sábado, dezembro 31, 2011

Às vezes a técnica é imaginar comboios barulhentos a passar e gritar alto para libertar tudo o que é mau e se acumula dentro do peito. Estou convencida de que, assim como há miradouros, onde mirar é natural, devia haver gritadouros. Tinham em mim uma "cliente" relativamente assídua.

sexta-feira, dezembro 23, 2011

Há uma invisível bolha dentro da qual estou quando estou muito triste, e por essa bolha escorrem todas as palavras que me dizem, por muito sensatas que sejam.
Um abraço de alguém de quem eu goste é a única coisa que me acalma.

segunda-feira, dezembro 19, 2011

Nada a fazer. O pré-Natal desequilibra-me sempre um bocado, e às vezes muito mais do que um bocado. Detesto as luzes e as canções natalícias com o mesmo fervor com que noutros tempos me encantavam. Do Natal do dia 24, gosto muito. A casa, os meus irmãos, os sobrinhos, a excitação deles com as prendas... e até, e talvez sobretudo, o espírito da minha família que - muito graças aos meus pais - nunca foi de trocar grandes presentes. Presentes para as crianças. E os garotos mais velhos já  começam a dizer que "Não é preciso nada". Para nós é suficientemente bom patilharmos a mesa, as conversas cruzadas, os risos.
Nem sempre foi pacífica a minha relação com o Natal. Durante muitos anos, detestei-o. Por razões que o coração e a razão bem conhecem, mas de que não me apetece falar. Foi precisamente a chegada dos sobrinhos à família que me reconciliou com o Natal. Eles, os meus garotos, reconciliam-me com a vida toda, é essa a verdade.

Este texto está confuso cumórraio, mas... quéquissinteressa?

sábado, dezembro 17, 2011

Saudades dos tempos dos blogues, do tempo em que não havia facebook e conversávamos essencialmente por aqui. O facebook é mais imediato mas não tem o encanto que os blogues tinham nos seus tempos áureos. Então decidi: as coisas que escrevo no facebook, vou escrevê-las também aqui. Porque aqui são mais minhas e mais recuperáveis.

sábado, dezembro 10, 2011

Boas rotinas.

A médica disse: fazer caminhadas. Muitas. E eu recomecei. Outra vez. E sei que, sem muita boa vontade, um dia destes esqueço-me de continuar. É, tenho muita iniciativa mas pouca acabativa, disseram-me uma vez. A ver se compro um impermeável e se não deixo que a chuva o vento que provavelmente virão, me dêem cabo dos planos.

domingo, dezembro 04, 2011

Chuva. Frio. Gata  sentada em cima da box da Cabovisão, a lamber-se, alambêrce, alambique. Eu. Deitada em cima da cama, portátil à frente, apoiada nas minhas patinhas posteriores, a escrevinhar. Um típico dia de inverno. Domingo. O que destoa é ir trabalhar. Mas, como diz o meu irmão mais novo, alguém tem que levar este país para a frente. Ou, nas palavras de um político qualquer há uns vinte anos atrás, "Portugal está à beira do abismo. É preciso dar um passo em frente." Já demos, já demos!

terça-feira, novembro 29, 2011

Quarenta e cinco anos, Dulce, vê bem! Quarenta e cinco anos e esse coração adolescente. Devia ser proibido a gente não se tornar de facto adulta. Devia ser proibido chorar aos quarenta e cinco anos as lágrimas que devíamos ter chorado aos quinze. Um, dois, três, acabou o prazo. Não quiseste viver isto, não viveste, deixaste passar a tua oportunidade. Mas não, caramba, ficou tudo à minha espera! Tudo!

sábado, novembro 12, 2011

O outono está bonito, aqui pela cidade... As árvores balançando com o vento ao som de uma música imaginária, o chão dos jardins atapetado de folhas vermelhas, o tempo suave... Dá gosto passear devagar por aí. Malheureusement também me dói a cabeça, e para onde vou, para onde vou? Trabalhar num centro comercial, pois claro...

quarta-feira, novembro 09, 2011

O Beato Salu.

http://www.facebook.com/salubeato?sk=wall

Hoje encontrei na net uma página dele. Fiquei contente como se o tivesse reencontrado! Uma personagem dos meus tempos de estudante em Évora, com quem nunca troquei mais do que um cumprimento e um sorriso, e que contudo me marcou tanto que, vinte anos depois, me alegra ver a sua fotografia!

