ainda assim. Apesar de se avistarem tubarões junto à praia da Figueira da Foz - notícia outrora só aceitável num qualquer dia 1 de Abril... -, o mundo anda. E eu com ele, rolando em águas ora tranquilas, ora agitadas. Hora tranquila, hora agitada...

Nesta procrastinação tão comum e de que tanto se fala agora, vou-me desculpando dizendo a mim mesma que não é apenas preguiça. E não é. Mas sendo possível combatê-la, não há desculpa...


sexta-feira, novembro 06, 2020

Começar de novo, uma e outra vez.

 Estes tempos são mais do que duros, são duríssimos.

Instalou-se-me na alma uma tristeza que não dá mostras de querer passar. Mas passa, que eu sei que passa sempre.

Entretanto decidi cuidar do corpo, já que a alma me anda arredia.

Dormir cedo, acordar cedo, comer menos.

Ser frugal. Ser sóbria.

Está época há-de passar. Oxalá consigamos todos sair com alguma sanidade mental.

domingo, outubro 18, 2020


Para sempre, o amor.
 Começo esta nova etapa do blogue com uma fotografia dos tempos em que elas só chegavam até nós em papel fotográfico.

Era no tempo em que ainda todos estávamos vivos. Há uma multidão de gente que consigo ver quando olho para esta fotografia; eles eram o nosso mundo. Ou ainda são. Muitos deles já do outro lado da vida, agora, mas ainda connosco, A esta distância, que me ajuda a coar as impurezas dos dias, parece-me ter sido um tempo feliz. Mas não foi. Era a época das grandes e dolorosas aprendizagens, quando o meu mundo estava em ebulição quase permanente. Tudo se revolvia, tudo se questionava, tudo me inquietava. Eu não sabia, mas era bonita na minha turbulência, a crescer.  

Sentada no peitoril da janela donde se avistava o mar a uns 100 metros, na companhia da minha prima irmã, soprando bolas de sabão... era quase fim de tarde e respirávamos.  Ou sorvíamos, se calhar é mais isso. Ainda sinto a brisa do mar que trouxe daquela tarde de Setembro. Em 1987, creio.

quarta-feira, janeiro 02, 2019

Coisas de nada. Nada de coisas.

Estou aqui. Defronte de um copo que foi de vinho do porto. Branco. Fresco. Aqui a pensar se peço outro.
Vim para o café da aldeia, e aqui estou, sozinha no meio da multidão barulhenta, que vê um qualquer jogo de futebol. Benfica - Portimonense, ao que parece. Eu peço mais um porto, e uma água Castello.
As noites deste Janeiro recém-nascido estão frias. Aqui ao lado havia uma simpática salamandra aquecida, que alguém não tão simpático desaqueceu. Ou deixou desaquecer. Suspeito que este verbo não existe, mas nem por isso tem menos direito a figurar aqui. Eu também não existo, dizem-mo muitas vezes. E contudo, penso. Vês tu, Descartes? Nem tudo é assim tão linear como "penso, logo existo." Repenso e resisto.

Se eu morresse amanhã, alguém publicaria algures este meu texto, que seria o último. Alguém diria: "Coitada, uns morrem, outros ficam assim. Esta ficou assim, e depois morreu."

Prometi-me não deixar este blogue ao abandono. Mas nota-se muito que não tenho assunto?
Vou beber o resto do vinho do porto. Pronto. Ponto. Porto.

sexta-feira, dezembro 28, 2018

Às vezes o mundo dói-me,
e é uma dor indefinida,
algures entre a mente e a alma.

A imprecisão dos versos escrevinhados
ajuda a não compreender,
torna tudo  tranquilamente perplexo

Como se a Terra se conformasse,
ou eu,
com a inquieta perfeição do nevoeiro.


E quando és tu a errar (muito)?

Tenho passado um longo período a descrer dos outros, a proteger-me de quem me faz mal, ou me quer mal, e ontem descobri que tenho sido muito...