domingo, dezembro 31, 2006

A festa da esperança


Imagem

Música e lágrimas, champagne e arroz de marisco à mistura.

Espumante bruto como eu. E de reserva, como eu.
Um telefonema para aquela amiga que me conhece do direito e do avesso, há mais de 20 anos.
A minha tristeza, o meu cansaço.
Chegar ao fim do ano de mãos quase vazias.
Às vezes tão só.
Às vezes tão longe de mim.
Mas ainda a rir.
E daí a festa. O champagne e o fogo de artifício logo ao bater das dozes badaladas.
O champagne antecipou-se. Veio mais cedo para acompanhar o delicioso (D E L I C I O S O!) arroz de marisco, e também porque vivo sozinha com as gatas, e só há dois anos me iniciei na arte de abrir garrafas de champagne. Vá que eu esperava pela meia noite e depois não conseguia abrir a garrafa? Comecei portanto a abri-la às 21h., certa de que à meia noite estaria aberta.
Surprendi-me: foi rápido e sem estragos, só não sei para onde saltou a rolha. A gata Julie também ficou surpresa...

Fernando Girão, Jorge Palma, Sérgio Godinho, acompanham a minha noite solitária. Assim mesmo a quis, a noite. Gaja contraditória, eu sei que sou.

A todos vós, um excelente 2007, sem mais conversa, que já bebi dois copos, e o champagne bruto é bruto mesmo.

Donos da vida e da morte... :(

Saddam Hussein morreu.
Quem com ferros mata, com ferros morre, diz-se.
Não me sinto apta para discutir política. Qualquer garoto me vence nessa discussão.
Sei apenas que sou contra a pena de morte. CONTRA.
E que me sinto desconfortável com este fundo a que chegámos, em que andamos a discutir o direito a matar.
Desconfortável.

sexta-feira, dezembro 29, 2006

A espuma azeda dos dias

Diziam os sapientíssimos antigos e os antiquíssimos sapos que o mundo acabaria no ano 2000.
Estamos a entrar em 2007...
Como querem que esteja um mundo sete anos fora do prazo de validade?

(E ainda assim, podíamos fazê-lo mais doce. Este ano no Natal até bebi um vinho licoroso produzido a partir dumas uvas parcialmente atacadas por um fungo, e no rótulo da garrafa aprendi que também há uma "podridão nobre".
Verdade. In vino veritas.)

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Um amigo que muito estimo explica-me que um solteirão é um solteiro por opção.
Perfeito.
E agora pergunto: uma solteirona?
Solteira por opçona?

Da paixão, das paixões...


Imagem daqui, que a minha máquina fotográfica pifou...
Ontem falávamos de um Smart por que me apaixonei no dia de Natal. E inevitavelmente falámos da paixão. E inevitavelmente alguém disse que estar apaixonado é maravilhoso.
Eu discordo.
Eu discordo mesmo.
Eu discordo absolutamente!
Para mim a paixão não coisística, a paixão por alguém, é uma coisa avassaladora, um atentado à razão, um atentado à sanidade, eu diria. A paixão é exactamente o que ela significa, SOFRIMENTO.
Bah... dispenso. Prefiro ser lúcida.

terça-feira, dezembro 26, 2006

Livro aberto

Disse-me hoje alguém que me conhece há mais de trinta anos que este blogue nem era um blogue, era um livro aberto.
Gosto dele assim, confesso.
Gosto de me deixar conhecer.
Gosto de me censurar pouco, de deixar passar a tristeza e a alegria, coisas sérias e outras disparatadas, gosto de registar o que quero.

Inspiração numa tábua de queijos triangular

- Olha um triângulo.
- Equilátero. Com os lados todos iguais.
- Se tivesse só dois lados iguais seria...
- Isósceles, acho.
- E com três lados diferentes...
- OBSCENO... ??!!
- Obtusa estás tu. E obtusos são os ângulos!

Foi um Natal tranquilo


Com ternura, brincadeiras, trotinettes, passeios de Smart...
E música, e livros, e conversa, e chocolates...

domingo, dezembro 24, 2006

Feliz Natal!

O ordinarão do blogger não me deixa colocar aqui uma fotografia.
Ainda assim, cheia de espírito natalício, desejo-vos um óptimo Natal.

sábado, dezembro 23, 2006

oa oirártnoc sod sortuo

Nasce a manhã. E vou dormir.

É estranho e é giro quando o meu dia acaba no dia seguinte, e vou tomar o pequeno almoço antes de dormir, tudo quentinho e delicioso, na mesma pastelaria onde outros tomam o primeiro café do dia.
É gira a azáfama de quem começa e o meu sossego, e um pouco estranha aquela sensação de levitar que o muito cansaço me dá. Mas o cansaço é fixe quando a cama está à espera.

quarta-feira, dezembro 20, 2006

O dia frio lá fora.

Aqui dentro, quentinho. E embora sejam quase 4 da tarde, acabo de sair à rua: comi um folhado de carne quentinho, no café ali em baixo, e fui aos correios levantar uma encomenda.
E volto para casa, a desembrulhar e a ler. Não imaginas, minha querida amiga, como fiquei feliz! Claro que ainda não li as histórias, não tive tempo, e agora vou outra vez trabalhar até logo de madrugada. Mas este mimo valeu o meu dia inteiro!! E ao chegar a casa, o sol através da janela, o ambiente quente... Hoje ficava por aqui a ler esse livrinho e a apreciar as ilustrações. Mas tenho que ir.

Muito obrigada!!

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Overdose

Hoje é a minha última folga antes do Natal. Ainda não fiz quase nada que não fosse dormir, comer e tomar banho.
Sem culpas.
Ando completamente de rastos! Vocês talvez não façam ideia do que é o Natal, ou a época que o antecede, quando se trabalha num centro comercial.
As músicas de Natal começam um mês antes e enchem-nos os ouvidos e a paciência.
E depois a agitação de muitos clientes, e a incompreensão e a pressa.
E nós sem mãos a medir, sem pés a medir, sem ouvidos e atenção a medir. Sem medidas, portanto.
A mim o cansaço chega-me ao cérebro, e começo a dizer "recado" em vez de "comentário", "secretaria" em vez de "armazém", "boa noite" quando são 10 da manhã...

O que vale é o mútuo auxílio entre colegas, embora nem sempre sejamos simpáticas umas com as outras.

O que vale são os clientes que nos sorriem e nos dizem que não têm pressa.

O que vale é que no dia 24 às 19 horas fechamos a loja, enfio-me no carro e vou para casa, comer o bacalhau e aconchegar-me no colo das crianças.
!!

Acho que gostava de me conhecer...



Às vezes penso isso. É como aquela história antiga de estar à janela a ver-me passar na rua...

Hoje estive a ler umas coisas escritas por mim há muito tempo, e fizeram-me sentido.
(Se eu não convivesse comigo todos os dias, acho que ia gostar de me ter por amiga.)

sábado, dezembro 16, 2006

P.D.I.

O meu corpo lembra-me, em pontadas repentinas de dor (apontamentos), que já não tenho vinte anos e que não devia pesar 75 Kgs, distribuídos por pouco mais de metro e meio de gente. Tenho que cuidar dele. Do corpo.

sexta-feira, dezembro 15, 2006

A esperança

é uma coisa sem razões. Dizem que é verde. Mas talvez seja azul que é a cor do céu limpo e do mar tranquilo. Talvez seja branca como as nuvens mais bonitas. Talvez seja cor de rosa, aquele rosa meio dourado do entardecer...
A esperança é a minha razão de viver.
A criatura embirrante que vive dentro do meu cérebro diz-me que eu vivo porque nasci e ainda não morri, e é essa a razão suficiente. A criatura é parva além de embirrante. E tem a mania que é uma reencarnação de La Palice...
A esperança, repito, é a minha razão de viver. Mesmo no meio da noite mais escura há um sorriso para mim que vem em forma de estrela, ou de aconchego, ou de abraço, ou... e isso mantém-me desperta e tranquila.
Mas às vezes tenho medo, tanto medo, de estar enganada...

Medo de não ter razão para acreditar, medo que a esperança me desiluda, que a ilusão se apague e eu me desespere...

NIM

Concordo com os argumentos dos que defendem a despenalização do aborto, e concordo com os argumentos dos que defendem o contrário.
Se eu levar uma folha A4 ou mais com a minha opinião, para as urnas, no dia do referendo, e colocar uma cruz no sim e outra no não, serve?

Recado

a quantos não têm conseguido comentar no meu blog, por ele ser Beta-qualquer-coisa:
experimentem comentar não como blogger mas como other, colocando o nome que quiserem, e abaixo o url da vossa página.

Espero ter-me feito entender. Assim dá.

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Tal como o Luís




Já fui a Paris. Fui agora mesmo, nesta nova maravilha que é o Google Earth. Adoro!!!


..........................
E horas depois, a passear nas ruas de Nova Iorque, até vi os táxis amarelos! São táxis, não?
Chamei, mas nenhum deles parou... :(

De desconhecidos


O bem que me fazem os desconhecidos! Porque esta foto não é minha, e o texto que a seguir transcrevo também não. Mas a foto diz tudo o que eu quero, sem uma única palavra. E o texto, que veio hoje ao meu conhecimento através de alguém que o leu num blog e não me disse que blog era, fez-me sentido, directo à mente e ao coração. Como esta flor "nascendo" do gelo me faz sentido. Nunca mais quero esquecer, nem a flor nem o texto, então ficam aqui para eu lembrar. E para partilhar convosco.
Um obrigada aos autores.
Queres começar um dia com Cristo? Reza-Lhe quando acordares e, se vives com família ou amigos, não saias de casa sem lhes dizer o quanto gostas deles. Assim "do nada" (para eles). Se vives "só" com Deus, não percas a confiança, diz à tua vizinha ou vizinho que encontras à porta de casa um "bom-dia" a sério, com um sorriso verdadeiro, como quem lhe deseja mesmo um óptimo dia! Faz o mesmo nas aulas/trabalho, e deixa-te contagiar pelo Espírito Santo o resto do dia... vais ver que vale a pena no fim! Vai, cristão! Embora nem sempre dês por isso, Deus, quando acordas, também te diz ao ouvido "Gosto muito de ti!"

Um teste

que fiz algures na net revela que sou uma coruja.
Podia ser pior, acho eu.

(Racional, reflectida, arrisco pouco, blá blá. É capaz.)

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Das coisas melhores

A respiração tranquila de um bébé que dorme. Uma mãozinha pequena, quente. Adormecer mesmo ali ao lado.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Tomás

Desenho do Vasco: "um dinossauro"

Hoje ouvi a tua voz, dádádá, ao telefone.
Estavas tão alegre!
Meu amor, ainda nem tens dois anos. Entre tanta coisa que vais aprender nunca esqueças essa alegria. E se puderes, ensina-ma.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

À luz da lua

Há bocado... ploc... falhou a luz e a minha vida apagou-se. Salvo seja.
Apagou-se o computador, a luz do tecto, o aquecedor a óleo. À falta de inspiração e de paciência fui deitar-me. Claro que não tinha sono.