terça-feira, novembro 08, 2011

Finalmente de regresso a alguma paz. A chuva já me refresca e o sol já me sorri. Há castanhas assadas e gargalhadas boas, se bem que eu nunca deixei de rir, nos intervalos das lágrimas, mesmo quando estava triste. Estou de regresso a mim, e tinha saudades.

sábado, outubro 22, 2011

Não tenho escrito. Não me tem apetecido escrever. Época de balanço. Dentro de mim e com poucas palavras.

segunda-feira, outubro 10, 2011

Porque será que sonho tantas vezes que não acabei o curso, que não tenho bilhete de identidade porque nunca fui tirá-lo, que me aparecem multas impagáveis para pagar por coisas absurdamente fáceis que deixei de fazer por desleixo, preguiça, vocação para adiar?

Talvez a minha consciência a gritar comigo quando, por estar a dormir, não posso gritar com ela...

sábado, outubro 01, 2011

Da amizade, de mim.

Nas férias passadas, numa daquelas conversas de fim de tarde, enquanto se partiam e se comiam pinhões, a Paula disse-me:
- Tu tens sorte. Tens muitas pessoas que gostam muito de ti.
Tenho. É um facto. Muitos e bons amigos.
Mas não acho que seja sorte. Há sempre quem nos devolva o que damos e eu sempre me dei muito. Porque sou naturalmente afectuosa e carente de afecto. (Uma qualidade e um defeito que são apenas as duas faces da mesma moeda...)
Às vezes sou também muito má. E já várias pessoas me disseram que me perdoam coisas que não perdoariam a mais ninguém... Eu tenho a presunção de me lembrar daquela frase do evangelho: "Porque muito amou, muito lhe será perdoado".
Sou muito grata aos que me amam, e à vida.

segunda-feira, setembro 26, 2011

Quem me visse metade de fora da janela da janela do primeiro andar, de máquina em punho para fotografar esta teia de aranha, diria que sou louca. Não se enganaria muito. A fotografia não ficou nada de jeito, pelo que se prova que o esforço nem sempre é recompensado. Mas para a fotografar noutro ângulo já teria que me arriscar a estatelar-me lá em baixo - eu, a máquina e a teia de aranha.

quinta-feira, setembro 22, 2011

Assim vou...

Por aqui. Por ali. Por todo o lado e por lado nenhum. Por sítios que invento. Por passados que não haverá, e futuros que não houve. Por ideias nonsense como este pequeno texto. E agora, surge no meu espírito uma pergunta: poder-se-á chamar a um pequeno texto um textículo? Aqui fica pois um textículo que vos ofereço. Para quem o apanhar, para alguém a quem faça falta algum. E se precisarem, escrevo outro.
Sempre ao dispor.

quarta-feira, setembro 14, 2011

Curtas das férias

Caminhávamos à beira mar numa linda praia da Costa Vicentina (Castelejo) com muitas rochas e falésias. A Paula, falando da hipótese de uma pedra rolando lá das alturas nos atingir na cabeça, diz: "Não é agradável."
"Não é agradável" é dizer muito pouco, não, Paulinha?

Encontrámos um pombo-correio morto, nesse mesmo passeio à beira mar. O Marcial ficou a tirar-lhe as anilhas. "Para quê?", perguntei.
- Para pôr na net e avisar o criador. O criador do pombo, não é o Criador...
Hum, foi bom teres esclarecido, Marcial, que eu pensava mesmo que te referias ao Criador do Universo!...

Dizia a Paula: "Nós damos sempre prendas uns aos outros no Natal. Eu faço uma lista do que cada um quer e ponho-a no frigorífico.
Eu:  - porquê no frigorífico??!! Ah, ok, na porta...

terça-feira, setembro 13, 2011

I'm back

As férias foram óptimas com p porque, caramba, merecem bem o p. Estive a tostar durante quase duas semanas e também a relaxar, e a rir, e a chorar. Porque quando é preciso chorar, chora-se. E eu aprecio muito que me deixem chorar em silêncio e me deixem estar, que continuem a conversar comigo sem me dizerem não chores ou porque é que estás a chorar? Porque preciso, porque me apetece. Parece-me óbvio, não?
Volto revigorada, embora de coração um bocadinho choroso por entre os muitos sorrisos, porque há coisas que não passam com as férias, só com o tempo e auto-carinho.
Beijinhos e abraços para quem aqui vem.

