Sozinha, entregue a mim própria na minha aldeia, sem computador, sem net, sem..., tive saudades de escrever. Fui à loja comprar um caderno piroso (o menos piroso de todos os que lá estavam, ainda assim) e uma caneta de ponta fina. Deitei-me no jardinzinho em frente à igreja para fotografar pinhas e trevos. Assim estive uns minutos, eu e a minha máquina, próxima do cheiro da terra, próxima de mim. Quando me levantei para me dirigir ao carro (Escrevo estas linhas sentada ao volante, o carro parado, claro, o carro parado.) reparei em alguém que reparava em mim. Não deve ser comum ver-se uma mulher adulta deitada na relva a fotografar. Não tenho qualquer interesse em ser comum, e nem sequer também me interessa ser diferente. Apenas não me interessa.
Queria tanto uma lente para a máquina, uma lente que me permitisse captar bem as coisas minúsculas e lindas que os meus olhos vêem!... (Com calma, lá chegaremos.)
Cheiro as folhas em branco do meu caderno piroso. Cheira tão bem, o papel novo dos inícios de ano lectivo, dos inícios das coisas, dos recomeços de mim!
E de repente, lembro-me da Carla - "Já tiveste uma letra mais bonita."
- Já sei -digo-lhe. - E a memória da voz da Maria: Mas escrevo!
Ponho a chave na ignição, ligo a música, ligo o carro, vou ver se vejo os meus sobrinhos.
(Vi-os)
3 comentários:
Uma delícia, imaginar-te a escrever no caderno e a fotografar. Tu vês as coisas pequeninas e lindas, ainda as vês. E tens sonhos, coisa que vai faltando à maioria.
Amei!
"os recomeços de mim"...
escrever no caderno, os cheiros da terra, as coisas pequeninas que só alguns olhos vêem...
é pena seres "preguiçosa" LOL, e eu visitar-te tão pouco, pois gosto do que escreves. Beijinhos Duxita. Gosto muito da foto
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