Não gosto, confesso que não gosto nada que me faltem estas comodidadezinhas pequenas.

Nasci na aldeia, e durante alguns anos da minha vida (julgo que quatro), a minha aldeia não tinha luz eléctrica. Nem frigoríficos, nem televisões... À noite acho que se acendia um candeeiro a petróleo e as noites também nunca eram muito longas porque nos deitávamos cedo e cedo erguíamos (dá saúde e faz crescer, sim, mas olhem que eu só tenho um metro e cinquenta e três, e agora que por minha conta e risco contrario as regras do bom crescimento, também não me sinto encolher...) Em suma, não me lembro. Não me traumatizou. Mas aos quatro anos habituei-me a acender a luz, a combater a noite, e a minha vida engrenou. Melhorou. Não tenho nenhum medo do escuro, mas tenho medo da natureza, das suas imensas forças que me ignoram, das trovoadas, das violentas intempéries, de tudo o que me faça ficar exposta e abandonada à minha sorte. Tenho medo dessas coisas mesmo quando são ainda apenas receios (pressentimentos) meus.

Gosto da luz acesa, mantenham a luz acesa.

Guarda-chuva

Hoje, em dia de chuva a potes, lembro-me duma observação que ouvi uma vez ao meu irmão mais novo: um guarda-chuva, para ser guarda-chuva, devia ser usado ao contrário. Porque assim como se usa não guarda chuva nenhuma, deixa-a caír toda.
Bem visto, acho eu. :)

terça-feira, dezembro 05, 2006

Muito cansaço,

muito trabalho. Nem sempre tenho muito para dizer que não se resuma a mais sobre o mesmo. Aguardo uma folgazinha para ficar em casa descansada. Parece que trabalho há mil anos sem folgas. Não é verdade, mas parece. Até porque sonho muito com o emprego, e tudo sonhos trágicos sem fundamento. Esta noite eram autocarros cheios de empregados despedidos, a caminho não sei de onde...
Lol
Para que seria o autocarro, senhores?

sábado, dezembro 02, 2006

Aprender a desprender-me


Quando éramos pequenos enchíamos os cadernos de palavras, as palavras que antes tínhamos errado. Ou palavras difíceis. Até aprender.
Hoje copio para um disco qualquer no meu cérebro ideias que me ajudem a acertar. E repito, repito.
E peço ajuda ao Deus que é Pai e Mãe de toda a criação, meu Pai e minha Mãe, Protecção, Aconchego, Coragem.
Peço-Lhe ajuda. Que me ensine a gravar no coração as coisas certas, as que me hão-de fazer mais feliz a cada dia. Desprender-me do que não tem importância, dormir tranquila, apegar-me ao que é bom.
Sabes, Ana Rute, hoje deste-me um presente. Poder olhar a tua escrita límpida. Já passeei por aqui e por ali, e uma ternura enorme foi o que invadiu o meu coração. Gostava de te poder agradecer pessoalmente, mas por não saber o teu endereço de email, digo-to aqui: OBRIGADA! Parabéns pelas tuas meninas lindas, e pelo teu coração limpo.

quarta-feira, novembro 29, 2006

Auto-conselho

Adoça antes o teu sorriso.
Dá brilho aos olhos.
Enterra o que está morto.

Manifesto anti-coisas


Eu não gosto de chorar sem saber porquê.
Eu não gosto de chorar em público.
Eu não gosto de me sentir frágil.
Não gosto de ficar a pensar no que é que as pessoas ficam a pensar.
Não gosto de pedir carinho como um faminto pede um pouco de pão.
Não gosto quando o mundo fica turbo,
quando sinto,
no meio de coisas boas,
que nada é suficientemente bom.

Eu não gosto de não gostar de mim.

Não gosto de ter raiva,
de bater o pé.
Não gosto de amuar.

Não gosto do sabor das minhas lágrimas.
(Vou passar a besuntar a cara com chocolate de cada vez que me sentir triste. Já houve quem comesse "macacos" com açucar, porque é que não hei-de beber lágrimas achocolatadas?)

terça-feira, novembro 28, 2006

Madrugada prazeirosa e caseirinha

Adormeço de cansaço ao fim da tarde, e agora (duas e meia da manhã) não tenho sono. Aposto que terei sono, mais logo, quando o despertador anunciar a hora de levantar. À falta de sono, levanto-me e vou cozinhar o almoço de amanhã. Um cano do lava-louça manifesta o seu descontentamento e enche-me a cozinha de água com detergente. Aproveito a onda (quase literalmente) e lavo a cozinha. Colo no meu cérebro um post it amarelo imaginário - parecido com o amarelo canário - "Lembra-te, mulher, que és pó, não uses o lava-louça que ainda te transformas em lama..."
Almoço feito, e sobejante, decido jantar. Às duas e tal da manhã, couve de bruxelas com peixe e arroz.
Acho que agora vou dormir...
Até amanhã, e "amanhã" é uma forma de dizer...

domingo, novembro 26, 2006

Acordei

com uma vontade enorme de estender o braço, agarrar no telefone e pedir que me trouxessem o pequeno almoço ao quarto. E eu, de robe, ainda ensonada, a abrir a porta do quarto para que o empregado, impecavelmente vestido, deixasse ficar o tabuleiro. Pequeno almoço com ovos mexidos, sumo natural de laranja, essas coisas...
Já vos disse que gostava muito de viver num hotel de luxo?

Não fazer a cama, não me preocupar com louça para lavar, almoço pronto e menu à escolha todos os dias... (Huuummm!!)

Pois, nasci para ser rica.

Não me insultem, ok? É apenas um sonho. E eu sou feliz com a minha vidinha modesta. Outras coisas me deixam infeliz, esta não.

E como fiquei toda a manhã à espera do room service, ainda não comi. Vou ver o que há no frigorífico...

sexta-feira, novembro 24, 2006

Chuva e vento.
Vento e chuva.
Vontade de não sair de casa, do meu quarto, da minha cama.
Mas já saí!

quinta-feira, novembro 23, 2006

Sapos

Ando um bocadinho malade do estômago.
Chego à conclusão que os sapos que tenho engolido ao longo da vida continuam a coachar cá no interior.
E decidi: nunca mais vou engolir sapos!
Agora vou mastigá-los bem.

segunda-feira, novembro 20, 2006

A vida vai acontecer


quer eu me levante, quer não!
E vai daí, será melhor levantar-me, e colher o que a vida me oferece. Antes que todos os frutos se percam.
Força aí!

Sinto

que me tenho queixado demais, é certo. No blog e fora dele. Mas preocupante para mim não é isso. O blog é meu, quem não quiser não lê, quem se impacientar pode ir andando.
Je me suis dans les encres. Ou nem tanto. O que me preocupa é o que isto revela sobre mim. Uma certa velhice que está querendo instalar-se num canto qualquer do meu coração jovem.

PORRA, QUERO SER FELIZ!!!
Aceito sugestões, mas dispenso críticas.

domingo, novembro 19, 2006


Queria ir deitar-me calma, dormir em paz, conduzir-me para sonhos bonitos de que ando (tão) necessitada.
E nada mo impede.
Excepto esta tensão que me curva os ombros e as costas, a recorrente sensação - que deve ter nascido comigo - de que tudo está completo e nada me completa.
(Recorrente - disse eu -. Mas não permanente. Um dia destes, não sei quando, tudo fará sentido outra vez...)

Não?

A minha gata mais pequena - descobri-o hoje - tem medo da sua própria imagem no espelho. Estranha-se. Desconhece-se. Sendo que o espelho pode ser muita coisa, ocorre-me perguntar se não se passa, às vezes, o mesmo connosco...

Labaredas de água

À noite, ao chegar do trabalho, fui para a rua fotografar coisas que todos os dias ali estão. O vento nas ventas fez-me bem!!! :)

sábado, novembro 18, 2006

...


Apetecia-me ser leve. Flutuar. Deixar-me levar por um sopro. Viver planando de asas abertas por cima da minha vida, atenta mas leve...

quinta-feira, novembro 16, 2006

As minhas manias.

Desafiou-me a Xuinha a contar quais são. Nem sei se devia, mas conto...

Primeiro, diz que é para dizer qual é o regulamento.
Regulamento. Dois pontos. :) :
Cada bloguista terá que enumerar cinco manias suas, o mais estranhas possível, e passar a pasta a outros cinco bloguistas, avisando-os nos seus respectivos blogues.
Quem tiver as manias mais incomuns ganha uma estadia no hospital psiquiátrico mais próximo. Concurso autorizado pelo Governo Civil de Lisboa.

(Ó pá, não tenho paciência para copiar regulamentos. Vão lá ler, faz favor, em http://xuinha.blogspot.com, no texto intitulado Manias.)

E aqui ficam os meus mais bizarros hábitos:

  1. Depois de estacionar o meu velho pópó, ando à volta dele 3550 vezes, para verificar se está fechado, travado, luzes apagadas, etc. Até já me aconteceu, num parque, às duas da manhã, fazer a polícia desconfiar que eu me preparava para roubar o meu próprio carro.
  2. Durmo sempre (especialmente no inverno) completamente tapada. Não suporto um fiozinho de ar que seja a tocar um milímetro quadrado da minha pele.
  3. Quando me sinto contente, corro, pulo e canto (em voz mais ou menos baixa) no meio da rua.
  4. Falo muito sozinha, especialmente depois de ter deixado por dizer coisas que queria ter dito. Digo tudo o que me vai na alma, sempre. O interlocutor é que pode já não estar presente.
  5. Olho muito para o chão. Quase sempre. Na esperança de encontrar dinheiro, talvez.

Passo o T.P.C. à Deep, ao Tsiwari, às minhas amigas Tikka e Limonada e ao Deprofundis. Porque sim. Porque me lembrei deles. E não é bom?

quarta-feira, novembro 15, 2006

Quase nada

A quem ocorreria escrever um texto sobre quase nada, as minhas pequenas rotinas em que decorre quase tudo?...
A mim, ocorreu-me.
Porque este é um espaço de diálogo convosco, e se fico calada muito tempo, sinto a falta das minhas e das vossas palavras.
Como se aqui, nesta pequena janela, e a horas incertas nos encontrássemos. Se no final do dia me falha o encontro, o texto, o comentário, fico um pouco menos completa.

Saio do banho e encontro as gatas à minha espera. Estiveram a ouvir o som da água a correr, que adoram, embora não queiram nada com água que lhes toque o pêlo. A Julie está encavalitada na porta da casa de banho, a Nuvem enrodilhada no balde da esfregona (o balde está seco, claro...) Tão diferentes, as minhas gatinhas! (Jamais imaginaria a Nuvem a equilibrar-se em cima da porta da casa de banho... nem ela se imaginaria, suponho.)