quinta-feira, agosto 25, 2011

Vêm aí as férias. São já já a seguir! E como estou necessitada delas! De me desconcentrar de coisas turbulentas, de me concentrar na paz, de me estender em águas límpidas, de mergulhar no voo das aves...
Virar páginas, reescrever memórias, reinventar futuros e amar passados com as doridas promessas de outras manhãs a haver.
Quero.
Preciso.

terça-feira, agosto 23, 2011

Divirto-me muitas vezes com os clientes. As minhas colegas dizem que atraio conversas surrealistas. Na verdade, eu acho que as alimento:

- Posso ajudar?
- Não, ando à procura de alguma coisa fora do normal...
- Mas "fora do normal" no sentido de esquisito ou no sentido de extraordinário?


- Posso ajudar?
- Nunca se sabe, nunca se sabe!


E o cansaço, o que faz:

- Boa noite e F5
-?
(F5 é a tecla para finalizar a venda)

- A Nossa Senhora já leu a revista?
(A senhora já leu a nossa revista? - era isto o que eu queria dizer)

- Agradecia que fizessem uma filha no meio da loja. Uma fila, não é uma filha...
(Isto foi na altura do Natal, toda a gente estava com pressa e de cara fechada, e foi lindo de ver toda a gente a rir. Viva o espírito natalício, viva eu!)

Pronto: hoje preciso de recordar coisas giras, coisas que me fazem sorrir, e que fazem sorrir as pessoas à minha volta, mesmo quando somos uns para os outros perfeitos desconhecidos. Sorrir une as pessoas e faz o mundo ficar mais bonito. Nem que tenhamos todos que ser um pouco tolos.

quinta-feira, agosto 11, 2011

O alecrim metáfora.

Tenho à entrada da casa um alecrim seco. Arbustro castanho e morto num vaso de barro. Ainda não me apeteceu tirá-lo de lá, embora todos os dias pense em fazê-lo. Desde que me roubaram e estragaram as flores todas (sobrou aquele alecrim) deixei de querer saber disso. Esperei que o viessem buscar também. Mas não vieram, e ele morreu. É uma metáfora do meu mundo interior, cheio de coisas mortas no meio de outras vivas e agitadas, e outras apenas adormecidas. É uma metáfora também do mundo exterior como muitas vezes o vejo.
Devia mas era levá-lo para o lixo. Também era o que devia fazer às coisas mortas dentro de mim. E até a algumas vivas.

domingo, agosto 07, 2011

Das coisas que eu digo

Sobre o vício de roer as unhas:
- Como já pareceria mal comer macacos, vou roendo as unhas...

E por causa disto lembrei-me agora da história do optimista e do pessimista:
Optimista: - Isto vai de mal a pior. Estou convencido que, no fim do mundo, há-de haver só merda para comer...
Pessimista: - E chegará para todos?

quarta-feira, agosto 03, 2011

Na aldeia

Na aldeia havia hoje muitos emigrantes, de férias au Portugal. Como gosto deles, gostei de os rever. Um ano, às vezes mais, às vezes muito mais, e o afecto, a camaradagem continuam.
Os sobrinhos Diogo e Vasco ofereceram-me uma pulseira, vinda de Espanha para mim, por iniciativa deles. (Comove-me ter sobrinhos (pré-)adolescentes que são já tão independentes e continuam a gostar de mim como quando eram meninos pequenos...)
Depois levei um livro de histórias aos sobrinhos mais novos, e estive a ler-lhas e a ver com eles as ilustrações, sentada ao sol do fim de tarde, com os campos verdes por companhia. (Comove-me ter sobrinhos pequenos que me incluem nas suas brincadeiras e me recebem sempre com um abraço...)
Venho cheia de mimo recebido, hoje. E continuo a ansiar pelas férias... of course, my horse - ensinou-me há muitos anos, mais de trinta, a minha professora de inglês. Bem sei, bem sei que havia outras coisas que devia ter aprendido assim com tanto afinco, não somente os disparates tontos, mas Tontice é o meu nome do meio.