Hoje, vontade e necessidade de ir trabalhar inversamente proporcionais...
Tenho tido as minhas noites povoadas de sonhos mais complicados que a minha vida, e ela, a vida, não é sempre fácil. (Mas é fixe!) De noite há acidentes, discórdias, e sei lá que mais que felizmente esqueço assim que o estado de vigília se me impõe. Ó Freud, please, anda cá ver isto do meu id, que há dentro de mim mundos que quero submersos. Ou não venhas, telefona, que te dará menos trabalho, se lá no assento etéreo onde subiste se consentem telemóveis e o roaming não é incomportavelmente caro.

Vou-me.

terça-feira, novembro 14, 2006

Desconforto

Quase uma da manhã. Prestes a deitar-me, decido-me a ir espreitar o correio. Vizinho no elevador. Extraordinariamente bêbedo. O vizinho, claro.
Peço-lhe que se vá deitar, que não saia.
Percebo nele uma angústia qualquer, para além (ou atrás) da bebedeira. Pressinto e percebo-o num telefonema que me pede para fazer, do telefone cá de casa. "Eu pago-lhe tudo", diz.
"Tudo bem", tranquilizo-o.
Pede-me para aceder à internet. Digo-lhe que sim. E quando fica claro que não consegue sequer escrever o endereço de uma página, peço-lhe gentilmente que saia, que vá para casa (ao lado), que me deixe sozinha, por favor, que quero descansar. Ele sai. Ouço ainda o elevador, e as portas, e as portas, e o elevador. Nunca o vi assim, antes.

Não é um desconhecido. É o vizinho. Sempre solícito, sempre educado.
Deixou-me de recordação uma beata de um cigarro, que não fumou, trincou (literalmente). E deixou-me este desconforto. Preocupação. Porque tão próximos da vida dos outros, estamos tão longe.
Estamos tão sozinhos.
Se ele me tivesse pedido atenção, ajuda, antes de se embebedar, não apenas depois?
Eu teria achado estranho, incomum, mas não lha teria recusado.
E como podia ele saber?
E quando eu me sinto só?! Tão perto que os outros estão, e contudo tão longe de mim!
Mas não, eu não costumo embebedar-me.
Há muito que aprendi que isso só agiganta os meus problemas...

segunda-feira, novembro 13, 2006

Ontem foi assim



A Célia veio ver-me. Levámos umas sandes e fomos espreitar o mar.

Ontem não havia tantas gaivotas.

Ontem conversámos muito, rimos muito, chorei um bocado.

Gosto tanto dela, da minha amiga.

Vamos beber champagne juntas e velhinhas, tremelicantes, quando eu fizer noventa anos. Está prometido.

Tão amiga ela, e há tanto tempo, que é como se fosse família. Da melhor família. Do melhor da família.

Mas ontem recuei a tempos tão longe... e as mágoas desses tempos doeram mais à noite, quando fiquei sozinha em casa.

O sono, entretanto, ajudou-me.

Fascinação


Estamos assim. Fascinadas.
A gata Nuvem com a água corrente, e eu com o computador novo, recém-chegado aqui a casa. E feliz por poder de novo partilhar as MINHAS fotografias, claro!!!

Outra utilidade

para o homem muito brasa:

transportar as garrafas de gás cá para casa.
:)

domingo, novembro 12, 2006

Acção de graças

Por sugestão de uma amiga, li uns livros sobre pensamento positivo, relaxamento, meditação, coisas dessas...

Eu até gostei, só que para mim não faz sentido dar graças ao Universo, ou estar em sintonia com o Cosmos.

Deus, o meu Deus de menina, O que desde menina me acompanha... é Deus.
A Ele agradeço. É no Seu coração que quero estar. Ou trazê-Lo no meu coração.
Qualquer coisa. A mesma coisa.

Não há cá Cosmos ou Universo...

(Haver Universo, há, eu sei... :) Mas o Universo é impessoal. E eu não sei explicar isto melhor... ficamos assim.)

quinta-feira, novembro 09, 2006

Uma história recém-nascida

no outro blog.

E eu gosto dela. Ide e lêde. :))

Pois é!



O meu computador meteu água. Está velhinho e cansado, e como todos os velhinhos, exige paciência. Desobedece-me, fecha-me as janelas de conversação no messenger, apaga-me as letras em comentários nos outros blogs... o que resulta em que não posso comentar quase nada... desliga-se, dá-lhe a solipampa, enfim. Aguento-lhe as birras só mais uns dias, que já consegui um substituto novinho em folha!!!

Estou feliz como uma criança com um brinquedo novo!

Eu sou uma criança e vou ter (dentro de dias) um brinquedo novo.

Dadas (oferecidas, mesmo!, completamente grátis, de borla!) as manias novas do meu computador velho, não consegui comentar o lindíssimo conto que escreveu aos 19 anos a minha amiga Maria ... Deixo aqui comentadíssimo que achei o conto lindo, lindo mesmo! E um pouco triste, ou será excessiva sensibilidade minha. Anda à flor da pele, a estúpida sensibilidade.

Serve este post também para pedir desculpa a quantos têm tentado falar comigo no messenger e me têm visto não responder. Agora resolvi desligar o messenger, porque ele não funciona mesmo, e eneeeeerva-me!! Só por uns dias, já disse.

Beijinhos, abraços e palhaços, para amainar as noites e acalmar cansaços.

Ah! A imagem em cima foi extraída daqui.

terça-feira, novembro 07, 2006

Outra conversa parva

Estávamos a conversar, eu e uma colega de trabalho, acerca das reformas, e da hipótese de não as haver quando nós formos pensionistas. Ou, neste caso, despensionistas. Passei-me da imaginação:
- Ah! Eu vou fazer uma greve de fome para a frente da assembleia da república, afirmo que não como porque não tenho o que comer, porque a Segurança Social faliu. O presidente da república há-de ir todos os dias levar-me um pratinho de sopa, e eu não serei mais grevista, mas A Mendiga do Estado. Vou aparecer nas televisões todas, e depois tu hás-de dizer aos teus netos, de peito inchado, "Eu trabalhei com a Mendiga do Estado!"


(E é assim que eu penso ser famosa um dia!)

domingo, novembro 05, 2006

Conversa dir-se-ia que impossível

F - Tu não acreditas na reencarnação, não é?
M - Eu não. Andar sempre a nascer e a morrer cansa muito...
F - Mas, por exemplo, que é que farias se descobrisses que noutra vida tinhas sido Hitler?
M - Credo, matava-me. Não, melhor não, como Hitler, afinal, já tinha morrido...
Z para F - E tu, o que farias? Guardavas segredo, não era?

O mundo virtual,

por ser tão real como o real, traz-me também discórdias e desilusões. Assim como alegrias e amizades. Sendo que as desilusões são inevitáveis, a net tem a enorme vantagem de podermos nunca mais (!?) ver quem não desejarmos ver.

terça-feira, outubro 31, 2006

Tttttttttttttttttttttt
rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr
iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
sssssssssssssssssssssssssssss
ttttttttttttttttttttttttttttttttt
eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee.

E não vou dizer que não sei porquê, mas a explicação seria longa e inútil.
Precisam-se pensos coloridos para a alma
e um balão de hidrogénio para a auto-estima.

domingo, outubro 29, 2006

A tirania da beleza

Houve uma vez alguém que na net me achou muito interessante, e que todos os dias me dizia que eu era linda e interessante, e até chegou uma vez a dizer que tinha receio de se apaixonar por mim. LOL LOL LOL. E cansava-se essa criatura de me pedir uma foto minha. E quando lhe mostrei uma, deixei de ser interessante, deixámos de ter longas conversas, deixei de existir no intermundo dele.
E eu aprendi a desprezá-lo. E garanto que sou normal. Mulher baixa e gorda, quarenta anos, normal. Dois braços, duas pernas, e tudo aquilo que a anatomia dita, tudo aquilo a que tive direito. E se me faltasse alguma coisa, algum membro, algum órgão, eu ainda podia ser bonita.
Pessoas feias só conheço as que têm a cabeça cheia de preconceitos, que ferem e mentem de propósito.
TENHO ESCRITO.

Ainda a felicidade

Disse-o aqui há dias: tenho um vazio em mim. Sou incompleta. E só por isso não sou feliz. O que - resssalve-se - não é tragédia nenhuma.
Houve quem pensasse que essa incompletude se devia ao facto de viver sozinha, de não ter o amor de um homem. (Não digo "ou de uma mulher", porque não sinto a mínima apetência para a homossexualidade....) Mas não. Não tem nada a ver. Uma vez deixei-me embarcar num pseudo-amor, mas pseudo eu só soube no fim, e lembro-me de sentir coisas que não me eram e não me são normais. Como se, pelo facto de ser sozinha, eu adormecesse uma parte do meu coração, a vontade de tocar, de abraçar, de ser muito muito muito protegida... etc. Mas quando tudo terminou fui voltando a mim, e incompleta tanto o sou sozinha como acompanhada.
E quem foi que disse que desapossados é que estamos livres para caminhar? Disse muito bem, acho eu.
A solidão é inevitável, mas eu vejo-a em quem está só e em quem está acompanhado.
E não há nada que pague a liberdade de fazer o que quero, fora das horas de trabalho, claro!
Diz a minha mãe que sempre fui a mais desapegada e independente dos filhos. Não tinha saudades de casa, estava sempre deserta para ir para o laréu, para a casa dos outros, para a escola, para a rua.
Sou um pouco claustrofóbica, e muitíssimo vagamunda. Eu e eu eu e eu! Individualista q.b. Mas não egoísta, não mais do que o comum.

sexta-feira, outubro 27, 2006

Sonhos...

Tenho-os tido dos mais estúpidos. Quase todos envolvem o meu trabalho.
Hoje acordei cedo e soube que estava de folga. Pensei "vou levantar-me, andar um bocadinho, fazer qualquer coisa útil desta vida, esquecer este cansaço." E nisto, adormeci. Caminhei muito, apanhei ar nas ventas, senti-me contente. E quando acordei de novo, deitada na minha cama, quase uma da tarde, fiquei triste por constatar que só a sonhar não se faz o que se pretende.

Sabes, mãe...

Eu nunca te tratei por tu, mas aqui vou tratar.
Não lês isto, portanto não te incomoda.
Eu tenho uma fotografia tua, pequenina, aqui na mesa ao pé do computador. Numa moldura que me deu a Cristina, e que tinha um anjo sentado na parte de cima, um anjo prateado, mas as gatas embirram com anjos, vá-se lá saber porquê, já são não sei quantos que vão à vida. Não faço mais colecção de anjos, está decidido.
Mas tu, mãe, tu és um anjo de costas vergadas e pernas arqueadas pela osteoporose e pela vida. Nunca to vou dizer, mas não sei se sabes o quanto gosto de ti. Acho que também nunca mo disseste, mas eu sei que me amas.

A sério

É um cansaço sem justificação, um cansaço com que me deito e acordo, parece que o corpo me pesa toneladas e cada gesto é um esforço.

Acho que tenho que ir ao médico...

quinta-feira, outubro 26, 2006

Aula de step



Imagem retirada daqui.

Aula de step aqui no prédio é todos os dias com a minha instrutora gata Julie. Sobe e desce escadas, e corre e espera e pára. E lá vou eu, exercitando estes músculos perros. Absolutamente grátis. Um miminho só pra a dona!

Querida "netinha"


Através dela, da inter netinha, fiquei a saber que a mosca tsé tsé tem dois acentos. Registo aqui, em vez de corrigir no post de baixo, para prestar um pequeno tributo à minha ignorância. Afinal que tem a minha ignorância a menos que a de Sócrates, que ele ficou famoso e eu continuo no colectivo e alegre anonimato? Também só sei que quase não sei nada.

Aqui está a mosca. Não, não a fotografei quando me mordeu, nem quando voltou a reclamar para que escrevesse devidamente o seu nome. Procurei a imagem na net, e perdi o link. Um pouco repelente, o insectozinho, não acham?
(Parece que os efeitos da mordedura da bicha são mesmo fatais. Perdoe-se-me, portanto, a brincadeira parva.)

Cansaço

Cansaço horizontal, que adormece e acorda comigo, e me
p
u
x
a

p
a
r
a




baixo. Vai passar quando?

Matem a mosca tse tse, por favor!

quarta-feira, outubro 25, 2006

Não me agrada

Não me agrada, não me agrada mesmo sentir que magoei os outros ou que fui injusta. Tratando-se mesmo daquelas injustiças que todos cometemos de vez em quando, quando damos voz a coisas que pensamos e o que pensamos não é justo.
Sou capaz de adormecer e acordar com o mesmo nó no coração, por coisas pequenas, muitas pequenas, e não descansar enquanto não tiver a certeza de ter sido perdoada.
Será "normal"?

Coisas que me baralham

um blog que conheço há muito tempo, de que nunca gostei, que sempre me inquietou. E que sempre visitei. Trata-se assim duma espécie de morte anunciada. O seu autor (ou autora) escolheu o dia 1 de Novembro para se suicidar, e o blog conta as suas (des)razões de viver ou morrer, desde essa decisão. Um ano de blog. Confesso que não sei o que acho. De mau gosto, sem dúvida, seja brincadeira ou não. Um blog cruel até, direi eu, para espíritos mais frágeis. E o tempo está a terminar.
Eu nunca tinha visto um suicídio anunciado com aquela lucidez (?) e aquela antecedência.
Confesso que não sei o que pensar. E se é para ajudar, também não sei.
Se alguém souber, faça favor...

segunda-feira, outubro 23, 2006

Sou feliz?

Que raio de pergunta! Mas é a pergunta do dia, depois dumas leituras por aí.
Uma vez, há muitos anos, uma grande amiga minha que continua a sê-lo, disse-me:
- Sabes, às vezes penso que não sou feliz. Mas também penso que nunca o fui, e isso tranquiliza-me.
Percebi perfeitamente. Vivemos bem sem a felicidade, desde que não sejamos infelizes.
Mas isso também depende dos conceitos. Eu sei que tenho tudo o que preciso e talvez mais. Tenho liberdade, dinheiro, família, amigos, capacidade de discernimento, trabalho, sensibilidade. Quase todos os dias encontro motivos para rir, muitas vezes encontro motivos para chorar... :) E chorar também faz parte, ajuda-nos a lavar a alma, ajuda-nos a manter-mo-nos despertos, limpos e jovens. Que mais quero?
Mais nada, acho eu. Mais nada que eu consiga definir.
Mas tenho um vazio em mim.
Sou incompleta.
Só por isso não sou capaz de dizer que sou feliz.

domingo, outubro 22, 2006

Vou fazer exactamente o que me apetece.

Deitar-me.
Aquecedor ligado, as gatas por ali...
Eu a ruminar ideias, a ler qualquer coisa, ou a não fazer nenhum. O tempo que me apetecer. Porque mereço, e já trabalhei hoje.

Daí, de longe, embalem os meus sonhos, que eu hoje quero ser uma menina pequenina. Durante umas horas.

Umas horas depois...
A minha ideia não era dormir. Mas apenas consegui reler um livrinho maravilhoso, pequenino, lê-se em poucos minutos, mas a sua mensagem é muito importante. (O Pássaro da Alma, de Michal Snunit, editora Vega)
Depois apaguei a luz para descansar os olhos. Fechei-os. Acordei 3 horas depois. E agora segue-se uma canjinha, um banho, e uma noite de sono. ;)
Quem muito dorme, pouco aprende!

sexta-feira, outubro 20, 2006

Assim...

Passeio pela praia, ao final da manhã. Ninguém. Só eu, o mar, a espuma branca, a água fria. Descalça na areia.
A fronteira: areia molhada, fria - areia quente, suave, onde os pés se enterram. Apenas uns 20 minutos de passeio. Tão bons!... Apanhei duas conchas perfeitinhas, que trouxe para as gatas, de presente. Não parecem ter apreciado muito... Gosto da praia só minha, ou quase. Gosto dos outros tons do mar. Não só o azul. O cinza, aquele enovelar em muita espuma branca. E o vento que empurra flocos de espuma na direcção dos meus pés.
E um café, olhando ainda o mar. Um café extremamente comum, em chávena comum. Noventa cêntimos. E não, parece que não era engano!

quinta-feira, outubro 19, 2006

Lá fora chove

...e eu estou profundamente cansada, depois das emoções de hoje. As gatas dormem na minha cama. A Julie enrolada sobre si própria, vê-se que repousa da inesperada aventura. Fiquei a pensar se, como nós, também os gatos assumem a posição fetal, quando necessitam de conforto extra. Pûs-lhe a mão sobre o pêlo e fiquei a senti-la respirar, agradecendo o pequenino (?) milagre de a ter aqui. E vim à net saber mais sobre gatos. Querem saber?

História duma gata tresmalhada e da sua dona desesperada

Pois é, a minha gata Julie não estava fechada em casa do vizinho, como eu julgava. Tinha caído dum terceiro andar, estilhaçando o vidro duma carrinha. (O que eu vou ter que pagar, claro!)
Desesperei-me, chorei, imaginei-a morta, ou muito ferida...
Alguém me deu a ideia de ir lá abaixo à garagem onde estava a carrinha magoada, ver o modelo e marca, para ter uma ideia de quanto custaria o vidro, para não tentarem enganar-me. Foi o que fiz. Mal a minha gata me sentiu lá, e sozinha, miou. Chamei: JUlIE!!!! Miou de novo e saiu de baixo da carrinha, intacta, embora suja e nitidamente assustada. O meu coração rejubilou!!!
Caramba, gosto tanto das minhas "meninas", que acho que nem sei o quanto gosto delas!!!

O apego aos animais, aos nossos.

Hoje zanguei-me com a gata Julie, porque desde que tentei habituá-la a uma "areia" de que ela não gostou (sílica, acho que é isso) ela descobriu que um cobertor no chão, ou num cantinho aconchegado, era igualmente um bom sítio para se fazer xixi. Já lhe mudei a areia, e em princípio, o problema estaria resolvido, mas agora faz na areia, e de vez em quando também noutros sítios. Hoje bati-lhe. Ficou sentida, e mal abri um bocadinho a porta que dá para a varanda, escapou-se. Nunca mais a vi. Chamei-a, chamei-a... NADA. Espreitei para a varanda do vizinho. Um vaso com terra entornada, fez-se suspeitar que ela por ali tivesse andado. Mas não está lá. E a casa do vizinho está fechada. O vizinho vive sozinho e passa muitos dias fora, alguns meses no estrangeiro, inclusivamente. Já lhe toquei à campainha. Já fui à vizinha de cima pedir um contacto. "Quando a minha mãe vier", disse ela. "Ela tem".
Dói-me a cabeça.
Estou à espera.
Estou com saudades da minha gata grande. E preocupada.

Auto-publicidade

Histórias saídas do mais pequenino do mundo da minha imaginação, na Caixinha de Música. Passem por lá e comentem, sugiram, critiquem. Neste caso é-me importante o feed-back.
Obrigada.

As prometidas cenas do próximo episódio

Compûs o meu melhor ar de mecânica e lá fui eu. Macaco, pneu sobressalente, chaves, concentração. Depois de uns minutos sozinha a tentar entender a coisa, lá me aparece um rapazinho jeitoso e simpático:
- Precisa de ajuda, dona?
- Agradecia muito, porque realmente não estou a atinar com isto...
E ele fez tudo sozinho, com o meu apoio moral e a minha gratidão ali ao lado.
Mas quem é que disse que não há cavalheiros nos dias que correm?!

quarta-feira, outubro 18, 2006

Desafio

Amanhã aguarda-me uma tarefa quase hercúlea: mudar um pneu do carro.
Não perca cenas do próximo episódio:
- Vou ser capaz?
- Peço ajuda?
- Telefono à Marta da Ok Tele Seguro?

(Não faça nada. Vou já enviar-lhe um técnico para mudar o pneu!)

terça-feira, outubro 17, 2006

Diálogo semi-inventado com a gata Nuvem

- Que é isto de roubares as minhas sandes?
- Miau!!!
- Eu por acaso roubo a tua ração?!
- E tu por acaso já pensaste a seca que é comer sempre a mesma coisa, ao pequeno almoço, ao almoço, ao jantar?
- Hum... Gata Nuvem, já reparaste que estás a ficar gorda?
- E se olhasses por ti abaixo? Hum?

domingo, outubro 15, 2006

A dormir

Mais ou menos como dizia Miguel Torga, estou neutra, morna, a dormir, com a carne acordada.
E além do mais dói-me a garganta.

Volto já. Volte também.

sexta-feira, outubro 13, 2006

Incha, desincha e passa

Ou "A Lógica particular de quando eu estou chateada".
Coisas que habitualmente não têm qualquer importância, não são ofensivas, não me magoam, assumem outros contornos quando eu estou aborrecida ou sensível.
Sou labiríntica*, nessas alturas. Pareceria que tenho prazer em ficar mais triste (recuso-me a acreditar nisso!). Ou então é uma espécie de catarse, porque me faço chorar, e depois de chorar bebo muita água, e quanto mais choro mais mijo, ao contrário do que me dizia o meu pai, e enfim, libertados os líquidos de várias formas, fico melhor.


*É mais ou menos como naquela anedota:
- Tu és um tipo fixe!
(Que quis ele dizer com aquilo? Fish é peixe... o peixe anda no mar... o mar é grande... a serra é grande... e tem neve... a neve é branca... branco é o leite... o leite vem da vaca... a vaca tem cornos... #$$###???!!!)

quinta-feira, outubro 12, 2006

Uma casa portuguesa

Duas gatas portuguesas, com certeza!
E meio tresloucadas, parece-me.
Duas da manhã.
Faço um esforço e estendo a roupa molhada no estendal, na sala. Um esforço para não me ir deitar sem estender a roupa. "Amanhã vou agradecer-me", penso. Vou à cozinha e, quando volto, suas excelências D. Julie e D. Nuvem estão instaladas em cima da roupa molhada, em cima do estendal.
- Sois parvas ou quê?
Vem-me à memória uma coisa que me disseram ultimamente, que os animais tendem a parecer-se com os donos. É mentira. Os meus óculos estão roídos nas hastes (fica atrás das orelhas, não se vê), D. Nuvem rói os meus óculos enquanto eu durmo, e eu nunca roeria os óculos das gatas, se elas precisassem de os usar.
Alicio-as para o quarto, fecho-lhe a porta, vou pôr o estendal na varanda. Cai o estendal e a roupa molhada, na varanda não muito limpa... Ai!! Mas é noite, amanhã se verão os resultados...
É uma dona de casa sui generis, mas portuguesa, com certeza.

terça-feira, outubro 10, 2006

A minha gatinha Nuvem

vem estender-se perto de mim, quase em cima do teclado do computador. Agarro-a e ronrona nos meus braços, felpudinha, mimenta... Fico a olhá-la e a pensar que amanhã provavelmente me aguardam preocupações e tristezas, mas isso é amanhã.
E quem as não tem, muito mais até do que as famosas cartas de amor?...