Também levei a minha mãe a visitar uma amiga num lar de terceira idade - um dos lares que eu conheço em que se vêem de facto os velhotes cuidados e acarinhados... nada daqueles depósitos de velhos onde há só cabeças baixas e cheiro a urina.
Quando a minha mãe disse, a propósito da velhice, que sentia às vezes o corpo a arquear "e assim como se quisesse inclinar-se para a frente", só me ocorreu aquele poemazinho que aprendi na escola primária:

A torre de Pisa,
em Itália,
como qualquer torre,
não fala.
Mas inclina-se para a frente e cumprimenta a gente.
Não é como a torre de Belém que não cumprimenta ninguém.

Depois dizem-me que sou uma criança traquina num corpo adulto. Tem dias...

terça-feira, agosto 02, 2011

Caro Sérgio, melhor e mais precioso que fazer um amigo é reencontrar um amigo vinte anos depois e descobrir  que a empatia, a cumplicidade, o afecto esperaram e permanecem. Obrigada, J.

sexta-feira, julho 29, 2011

Do medo.

Diz que a cidade onde vivo está a tornar-se cada vez mais violenta. Suponho que se passe o mesmo nas outras cidades...
Uma amiga falava-me hoje do medo de andar à noite nas ruas, na tal cidade cada vez mais vilolenta.

Não é disso que tenho medo.
Tenho medo deste mundo em que cada notícia nos enlouquece um pouco mais.
Tenho medo de viver num mundo em que um gajo qualquer ouve música enquanto mata dezenas de pessoas, uma a uma.
Tenho medo desta espécie de gangrena que nos vai aniquilando.
Coisa mais linda!

quinta-feira, julho 28, 2011

Saber esperar.

Uma grande virtude em que sou especialmente inábil.
Estou inabilmente à espera de tudo. À espera das férias para me espraiar naquele cantinho de paraíso onde se ouvem os pássaros e o vento nas copas das árvores.
À espera de mim no fundo de mim.
À espera de inspiração para arrumar esta semper-caótica casa, ou de dinheiro para pagar uma empregada doméstica.
À espera.

segunda-feira, julho 18, 2011

O cansaço não é bom conselheiro, disse-me uma amiga. Daqui a menos de mês e meio vou de férias. Vou concentrar-me nisso. E por agora, pôr uma música suave e relaxar.
Hoje magoei muito uma amiga de quem gosto imenso. Talvez tenha perdido uma amiga, que ela disse que não sabia se poderia perdoar-me. Este meu temperamento explosivo destrói tudo à minha volta. E destrói-me.
Estou triste, muito triste. E tenho que assumir as consequências, tenho que aguentar a dor.

quinta-feira, julho 14, 2011

Há algumas pessoas que parecem ter muita dificuldade em perceber que somos nós que escolhemos o caminho da nossa felicidade, e que o caminho pode ser em tudo diferente dos modelos pré-estabelecidos. E que nem sempre se pode ser completamente feliz, mas podemos ser autênticos. Verdadeiros. Simples. E isso já se aproxima de ser feliz.


Às vezes acho que sou feliz. Outras vezes acho apenas que não sou infeliz. Em todos os casos, sou eu que escolho o caminho.
Falta um mês e meio para ir de férias. E mal posso esperar. Mas ainda posso esperar.

segunda-feira, julho 11, 2011

A super-avozinha

É assim que é conhecida a minha mãe, lá na aldeia, pelos garotos da escola primária. Acho imensa piada, e registo-o aqui para não me esquecer. A minha mãe tem 74 anos e pedala que se farta na sua bicicleta por aquelas ruas fora. É uma mulher cheia de energia, que entretanto tem ficado magrinha e pequenina... Uma mulher cheia duma energia que lhe vem também da necessidade de cuidar dum marido doente e rabugento q.b., o meu pai...

quinta-feira, julho 07, 2011

Sonhos de uma criança quarentona

Aqui há dias dei por mim a dar destino aos milhões de euros que não tenho - em pensamento, pode-se tudo. Portantos, maneiras que é assim: eu vou abrir um restaurante na minha cidade, onde toda a gente vai poder almoçar e jantar. Toda a gente: quem tem e quem não tem dinheiro. Cada um paga pela refeição o que pode e entende: desde rigorosamente nada até... até o que se quiser.

Então e porque é que eu não ganho o euro-milhões?

sexta-feira, julho 01, 2011

Em Agosto faz dezassete anos...