O Quitério

O Quitério é o meu braço direito.

E perguntam vocês:
- Quem é o Quitério?

Já disse. É o meu braço direito.
Ao esquerdo não dei nome.

Será inviável?

Eu queria uma casa com auto-limpeza.
Com um botãozinho junto à porta de saída. Antes de ir trabalhar, carregava no botãozinho e a casa ficava a limpar-se.

Pensem nisto, senhores engenheiros...

quinta-feira, outubro 05, 2006

Aceito o "réptil"

Esta do "réptil", li pela primeira vez no blog da Rosa e gostei muito.
O Deprofundis lançou-me um réptil, num comentário ao post anterior. Aceito. Aqui vai então a história da estrela que tinha uma vaquinha na testa:

Era aparentemente uma estrela comum. Quando nasceu, a estrela enfermeira parteira virou-a de todos os lados para se assegurar de que era perfeitinha, sem maleitas, sem pontas bicudas nem arestas. Colocou-a depois sobre o peito da Estrela-Mãe para que a amamentasse, acariciasse e lhe ensinasse a vontade de brilhar. Cresceu feliz no meio das suas amigas estrelinhas, num espaço magnífico de céu limpinho, azul claro - azul escuro, consoante a hora e a latitude donde se visse.
O problema foi quando um dia, nos seus passeios, a estrela menina desceu demais e viu o mar. Achou-o lindo! E uma onda que se julgava superior às outras subiu uns metros acima do que lhe tinha mandado o vento, que é o vento que manda nas ondas. E a onda altiva segredou ao ouvido da estrelinha, que havia estrelas do mar.
- E agora vai-te embora, que o vento está a ralhar comigo - disse-lhe ela. E desceu.
A estrela menina voltou para o céu, mas nunca mais descansou. Dormiu mal naquela noite, e dormiu mal todas as noites a seguir. Não lhe apetecia brincar com as amigas. Não tinha vontade de brilhar. Os pais chamaram o médico, e o médico fechou-se num pedacinho de céu forrado de nuvens, a conversar com a estrela pequena. E percebeu que eram as saudades do mar que a deixavam triste. Carregou-a ao colo nos seus braços brilhantes (o médico era uma estrela, claro!), deu-lhe um xarope especial feito de beijos e abraços, e foi deitá-la para que dormisse e descansasse. Depois aconselhou os pais a deixarem-na ir viver no mar. Ser uma estrela do mar. Os pais não queriam muito, porque gostavam muito da sua menina e preferiam tê-la por perto, mas percebendo que ela só seria feliz se fizesse o que o seu coração queria, deixaram-na ir.
Ela saiu do céu numa manhã de muito nevoeiro, e pelo caminho, perdeu-se. Além disso ainda não tinha aprendido as cores. Viu um grande campo verde, ao longe, e dirigiu-se para lá a correr a toda a velocidade, pensando "É o mar!". Porque ela viu verde e pensou que era azul. E como ia a toda a velocidade não teve tempo de parar quando lhe apareceu pela frente uma linda vaquinha. Era uma vaquinha pequena, andava a pastar no campo. E a estrela, mesmo sendo ainda criança, era grande. As estrelas são muito grandes, mas a nós parecem-nos pequeninas só porque o céu onde vivem é muito longe. A estrela que era muito grande bateu na vaquinha, e a vaquinha ficou colada na testa da estrela.
E então, para não molhar a vaquinha, ela já não quis ir para o mar.
Voltou para o céu, contente com aquela companhia que trazia na testa. E brilhava muito. E quando chegou ao céu todos ficaram muito contentes, as estrelas todas, e aquela vaquinha, que passou a morar no céu, na testa da estrela menina.
E nenhuma estrela se admira, quando no céu se ouve: muuuu!!!!!

quarta-feira, outubro 04, 2006

A vaquinha que tinha uma estrela na testa

viveu toda a minha infância no curral das vacas que havia junto à casa da minha avó. Chamava-se Estrelinha. Ao que parece, só eu a conheci. Quando falei dela lá em casa, ninguém se lembrava. Nem os meus irmãos, nem os meus pais, ninguém! E agora também já não me lembro. Não sei se era castanha se era preta, só sei que tinha uma estrela branca na testa, e que a mimávamos muito. Devia tê-la guardado para mim. Compartilhei-a com o mundo, e como era feita de imaginação, esfumou-se. E eu que achava mesmo que ela tinha existido!
Ainda hoje, quando conto aos meus irmãos qualquer coisa que eu tenha por verdadeira, mas que lhes pareça imaginada, eles me dizem:
- Sim, isso deve ser como a história da vaquinha que tinha uma estrela na testa!...

terça-feira, outubro 03, 2006

Asas

Dizia-me hoje uma amiga que eu tenho uma multidão de gente que me quer bem e me estende a sua asa protectora. E é verdade. Tenho. E gosto. Tanto!...
Fiquei a pensar que talvez a minha vocação não seja mesmo ser mãe.
Talvez a minha vocação seja ser filha.
Ser protegida, ser acolhida, ser amada.
Alguém sempre velando o meu sono, e olhando, pela janela, os meus passos. Torcendo por mim.
Mas sei lá se isto é verdade!
Eu gostava tanto de ser mãe!
Enfim, não calhou... talvez venha a ser avó! LOL

"Eles andem aí"

São lobos disfarçados de cordeiros. Esperam que lhes façamos uma festa e depois mordem-nos.
Acontece, sim.
Acontece na net, mas acontece também no nosso mundo visível e palpável do dia a dia.
Manda o bom senso que sejamos prudentes.
Mas manda também que não sejamos excessivamente desconfiados.
E, das duas uma:
Ou eu sou burra
ou o equilíbrio é difícil.

sábado, setembro 30, 2006

PROFESSOR BLY

Enervam-me o mais possível os papelinhos que me deixam no limpa-pára-brisas do carro. Especialmente estes, os dos srs realizadores de desejos e afastadores de maleitas.
Mas a este, confesso, achei alguma graça. Reza assim:
PROFESSOR BLY
Grande e célebre médium e vidente Africano
Nada acontece por acaso. Há sempre um motivo. Consigo felicidade total, casos difíceis e delicados, inexplicáveis. Faz voltar amigos, sentimentos, reconciliações e união familiar, impotência sexual, infertilidade da mulher e do homem e qualquer doença do espírito e do corpo, negócios financeiros, atracção da clientela, sorte no jogo. Protecção contra invejas e mau olhado, droga álcool, justiça contra todos os perigos e para a sua tranquilidade. Pagamento após resultado.
Ora vejamos: o homem consegue felicidade total. Ainda bem para ele. Casos inexplicáveis e difíceis também eu consigo, sem nada fazer por isso. O homem faz voltar coisas boas, mas também faz voltar a impotência sexual, a infertilidade e qualquer doença do espírito e do corpo. Quem é que que o deseja? Quem estará disposto a pagar para isso?
Só mais uma pergunta: Sendo vidente, a criatura não vê que o texto está mal escrito?
E ainda outra: com um professor assim, como não andará de rastos o ensino em Portugal?
Ó sra ministra da educação, ponha mão nisto!!

quinta-feira, setembro 28, 2006

Arejar um pouco a conversa

Sim, que o post anterior já começa a cheirar mal (literalmente).
Hoje não estou nos meus dias, foi dia de formação, estou cansada e ainda por cima com dor de barriga, mas amanhã penso estar melhor. E espero.
O que vinha aqui contar, só visto é que tem graça: a minha gatinha pequena (de nome Nuvem) a tentar apanhar com a pata a água que corria na torneira do lavatório. Que se passará nas cabecinhas pensantes daqueles animais ditos irracionais?

quarta-feira, setembro 27, 2006

Muito me contam!

Li agora na Wikipédia que "o queijo e o vómito possuem o mesmo odor em comum. O ácido butírico é o composto que dá um cheiro azedo característico a ambos."
Bom, pergunto eu, qual dos dois terá maior concentração de ácido butírico?
E se é certo que um queijo pode "tornar-se vómito" (isto é, vomitar-se), penso que dificilmente dum vómito se pode fazer um queijo.

LOL

Não estão a sentir-se assim um pouco indispostos?
É do ácido butírico...

terça-feira, setembro 26, 2006

Mimenina

Lembro-me de ir com o meu irmão mais velho, noite escura, comprar leite a uma vizinha que tinha uma vaca.
Lembro-me de não ter medo nenhum do escuro, e de ser apontada como exemplo ao meu irmão.
Em contrapartida, tinha um medo terrível das trovoadas. Escondia-me debaixo da cama e ninguém me arrancava de lá. Lembro-me perfeitamente de me parecer, nesses dias, que o tecto do meu quarto tombava para o meu lado. Em qualquer dos lados para que eu me dirigisse. E por isso, debaixo da cama sentia-me melhor. E o meu irmão mostrou-me uma vez um pára-raios que havia na parte de trás da casa, e disse-me que aquilo impedia o raio de cair na casa. Em boa verdade, não confiei muito naquele aramezito...
Lembro-me de ir visitar a minha avó:
- Que querem vocês, meninos? - perguntava ela.
- Não é preciso nada, avó.
- Não é preciso, é pra quem morre...
Coitadinha da minha avó, que me dava bolachas de água e sal (ela era diabética) e eu escondia-as todas atrás duma sardinheira que havia encostada à parede. Não gostava mesmo daquilo...
E lembro-me de ir para cima do telhado da casa da minha outra avó, apanhar arroz-dos-telhados. Quem sabe o que é arroz-dos-telhados? Não, não se come... é uma planta que nasce nos telhados velhos e tem uns bagos verdes que parecem arroz, excepto na cor. Servia para brincarmos às cozinheiras.
E as camarinhas nas dunas, à beira mar?
E lembro-me de achar que as janelas das casas se pareciam com quem lá vivia. Eu olhava para o "rosto" das janelas e via-lhes traços do rosto dos donos ...
E na missa? Quando o padre dizia "Eis o mistério da fé" os fiéis, que estavam de joelhos, levantavam-se. Então eu achava que o padre se enganava, e ficava sempre à espera de o ouvir dizer a coisa correcta: "Eis o mistério de pé!"