Tenho passado estes dias mais ou menos a leste do que se passou com Angélico Vieira, que aliás não sabia quem era. Mas hoje, porque não estava em minha casa e na casa dos outros mandam eles, vi o telejornal. As imagens do funeral dele tocaram-me muito fundo. Um caixão. Um jovem. E eu recuei dezassete anos até um outro dia, um outro caixão, um irmão com vinte e quatro anos. Foi como se tivesse sido hoje. O meu coração voltou a sangrar. Chego à blogosfera e vejo que não fui a única a quem este funeral de hoje avivou dores que suavizam mas nunca passam. Somos muitos, somos demasiados os que compreendemos por dentro estas perdas.

quinta-feira, junho 23, 2011

Alturas há em que as minhas emoções andam à flor da pele... Tudo quanto leio ou ouço me é motivo para um nó na garganta e lágrimas nos olhos. Nem sempre de tristeza. Hoje não é de tristeza. É de ternura pelas histórias dos outros, pelo riso e pelo choro dos outros, pelas vitórias dos outros também. No fundo, lá no fundo, acho que tenho um coração grande, onde cabem todos os meus amigos e há sempre espaço e um abraço para mais alguém que chegue.

quarta-feira, junho 22, 2011

Nos meus sonhos da noite passada a minha gata Nuvem, que é preta e branca, era preta e cor de rosa. E tinha morrido atropelada num campo de trigo, onde, pela imagem que retive, não passavam carros nenhuns. E chorei muito, claro.

terça-feira, junho 21, 2011

Há alturas em que eu só devia estar sozinha. Sozinha sempre me vou entendendo comigo, com os outros irrito-me e entristeço-me sem porquê. Às vezes penso que se as pessoas me aturam nestas alturas e não me mandam à ... (aí) é porque devem gostar muito de mim.

sexta-feira, junho 17, 2011

Coisas (muito) importantes

Raramente o faço, mas hoje vi o telejornal. E no meio das desgraças várias com que sempre nos presenteiam, informam-me de que o filho de Cristiano Ronaldo vai ser baptizado. Ok.

quinta-feira, junho 16, 2011

Nós e os outros.

Ontem à noite estava no carro a conversar com uma amiga quando uma mulher de meia idade se abeira de nós e nos pede "uma moeda para comer uma sopa". Estava tudo fechado excepto um restaurante chinês ali perto, que de resto já estava a fechar. Eu tinha mesmo pouco dinheiro, considerando que hoje tinha uma conta para pagar. Que se lixe, pensei. A mulher parecia um animal acossado, com fome e com medo. Não parecia uma sem-abrigo, não estava suja, não cheirava a álcool. Estava magra, esfomeada, desconfiada. Agarrou-se à sopa e à tigela de arroz e desapareceu à velocidade da luz para ir comê-las num canto qualquer, suponho. Gostava de ter sabido por onde ela anda para poder dar-lhe pelo menos algo para comer todos os dias, mas ela lançou-me uns olhos imensamente assustados e disse que não precisava de nada.
O Banco Alimentar Contra a Fome chega a estas pessoas? Suponho que nem sempre. Que eu seja então uma sucursal. Que Deus me dê olhos para ver, mãos para dar e um coração disponível.

domingo, junho 05, 2011

Morri. Dêem-me três dias e ressuscito. Quem diz três dias diz três meses, quiçá três anos.

terça-feira, maio 17, 2011

Da dieta, da (in)disciplina e das pedrinhas na sandália

Here am I. Após 15 dias de dieta consegui perder 2 kg e vários cm de largura, o que me anima a continuar.
De resto a vidinha vai-se empurrando, às vezes com um sorriso, outras vezes com a minha cara de boxer das ocasiões de neura. Esta da "cara de boxer" disseram-me, foi um elogio que me fizeram. A verdade é que sou demasiado transparente, a minha cara espelha sempre o que sinto. Devia ser diferente. Devia ser diferente em muitas coisas. Por exemplo, um exemplo rasteirinho, manter a casa arrumada, que a minha casa parece muitas vezes (quase sempre) um acampamento. E já vi acampamentos mais arrumadinhos. Caraças, preciso de um Workshop de arrumação. Quem sabe de algum formador disposto a conduzir-me no início deste caminho tortuoso de tentar ser disciplinada?
Além disso, tenho saudades de ler. De me embrenhar em mundos diferentes dos meus, de me emocionar com as histórias de mil personagens, de vogar ao sabor da criatividade de outros. De que estás tu à espera, Dulce Maria?
 Pois é verdade que ando enmimmesmada, centrada sobre os meus problemas pequenos, que nem problemas são. Neuras. Pedrinhas na sandália, que o verão já chegou e eu já arrumei os meus sapatos. Arrumar é força de expressão: pûs de lado.
Aguardo as férias. Nas férias sou mais livre e mais sensata, ouço o mar e o correr do vento nas folhas altas das árvores, rodeio-me de amigos e sou muito mais feliz.

quarta-feira, maio 11, 2011

domingo, abril 17, 2011

Convite

Diz que recebi hoje um convite de Jesus Cristo. Foi-me entregue em mão por três testemunhas de Jeová. Que honra! :) E no entanto, declinei o convite. São tão chatinhos os testemunhas de Jeová. Mas acho que tenho que os tratar bem, porque são seres humanos convictos de que estão a cumprir um mandamento. E parece-me que se temos algo a aprender com eles é a não termos vergonha, muitos de nós, de afirmar a nossa fé.

quinta-feira, abril 14, 2011

Também vos acontece?

Quando não estou nos meus dias, basta que me toquem nalgum ponto sensível para eu explodir de tristeza e raiva. Às vezes a coisa é tão extemporânea que fico com mais raiva e vergonha de mim. E cansada, fisicamente cansada, como sempre que estou triste ou estive agitada. Parece que o meu corpo me pede que me acalme e descanse. Já aprendi que não vale a pena massacrar-me com isso depois, porque o que está feito feito está, e nem sempre tenho oportunidade de pedir desculpa. Ontem fiz uma cena dessas, e foi a primeira coisa de que me lembrei hoje quando acordei. Depois pensei para comigo, "deixa lá", virei-me para o outro lado e adormeci de novo para sonhar com férias.
Para não dizer "paz à minha alma", que por força das circunstâncias em que habitualmente se diz, é um bocado mórbido, eu desejo paz para o meu espírito e o meu coração. E agora vou fazer o jantar para levar para o trabalho.

quarta-feira, abril 13, 2011

Há dias em que sou uma autêntica criança a quem não podem dizer nada, que a minha sensibilidade está à flor da pele, e até uma brincadeira que me seja dirigida me pode magoar muito.
Quero chamar-lhe TPM, porque enfim, desculpa-me. E pode ser.

terça-feira, abril 12, 2011

Feijão com arroz

Fiz o meu almoço e instalei-me para almoçar: arroz de feijão com pedacinhos de bacon refogado e um ovo escalfado. É inevitável, lembro-me sempre desta música de Chico Buarque quando como isso.

Fiz ontem um voto de simplicidade e pureza: viver com pouco e não desperdiçar recursos. Porque tenho que guardar dinheiro para as férias de Setembro, e porque creio que me fará bem ao corpo e à alma ser disciplinada. E depois porque tenho que me penitenciar, porque é praticamente imoral empanturrar-me de coisas inúteis e comida de plástico, quando à minha volta há cada vez mais gente sem nada.

segunda-feira, abril 11, 2011

Das fotografias do antigamente, das tralhas inúteis e da vida.

As casas onde escolho viver têm todas uma grande tendência para a desarrumação, que eu combato de tempos a tempos. Hoje foi tempo. É tempo. As tralhas que eu acumulo, meu Deus! Coisas de que me esqueço em recantos insuspeitos, em esconderijos com que a minha casa me surpreende. Coisas que sou obrigada a concluir que não me fazem falta nenhuma, porquanto me esqueço delas durante longos períodos.
Hoje encontrei coisas antigas cheia de pó - o pó tem um certo charme, porque confere aos objectos uma aura de passado remoto que nos convida à nostalgia, e a nostalgia é poética. E fotografias. Muitas fotografias dos tempos em que não havia máquinas digitais. E cartas de amigos, e outras de pessoas que já tenho que me esforçar para saber quem foram.
Às vezes imagino que no final da minha vida Deus me mostrará, qual Teresa Guilherme no Big Brother, as cenas da minha vida, e talvez até eu conclua que nem estive assim tão mal, que o encanto das histórias dos filmes é uma questão de banda sonora. As fotografias antigas remetem-me para esse show futuro dos meus delírios. E por isso de certa forma concluo que arrumar a casa tem a sua poesia.