E hoje estou aqui a lembrar-me disto, e já devia estar a dormir...

segunda-feira, setembro 25, 2006

O amor, a amizade, a solidão e as vacas


As vacas

(imagem tirada daqui) estão para disfarçar, e por causa dum filme qualquer que me lembro de ter passado nos cinemas com um título parecido.

Então é assim: hoje estou cansada. E quando estou cansada fico carente. Fica a apetecer-me um abraço, colinho, mimo, nem sei bem o quê. Quando estou muito cansada, fico com pena de mim própria, que vivo sozinha e não tenho ninguém que me ame, coitadinhazinha! O que não é, nem de longe nem de perto, verdade. Quer dizer: vivo sozinha, sim. Mas tenho um coração cheio de amigos; o amor incondicional dos meus pais; uma ligação fortíssima, visceral, direi, aos meus irmãos; um amor quase impossível aos meus sobrinhos. Estou super-povoada, portanto!

E no entanto, em dias como hoje, sinto-me só.

Hoje, no decurso do meu dia cansativo, uma mulher disse: "Nós sem os homens não somos ninguém!". Saltei na minha cadeirinha e perguntei: "Quem disse?!". Toda a gente olhou para mim e riu, que eu sou a contestatária de sempre, a feminista de sempre (serei feminista?), a defensora dos frascos e dos comprimidos (fracos e oprimidos).

E, caramba, gosto de mim. Sim, gosto. Porque sou íntegra e autêntica, e não vivo segundo os padrões dos outros, se não forem os meus. Orgulho-me de mim. E nem sei se isto me fica bem, e nem sequer me importo. Não, não sou vaidosa. Agarro-me ao que tenho, às minhas convicções, ao pé firme que sabe para onde não quer ir... e já fiz algumas incursões por onde não queria, sim... :)

Acho até que só esta força, e a fé em Deus, e o amor aos meus muitos amores, me ajuda a superar as minhas fases depressivas, que são relativamente frequentes, e às vezes bem fundas.

Ontem conversava eu com uma amiga no MSN, e fiquei com muita vontade de lhe dizer o quanto gosto dela. Porque - embora eu seja muito afectiva e verbalize bastante os meus sentimentos - às vezes acho que pecamos por não dizer. Porque podia fazer diferença. Porque um dia perdemos as pessoas, ou elas perdem-nos...

Pensava eu ontem o quanto gostava dessa minha amiga e porquê. Porque ela, uns vinte anos de mais vida vivida do que eu, corrige-me muitas vezes, faz-me às vezes reflectir que não tenho razão no que penso ou no que sinto, mas eu percebo que ela gosta de mim, mesmo quando estamos em total desacordo. Acho que só os amigos AMIGOS conseguem essa proeza.

Confesso que não gosto muito de críticas. Nem mesmo das chamadas construtivas, porque sempre destroem antes de construirem. Defeito meu, provavelmente. Eu acho que só quem me ama tem o direito de me criticar. Os outros podem sugerir diferente. Sugerir não é criticar.

E eu sei que esta opinião sobre as críticas é discutível. E até sei que em certo ponto nem eu concordo comigo.

Mas pronto. Este texto comprido e quiçá desconexo, teve o condão de afastar os meus pensamentos da auto-comiseração e da solidão.

O meu bem haja a este texto.

E os parabéns a quem conseguiu lê-lo.

domingo, setembro 24, 2006

Como uma amiga me vê

Cara de bolacha
Coração de manteiga
Cabeça de coco duro - mas com muito sumo.


Sim, senti-me perfeitamente retratada... :)

Febre?

Estou há duas horas a passar a ferro! Desde que eu sou livre de mandar na minha vontade, isto nunca aconteceu...
Alguém tem um termómetro que me empreste?

Ao trabalho!!

É erguer, é erguer!!
Após um período de inércia (sou muito dada a ela) ponho mãos à obra: Uma montanha de roupa para passar a ferro, separar, arrumar; pó para limpar (Lembra-te, Homem, que és pó, e que te deves limpar!), tornar a minha casa mais habitável para mim e para as gatas, estes são os projectos já em execução para esta tarde!

Ainda não vos disse, mas digo agora, vou ter uma afilhada moçambicana, de 10 anos. Já tenho, aliás, ela é que ainda não sabe! Aderi a este projecto, acho de verdade que pode fazer diferença.
E pronto, com licença, vou passar a ferro!

sexta-feira, setembro 22, 2006

Momento

Deito-me por um instante a sentir o aconchego da cama e da escuridão, e ouvir a chuva do lado de fora. Puxo a Nuvem para mim e digo-lhe "Estás a chover lá fora". E abraço-a, à minha gatinha Nuvem, mais do que ela quer ser abraçada. Debate-se, e eu abraço-a, seguro-lhe as pernas prontas para o salto. E ela queixa-se, na sua voz débil de gata criança. Vem a pseudo-mãe Julie, em seu socorro. Vêm sempre em socorro uma da outra. Perco o meu tempo a explicar-lhes que sou a dona, sou a dona, obedece-se sempre à dona, mima-se sempre a dona!
- Elas já lá vão, dona Dulce! - canta-me a chuva a bater nos estores, lá fora.
Gatas independentes, lindas! Enfim, quem sai aos seus não é de Genebra.
E então levanto-me e venho computar, pensando que mais sensato seria ir fazer o almoço para levar amanhã para o trabalho.

Balanço positivo

Cheguei com os pés pertinho das estrelas.
Voltei.
E principalmente porque sinto saudades vossas, da presença que me deixam em forma de palavras.
Este blog é um amigo que me traz muitos amigos.
É uma janela aberta para mundos que doutra forma não veria.
Gosto de estar aqui.
OBRIGADA!!!

quarta-feira, setembro 20, 2006

Aviso

Encerrado para balanço.
Prometo balançar rapidamente.

O mar no meu baldinho de plástico.

Às vezes tenho vergonha de mim.
De ser tão naba e ingénua.
De pensar que posso resolver as coisas e ajudar o mundo, assim: transportando o mar no meu baldinho de plástico.
:(

segunda-feira, setembro 18, 2006

As desculpas não se pedem,

evitam-se. - Dizem alguns, seguros da sua razão.
Eu, que tenho sempre muitas dúvidas e todos os dias me engano, não sei.
Peço desculpa, sim, peço sentidamente.
Até que o outro, às vezes talvez por cansaço, me perdoe.
Peço e sinto necessidade de pedir desculpa de todas as vezes em que deixo a raiva tomar conta de mim, e depois vejo que não tinha razão para isso.
Mesmo quando são as circunstâncias que me enganam, sinto-me sempre muito mal por dar mais crédito às circunstâncias que às pessoas.
"Por favor, desculpa." Digo-o muitas vezes.
E sinto sempre que dizê-lo de coração aberto é o único bálsamo possível. Para todos os ferimentos. (O agressor também se fere.)
As desculpas nem sempre se podem evitar.

sábado, setembro 16, 2006

Vocês lembram-se?

"Eu quero um homem / Homem muito brasa / Pra meter na mala / E levar pra casa"

A minha versão:

Eu quero um homem,
homem muito brasa,
pra pagar metade
das despesas lá de casa...

E não, não se candidatem. Isto não é um anúncio! LOL

Pensamento do dia

Em cada gordo há um magro que tenta libertar-se.

(Como se diz na RFM, "já agora, vale a pena pensar nisto".
... Valerá?)

quarta-feira, setembro 13, 2006

Ok, eu explico.

Porque o Jorge perguntou, eu explico:
Sim, fui professora. Desde pequenina que queria ser professora. As crianças são inconscientes, toda a gente sabe. Menos as crianças, claro. Eu fui criança muiiiiiiiiiiito tempo. (Ainda sou, mas não a tempo inteiro). Estudei para ser professora de português e francês. Quando passei do sonho à realidade, o sonho assumiu contornos de pesadelo.
O que mais me custava? Sendo franca: a única coisa que me custava era a indisciplina de alguns alunos. É que tenho uma (velha) má relação com a autoridade. Confundo autoridade e autoritarismo, não nos conceitos mas na prática. Não sou autoritária, mas também não sou autoridade. E na escola, é muitas vezes preciso. Sofri muito, durante mais ou menos cinco anos.
Durante todo o tempo fui procurando alguma airosa saída para escapar daquela angústia.
E finalmente, encontrei-a: Há 7 anos que trabalho num centro comercial, e apesar dos horários marados, de ganhar menos e das outras desvantagens que vocês possam imaginar, sinto que só ganhei.
Ainda hoje, se vou a uma escola, arrepia-me o toque da campainha, o "pega nas chaves, repõe as chaves, agarra o livro de ponto, arruma o livro de ponto..." Para mim essas rotinas são uma espécie de aguilhão. Se houver inferno, e se eu lá for parar, tenho a certeza que me vão obrigar a dar aulas.
Dito isto, ponto final.

(Já agora, Jorge, eu não consigo comentar lá no teu blog. Acho que é desde que ele é blog beta. Realmente, os betinhos nunca se deram comigo... :)...)

terça-feira, setembro 12, 2006

O prometido é de vidro

Cá vai então a história da casa do avesso, produto de algumas horas a imaginar e a escrever no quadro, e a retocar pormenores. Com meninos do quinto ano, saliento. Aproveitando para falar de figuras de estilo e de outras coisas que me ocorriam. Tenho pena de não conseguir passar para aqui as ilustrações, da autoria da Luciana, no livro grosseiramente "manufacturado" :)).
Aí vai:

A casa do avesso
Numa cidade suja, fria, triste, onde as pessoas viviam tão tristes que pareciam também sujas e frias, havia uma casa que não era como as outras. Era uma casa cor de rosa, com varandas brancas. No meio da confusão da cidade, aparentemente não se distinguia das outras. Mas tinha as janelas sempre abertas, e se algum habitante da cidade suja olhasse para dentro, via o céu azul.
Os habitantes da cidade rapidamente passaram a notícia uns aos outros, porque não estavam habituados a ver o céu limpo sem os fumos das fábricas, e aquilo parecia-lhes magnífico.
Uma a uma, todas as pessoas tristes, tão tristes que pareciam sujas e frias, começaram a encaminhar-se para a casa cor de rosa, onde ficavam horas, deliciadas, a olhar o céu.
E um dia, um menino que, ao colo da mãe, espreitava pela janela, perguntou:
- Mãe, não podemos entrar?
A mãe olhou para ele, depois para os outros habitantes da cidade suja, que olharam uns para os outros. E um velhote de barbas brancas, compridas, rugas profundas, disse:
- A criança tem razão. Devemos entrar.
Concordaram todos. e devagarinho, silenciosamente, foram entrando na casa cor de rosa, com a sensação de que pisavam um chão sagrado e não podiam fazer barulho.
- Oh! - disse o menino.
- Oh! - disse o velho.
- Oh! - disseram todos os habitantes da cidade.
E depois calaram-se, porque o que havia dentro da casa era tão espantoso que ninguém encontrava as palavras certas.
Por uma extensão enorme, que ninguém soube como é que tanto espaço cabia dentro da casa, as pessoas foram descobrindo florestas, regatos, flores de mil cores e animais de todas as espécies nos seus habitats naturais. Havia papagaios, iguanas, muitas espécies de animais aquáticos, aves raríssimas, e ainda os mansos coelhos, as raposas matreiras, os lobos, etc. Todos os animais viviam felizes e por isso não se perseguiam.
O menino que se tinha lembrado de entrar na casa, aproximou-se de um lobo e perguntou-lhe:
- Levas-me às cavalitas até aquele lago cheio de nenúfares lá ao fundo?
- Claro - disse o lobo.
Puxou o menino pela camisola, o menino sentou-se, agarrou-se ao pescoço do lobo, e os dois partiram felizes, para ver os nenúfares e descansar junto às águas límpidas.
Chegado ao lago dos nenúfares, o menino debruçou-se sobre as águas. Lá em baixo era um mundo novo, cheio de peixes de todas as espécies e cores.
O lobo olhou a criança com olhos cheios de ternura e começou a ensinar-lhe coisas diferentes da cidade suja.
- Sabes, o mundo não é igual a esta cidade. O mundo tem sítios bonitos, limpos, cuidados, e nesses sítios é agradável viver. Há longos anos, um homem que vivia numa pequena montanha verde e fresca, veio visitar esta cidade. Achou-a triste e suja como ainda hoje é. O homem da montanha tinha um coração bom. Pensou que quem aqui vivesse andaria sempre triste. Primeiro sentou-se junto dum prédio sujo, e chorou por causa da sua tristeza e por causa da tristeza dos habitantes da cidade. Depois, cansado de chorar, resolveu: "Tenho de fazer alguma coisa!" Voltou para a sua montanha e começou um trabalho difícil, mas que fazia com tanto amor que chegava a parecer-lhe fácil. Todos os dias tirava da sua montanha um veiozinho de água, uma planta pequenina, uma semente ou um animalzinho novo. Todos os dias percorria o caminho até à cidade e depositava os seus presentes nesta casa. Nesse tempo, esta era apenas uma casa velha e abandonada. Mas a natureza tem o poder de crescer, de se tornar cada dia mais bela... Passaram muitos anos, e ninguém reparava na oferta do homeme da montanha. Até que tu pediste para entrar... Agora gostaríamos muito - falo também pelos peixes, pelas aves, pelas águas... - que as pessoas da cidade viessem viver connosco dentro da casa do avesso. Com uma condição: que o mínimo raminho verde, a mais pequena gota de água, a mais frágil avezinha, sejam aqui respeitados para sempre.

A casa do avesso

Era uma casa numa cidade suja, uma casa que tinha dentro a vida verdadeira. As florestas, os animais, o verde verde e o azul azul. Foi uma história que fizemos em conjunto, eu e uns meninos do 5º ano na escola de Oliveira do Hospital, em 1998 / 1999, o último ano em que dei aulas.
Essa turminha era deliciosa, e eu era quase mãe deles todos. Tenho saudades destas coisas boas do ensino. Mas para mim, as más pesavam mais!
Querem que vos conte "A casa do Avesso"?
Ah! O título foi-me sugerido por uma maquette duma casa, da autoria duma professora lá da escola. As janelas estavam pintadas de azul céu, daí...

'Tou um bocado tóina,

'tou sim! E foi só uma sangria. Mas a minha juventude já lá vai (alguma), os tempos de farra ficaram para trás, e a minha resistência ao álcool é escandalosamente pouca.

Os "alcoóis", o chouriço e os caracóis

Xu, são duas e tal da manhã e venho a chegar a casa. Acontece poucas vezes, mas hoje fui para a borga depois do trabalho. Tinha uns amigos à espera e lá fui mostrar-lhes um bar muito giro, onde há boa música, ambiente sereno (dá para conversar), uma sangria divinal, uns chouricinhos assados, uns queijinhos... huuum! (Não, caracóis não, estão no título só para rimar).

Acho que a sangria me inspirou.
Tu és uma miúda que eu admiro, e particularmente pela tua inquebrantável alegria. Como ontem não o escrevi, faço-o hoje: PARABÉNS, Xu!! Ainda espero provar uma das tuas caipirinhas, comemorando contigo, um ano destes, mais um aniversário. Mas olha, eu prefiro sangria...

domingo, setembro 10, 2006

Água


Foi um email que eu recebi. Dizia que tinha que beber oito copos de água por dia, ou mais, se pretendia que o meu cérebro funcionasse bem. E agora, porque bebo realmente pouca água, penso sempre que as minhas ideias sufocam, por falta de água onde nadar. Dê-se-me portanto o devido desconto. Aí uns cinquenta por cento.

Entretanto trouxe o garrafão para o pé de mim, estou no caminho de resolver o problema... :)

sábado, setembro 09, 2006

Não sei se eu,


não sei se algumas outras pessoas...
Alguém faria bem em apanhar uma navezinha para Marte e ficar a viver por lá uns tempos.
(Ó srs cientistas, descubram depressa um cantinho alternativo, porque todos aqui começamos a ser muitos. Demais. Principalmente se se ignoram as mais elementares normas de convivência, a saber:
- sejamos Dr, Eng. ou Agricultor, somos gente. Todos. Tenhamos vinte pulseiras de ouro ou uma farda de trabalho;
- não devemos esquecer palavras elementares, e que fazem toda a diferença: "por favor", "obrigada", etc...)

quinta-feira, setembro 07, 2006

Está nos genes :-)

Quando eu era pequena, a minha avó comprava confeitos de pinhão, na Páscoa, e guardava-os para nos ir dando, a mim e aos manos.
Mas eu todos os anos descobria o esconderijo das "amêndoas" e era um vê se t'avias.
A minha avó chamava-me estuporina, bruta de merda.
- Ó mããe!!! Olhe a avó a chamar-me nomes!
- O que é que t'eu chamei, bruta de merda?!

Agora a minha gata pequena agarra com unhas e dentes o pacote dos biscoitos de queijo, racionados por mim. Descobre-os onde estiverem, excepto se dentro dos armários, porque não consegue abrir as portas.
Acho graça.

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Festa!!!
Este é o post número DUZENTOS. Já escrevi duzentos textos aqui. Parabéns a quem os leu todos.
E que se apresente, pode ser que haja prémio.

quarta-feira, setembro 06, 2006

Esta luz pequenina

Muitas vezes tenho consciência de ser demasiado ingénua, demasiado "romântica" na idealização das soluções para as coisas, e assim não só não me ajudo como não ajudo ninguém.
O meu irmão diz "a cor não é feia", quando uma coisa é bonita mas não serve para nada.
Pois é, faltar-me-á pragmatismo.
Faltar-me-á fazer, em vez de pensar e sentir.
Mas pragmatismo não se vende na farmácia. E já lá vai o tempo (espero) de me auto-condenar por ser assim ou assado.
Há muitos anos (aí uns 20) participei numa coisa a que se chamava (e chama) convívio fraterno. Ao contrário do que testemunhará a maior parte dos jovens que viveu experiência semelhante, eu não gostei muito. A ser mais sincera: não gostei quase nada. Senti que uns eram mais iguais que os outros, que alguns estavam ali para nos dar exemplos de vida. Não gosto de exemplos de vida, nem de bons conselhos, nem de vidas de santos. Ao vivo, menos ainda. Mas isto seria (será ainda?) o meu eterno complexo de inferioridade a falar, a ver olhos no escuro e dedos apontados.
Mas nesse tal convívio fraterno aprendi uma canção de que me lembro muitas vezes, e trauteio para dentro: Esta luz pequenina / vou deixá-la brilhar
(Pois é, não sei senão o refrão :)...)
Acredito que à minha maneira um tanto infantil posso fazer alguma diferença no caminho dos que se cruzam comigo. Para esses, para dois ou três, para poucos, eu poderei fazer alguma diferença. E, tratando-se duma luz pequenina, valerá a pena deixar brilhar o que sou.

Reli o texto. Bastante contraditório. Afinal ajudo ou não ajudo sendo como sou?
Mas eu também sou contraditória, a todos os momentos penso e digo e calo coisas diferentes. Não vou emendar o texto porque isso me daria uma trabalheira do caraças, e porque foi assim que o pensei enquanto escrevia. Eu já disse: este blog é uma espécie de esplanada em que me sento a beber um copo.
Falei e disse. Agora vou. Paguem a conta, por favor.

Interrogações e incongruências

Estou muito cansada hoje, e ainda vou trabalhar. Antes, uma meia hora de descanso, que bem mereço. Mas antes ainda, quero falar-vos disto:
Estive em Coimbra em formação profissional. De regresso, na estação de comboios, andava um garoto a vender pensos rápidos. Garoto de 10, 11 anos (talvez). Não quis comprar. Resisto, sempre. Mas este garoto comoveu-me, desnorteou-me. Pelas razões conhecidas, pelas lágrimas nos olhos grandes, no rosto maltratado. Um rosto de menino menino, de muito sol antigo e manchas de despigmentação. Que não tinha nada, que só queria vender os pensos e ir para casa, que ninguém queria comprar, que a mãe lhe batia se os não vendesse.
Que merda!
Que vontade de acreditar num mundo onde se pudesse pegar pela mão estes meninos, e levá-los para um lugar onde fossem tratados com a ternura que todos os meninos precisam e merecem. Mesmo que o garoto me estivesse a contar o conto do vigário.
Vontade de trazer comigo o garoto. De lhe oferecer um banho, e de o deixar dormir na minha cama. E de lhe dar um abraço, logo à noite, ao chegar do trabalho. Delírios, eu sei. E estas crianças já criaram defesas, já se escudam nas mentiras, já não querem abraços.
Mas eu comprei-lhe a porcaria dos pensos, e chorei, chorei depois de o ter deixado ir embora.
E a porcaria dos pensos não serve para curar esta ferida.
Não era suposto alguém (a Segurança Social, digo eu, para onde vai todos os meses 11% do meu ordenado) tomar conta destas crianças?
Eu sei que é mais complicado do que isto.
Mas é muito mais complicado do que eu posso.

Quem pode ajudar-me?
A quem posso ajudar para apaziguar esta má consciência?
Sem deixar de trabalhar, porque preciso da minha vidinha minimamente organizada, a quem posso dar tempo do meu tempo? Para ser útil e não apenas fingir que sou boa...

segunda-feira, setembro 04, 2006

Encaminhar sonhos

A noite passada, prestes a deslizar para o sono, desejei sonhos felizes. Praias paradisíacas, sol acariciante na pele, mar... Acreditar é sempre o começo, e então espalhei no rosto um creme com factor de protecção solar 30.
Não me lembro nada dos sonhos que tive, mas estou bem mais bronzeada do que ontem, lá isso!... :)

domingo, setembro 03, 2006

Eu já disse,

o meu nome é São. Desorganização.
Agora a Deco fez o favor de me oferecer uma pasta de executiva, que vai servir para guardar os papéis muito importantes, e me poupar a algumas horas de angústia. Talvez a partir de agora eu encontre todos os recibos das minhas despesas de saúde a tempo de as contabilizar no IRS. Eu sei: devia ter vergonha de me confessar assim. E se calhar até tenho. Mas ter vergonha não muda nada.

Agora neste Tsunami de arrumações em que me encontro, achei a receita de pão de ló da minha amiga Lígia (segunda via). Uma receita sui generis, escrita mesmo para mim. Reza assim:

500 gr ovos
o mesmo peso de açucar
250 gr de farinha com fermento
raspa de limão.

Batem-se as gemas com o açucar até ficar um creme esbranquiçado. Junta-se a farinha e a raspa, alternada com as claras em castelo.
Leva-se ao forno até cozer.
Desenforma-se e espera-se que arrefeça para saborear. Se for comido quente pode dar a volta à barriga.

Ah! E não se deixa esta receita no parapeito da janela, porque se ela lá for parar, em vez de comeres o bolo, o sol come as letras da receita...

sábado, setembro 02, 2006

Recebi um telefonema especial

O meu sobrinho primogénito comunicou-me que amanhã viriam todos conhecer as minhas gatas e almoçar comigo!!!
Iupppiiii!!!
Vou limpar a casa, vou limpar a casa, vou limpar a casa, vou limpar a casa!!!!

Venha cá D. Esfregona, chegue aqui Sr Avental! Eu hoje reato relações amistosas com V. Exas!!

sexta-feira, setembro 01, 2006

Estava uma gatinha, deitada

à sombra dum carro, ontem à tarde quando eu passei, a caminho para umas tarefas de que a minha mãe me encarregara. Parei junto a ela e conversei com ela, olhei os seus olhos brilhantes e mansos, fiz-lhe uma festinha, e segui de coração aconchegado.
Foi preciso chegar aos 40 anos para aprender a ternura dos gatos. Percebê-los, uns mais ariscos, outros "sociabilizados". E quem me ensinou este olhar foram as minhas gatinhas, a Julie e a Nuvem, que preenchem os meus dias de resmungos, mimos e... a casa cheia de pelos :p
Obrigada a elas!

Definitivamente

este blog não serve para expôr os meus males ao mundo.
Não o quero para isso.
Alguns males pequenos, ok.
Mas a mim própria prometo não escrever aqui nada que me deixe inquieta quanto a quem o lerá e que interpretações fará.
Mundo demasiado vasto, este.
A minha face lunar reserva-se. Para alguns amigos e algumas conversas olhos nos olhos.

quinta-feira, agosto 31, 2006

Os meninos gostam de mim.

Sento-me com eles no chão, carrego-os às cavalitas, invento jogos e brincadeiras loucas, recito-lhes poemas de Camões, tiro-lhes fotografias e empresto-lhes a minha máquina digital, ensino-os...
Os meninos gostam de mim.
E no meio deles sou como eles.
Acho que (se calhar) só posso ser assim com os filhos dos outros...
Huummmm....
Mas como não tenho filhos, o problema não se coloca, não se colocou, não se colocará...
E de qualquer forma, não sei.
Mas se eu tivesse filhos precisava cozinhar mais, passar mais a ferro, limpar mais a casa...
Diz que dizia o Salazar: Está tudo muito bem assim, e não podia ser doutra maneira!
Os meninos gostam de mim. Eu sou uma "brincadora" profissional. Uma criança que cresceu.

quarta-feira, agosto 30, 2006

À noite a minha vida transforma-se

Sonho coisas esquisitas, acordo e adormeço e continuo a sonhá-las. Sonho por capítulos, digamos :) Apesar de esquisitas à luz do meu olhar de dia, as coisas fazem TODO o sentido enquanto as sonho. Hoje nos meus sonhos uma pessoa querida faleceu.
(E de facto, na vida real, essa pessoa já não está connosco.)
E havia a noção de que era mais uma, antes dela já tinham falecido mais, não sei quantas, não sei quem. Lembro-me da minha mãe dizer que nós agarrávamos as nuvens, não as deixávamos subir, e isso fazia-nos sofrer mais. As minhas mãos estavam de facto cheias de nuvens, e acima da minha mãe, uma linda espiral branca de nuvem terminava numa nuvem linda no céu. No sonho, tenho a certeza, a nuvem nas minhas mãos correspondia a não deixar voar a pessoa que tinha morrido. Porque a queria. Porque me agarrava a ela. Porque recusava deixá-la esfumar-se.
Raio de sonho.
Mas não era angustiante.

Rouxinol


Disse-me uma amiga querida que

ou somos rouxinois ou cotovias, consoante vivemos mais de noite, ou de dia. Eu, que sou rouxinol, fui à net à procura dos da minha espécie: aqui.

Pois cá estou de olhinho aberto, a perscutar o silêncio da noite. As minhas gatas dormem.

Ocorre-me a pergunta: Será boa ideia um rouxinol dar-se com gatas? Bom, temos co-habitado pacificamente.

Amanhã quando tiver desperdiçado a manhã a dormir, a cotovia frustrada que vive em mim, insultará o rouxinol.

Nada a fazer.

Apenas esperar a mudança de turno no local de trabalho, que contrariará esta tendência de viver ao contrário. Isto é, de noite.

Mas agora, calo o meu canto e vou dormir.

segunda-feira, agosto 28, 2006

Tratamentos de beleza

A minha gata Nuvem lambe-me o rosto com a sua língua áspera.
- Pronto -digo-lhe eu - já chega de exfoliante. Agora quero uma máscara de hidratação.

domingo, agosto 27, 2006

Como alguém disse,


e se não disse digo eu, na vida lutamos sempre contra problemas vários.
Alguns bastante comezinhos.
(Comes inhos ou não comes inhos?)

Forma rebuscada e algo pateta, como eu também sou às vezes, de vos informar que estou com problemas para conseguir colocar aqui as MINHAS imagens. É que o leitor de cds do computador decidiu fazer greve sem especificar quais as reivindicações. E eu protesto que não gasto mais dinheiro a arranjar este velho pc.
Esta imagem retirei-a da net, procurando no google "flor azul". Porque sinto falta de imagens neste blog, e nem as flores azuis sabem o quanto eu as acho belas. Belas de raridade e singeleza.
Esta é para ti, leitor(a) amigo(a)...
Com a maior das gratidões por me leres.

O silêncio dum Domingo à tarde

sábado, agosto 26, 2006

Hoje queria outra vida

Era assim: eu chegava a casa e tinha os tais "dois braços à minha espera", os tais que já a Amália cantava. Tudo brilhava, tudo limpinho e arrumado à minha volta. Alguém, que não eu, tinha tratado de tudo. Não sei se o dono dos tais braços, não sei se um qualquer empregado a dias.
E pronto, e depois ainda havia outras coisas que eu não sei se realmente queria, mas talvez.
Ah! E mais que 10 euros na conta bancária, ainda que fosse final de mês, isso com certeza.
Numa casa portuguesa.

Ignorância

Percorro os blogues conhecidos, os blogues dos amigos, e entre uns que estão de férias e outros que andam mais ocupados a viver, lembro-me que a internet é também um meio muito bom de procurar saber mais. Google.
Um nome de um país que me vem à memória pelo seu som sugestivo, mas acerca do qual quase nada sei: Zimbábue. Rumo a uma página com informação para hoje e para amanhã, e no meio do texto que hei-de ruminar mais tarde, pergunto-me porque é tão grande e tão alta a minha ignorância. Na verdade a História, a Geografia, a Política, sempre me aborreceram. (Sempre as aborreci também - vingançazinha! :)) Não me orgulho disso. Vivo no meu mundinho longe do mundo, o que efectivamente torna ainda maior a minha impotência. Reconheço que é minha obrigação tornar um bocadinho menos mau o mundo em que vivo, e também reconheço que ando longe de cumprir a minha obrigação. A ignorância também não ajuda.
Está reconhecido, e só não faço aqui os meus veementes protestos de mudança, porque tenho o mau hábito de mudar pouco, mudar devagar. E tropeço sempre nos meus próprios passos.

sexta-feira, agosto 25, 2006

Diálogo surreal

Ontem no supermercado. A menina do caixa tinha vestida uma T-shirt vermelha onde se lia "As suas compras ajudam a apagar fogos".
- Como é que as minhas compras ajudam a apagar fogos? - perguntei.
- Ãhn??!
E olhando para a camisola que trazia vestida:
- Ah! Não sei. Pergunte àquela senhora ali na recepção. Mas acho que por cada compra são dois cêntimos para os bombeiros...
- Ah! - digo eu - Uma fartura!
- Quer uma factura?

(Ok...)

quinta-feira, agosto 24, 2006

Final de tarde, luz, movimento, ideias.


Depois do trabalho, e duma animada conversa com a colega que chegou de férias, fui passear. Minhas queridas, o que eu me lembrei de vocês, de nós! Fui passear à Barra, Costa Nova, Vagueira... Mas estava tanta gente, tanto trânsito, tão pouco silêncio! Apenas a ria acenava a sua paz azul. Não parei. Para complicar mais, havia obras na estrada.
Vi um saco de plástico que esvoaçava à beira-ria, como se quisesse ser pássaro. Um louco e sonhador saco de plástico, portanto. Mais à frente vi um papagaio de papel, a que umas crianças davam espaço e céu. O papagaio também não é propriamente de papel, aquilo é uma espécie de plástico. Então tive pena do saco de plástico que vira lá atrás, porque ele podia estar apenas a tentar elevar-se como um qualquer papagaio que tivesse visto. Mas ele, plástico, nascera saco, enquanto o outro nascera papagaio. Tive pena do saco de plástico, mas com um sorriso, rindo-me por dentro e alegrando-me com as minhas ideias loucas, porque tantas e tantas vezes me fazem companhia.
E depois, desviei-me. Fui pelos pinhais, pelas estradas estreitas ladeadas de árvores, casinhas rasteiras e campos de cultivo. Enchendo os olhos de verde. Verdes e azuis estão os meus olhos agora. E eles são castanhos. Banais. Leais. Com coração, cantava o outro.

Rir da nossa tristeza

às vezes é bom.

Há uns anos fui ter com uma amiga para conversar com ela e animá-la um pouco. Ela estava triste, deprimida até, por causa de uma paixão avassaladora e inconveniente. Sentámo-nos na praia e ouvi-a, dei-lhe a minha mão, falámos, sorrimos, chorámos. Depois fomos partilhar uma pizza, que entre as minhas confidências e as dela, ficou quase por comer. E às tantas aparece na TV o Bin Laden. Disse-lhe eu: olha, podia ser pior! Imagina que estavas apaixonada pelo Bin Laden.


Hoje, no MSN, conversa com uma menina do outro lado do Atlântico:
- Eu acho que não tenho capacidade (já não) para me encantar e apaixonar. Quer dizer, se conhecesse o Super-Homem, era capaz de me apaixonar. Mas ele tinha que tirar aquela capa horrorosa!

E quando és tu a errar (muito)?

Tenho passado um longo período a descrer dos outros, a proteger-me de quem me faz mal, ou me quer mal, e ontem descobri que tenho sido muito...