Enquanto arrumava a casa, abri a porta para deixar entrar o sol. Passou o vizinho do lado que se meteu com as gatas e esteve um pouco a conversar comigo. Perguntei-lhe pela esposa, que está internada em Coimbra. Nos cuidados paliativos, disse ele.
E fico a pensar na p***a da vida, no sofrimento e no fim, e sobre isto calo-me, porque não me ocorre nada de inteligente.

quarta-feira, março 30, 2011

Lembretes

De vez em quando escrevo lembretes para mim no telemóvel, datados para dias depois de os escrever, com mensagens positivas e esperançosas. A ideia é recordar coisas boas quando já me esqueci delas. Hoje às 16 horas o telemóvel fez-me sinal: "Não esqueças que o Senhor do universo te ama." Fez-me bem.

sexta-feira, março 18, 2011

Para ti, que não me lês.

Tenho algumas coisinhas para te dizer. Infelizmente consegues perturbar-me e não consigo dizer-tas cara a cara.

Não me parece que esse feitiozinho de m--da que te caracteriza te seja de alguma forma benéfico, mas percebo que também não te incomoda, porque o teu coração é uma espécie de lugar vazio onde não habita nenhuma espécie de tristeza ou compaixão.
Sabes? Se eu pudesse não convivia contigo. Mas como não é possível garanto-te que um dia vou aprender a ignorar-te.

quinta-feira, março 17, 2011

5 anos



Cinco anos conta hoje a minha gata Nuvem. A Nuvem mais linda, doce e teimosa de todas as nuvens que há no céu e na terra. Parabéns, gata!

terça-feira, março 15, 2011

Não costumo falar de política. Ultimamente contudo sinto necessidade de me informar e de, tanto quanto possível, participar. Porque sim. Porque isto não vai lá com gente desinformada.

sábado, março 12, 2011

Desabafo muito meu

Sophia de Mello Breyner não merecia um filho como Miguel Sousa Tavares. Não merecia, não senhor. Que ela foi uma grande mulher.

quarta-feira, março 09, 2011

Ontem fiz 45 anos. Sou definitivamente uma pessoa crescida. Mais de metade da minha vida já passou, penso eu. Não sei bem o que acrescentei de belo ao mundo, mas estou cá, essa é verdade, e o mundo a mim trouxe-me coisas belas.

As minhas colegas de trabalho ofereceram-me uma máquina de sumos igualzinha a esta. Experimentei-a agora mesmo. Sumo de morango e uva. Muuuito bom!

domingo, março 06, 2011

Sobrinho Tomás

"Eu lembro-me das coisas porque o meu cérebro é novo. O vosso já é um bocadinho velho."

Não é que é verdade?

quarta-feira, março 02, 2011

A infância não morre.

Prestes a fazer 45 anos, pedi ao meu irmão uma prenda de aniversário: que faça um baloiço no terreno que circunda a casa dele, onde eu possa andar.

Caminhar

Caminhar 40 minutos. Que bem que me faz! Deixa-me as pernas trôpegas e a alma tranquila. E as pernas trôpegas eu sei que é só enquanto estou perra.

terça-feira, março 01, 2011

Passeios

A natureza dá-me uma paz imensa. A primavera anda lá por fora a semear flores pelas ruas, nas árvores, nos jardins, a encher de verde os nossos caminhos para nos alegrar. E a mim alegra-me muito. Mais do que alegrar-me, deixa-me completamente em paz comigo, esquecida das questõezinhas pequenas do dia a dia.
Hoje fui passear. Fui até à praia de Quiaios, rever aquele sítio onde há muitos anos, muitos mesmo, fui tão feliz! Eu tinha dezasseis anos. Durante 15 dias em Agosto fiquei à solta num acampamento organizado pela Cáritas. Foi tão fixe! Fiz imensos amigos e esqueci-me de tudo. (Até me esqueci de telefonar para casa durante esses quinze dias...).
E hoje fui então visitar a praia de Quiaios. Estava linda! Uma ventania enorme, milhentas gaivotas, areal e mar a perder de vista.
Depois decidi subir à Serra da Boa Viagem. E descer a Buarcos. O meu coração estava inundado duma paz maravilhosa.
Infelizmente não há fotografias. Mas trouxe ainda restos de tranquilidade. E tanto que eu precisava dela! Hei-de voltar!

Gostar de piadas tontas

Beber café impede-me de dormir, sim. Mas em contrapartida dormir impede-me de beber café.

sábado, fevereiro 26, 2011

Eu preciso muito de me pacificar.
Há pessoas que parecem ter nascido para desestabilizar. Pessoas que entram em determinado sítio e gelam o ambiente. Pessoas que cortam a vontade de comunicação, a alegria, o sorriso. Pessoas talentosas cujo talento é destruir. Nem sempre é possível evitar o convívio com esse tipo de pessoas. Eu preciso de apurar a minha paz para conseguir passear tranquila sobre as águas tumultuosas.

terça-feira, fevereiro 22, 2011

Tomás

Um dos amores da minha vida. 6 anos hoje. Parabéns, meu menino doce!

(Conversa ao telefone:
- Sabes, tia, fui ao cinema.
- Sim? E o que foste ver?
- Uma menina que tinha muito cabelo.)

domingo, fevereiro 20, 2011



A minha alma tem andado assim: sombria, com pequenos laivos de sol. Razões... porquê, são precisas?

sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Há pessoas e situações que me deixam possessa, cheia de raiva, revoltada e pouco racional. Sei que é mau mas ainda não aprendi a controlá-lo.
Conheço quem não seja assim intempestivo, mas alimente uma satisfação interior com o mal que acontece aos outros. Disso, eu não sou capaz. Nem queria.

Do meu baú de "recuerdos"

Nós duas

O muro da escola.
Hoje caminhei por cima de um que era tal e qual... :)
E perguntei à menina dentro de mim
se lhe parecia lógico
fazer aos quarenta anos as mesmas tontas tropelias que fazia ao sete.
Respondeu que sim, a garota.
Que era lógico e saudável.
E do alto dos quarenta anos,
do alto do muro,
dei-lhe razão.

Nunca vou crescer e não quero!

(Conquanto a vida traga no ventre adultices
impossíveis de ignorar,
madurezas não pedidas,
podridões também...)

sexta-feira, fevereiro 11, 2011

Combater a letargia

Escrever é apenas mais uma das muitas coisas boas que não me tem apetecido fazer.
...
Devagarinho, começo a mudar, a retomar rotinas pequenas que me animam, como simplesmente caminhar. Primeiro é preciso empurrar-me, mas depois o próprio caminho me convida a libertar-me.
Tenho saudades de mim. Tenho saudades de entusiasmo, de motivação, de riso, de vida. Porque ando muito amorfa, muito abandonada, muito velha e muito gorda.
Blharc.

sábado, janeiro 29, 2011



Tirei uns dias de férias. Mas sem dinheiro para grandes devaneios, elas têm sido caseirinhas, com vislumbres de luz e de coisas pequenas e bonitas, como flores silvestres, chão molhado e conversas com crianças.
Ainda assim ando um bocadinho aborrecida: porque esta casa nasceu desarrumada e tarde ou nunca se endireita, porque tenho taaanto!! frio, porque me dão ganas de fazer e ter coisas que provavelmente nunca farei ou terei... e porque estou gorda como um texugo.
Ok, tudo isto tem solução, e a solução é o esforço, que é precisamente aquilo que por ora o meu corpo e a minha mente recusam.

Entretanto leio um livro, sentada num pouf, encostadinha ao aquecedor: Bipolar, Memórias de Extremos, Terri Cheney.

sábado, janeiro 15, 2011

Bem, parece que não me calo.

Não é que tenha que o fazer, mas era melhor. Porque estou cansada de tudo e de coisa nenhuma, porque me tenho desconhecido (e também reconhecido) numa não-vontade intermitente, persistente...
Ando irritante, eu acho. E sem paciência.
A vida ensinou-me que estas coisas passam.
Vou esperar.

(Obrigada por gostarem de mim. Ajuda.)

quinta-feira, janeiro 13, 2011

O silêncio é de ouro.

... vou abrir uma ourivesaria.

(Que é como quem diz que vou remeter-me ao silêncio, rodear-me de silêncio, reorganizar-me em silêncio. Porque tenho pouco a dizer, e porque me parece que preciso assim de uma espécie de... retiro.)

E quando és tu a errar (muito)?

Tenho passado um longo período a descrer dos outros, a proteger-me de quem me faz mal, ou me quer mal, e ontem descobri que tenho sido muito...