sábado, dezembro 06, 2014

Dói-me a cabeça. Muito, muito. Por mim, não ia trabalhar; enfiava-me na cama à espera que o mundo girasse um pouco mais, para ficar exactamente igual. Pois, mas se fizesse isso, eu ficaria exactamente diferente no final do mês: para pior. E para pior, cantava o outro, já basta assim.

sábado, setembro 13, 2014

O facebook não basta. Não é possível abrir a alma no facebook. Nem se deve. O blogue é mais intimista, menos apressado, mais pessoal. Ainda assim também não é aqui que posso falar do que vai cá por dentro. Este meu "cá dentro" é um mundo do tamanho cá de fora. Não consigo nem posso dizê-lo. Às vezes tenho a sensação de que me engasgo e me afundo no meio do que sinto. Sou pequena demais para mim, pequena demais para suportar e conciliar o que sou. Em certas alturas, como hoje, como agora, suplico a Deus um abraço de pai, com direito a lágrimas meninas  no tecido da Sua veste, contra o Seu peito. Eis-me à beira dos cinquenta anos, e tão precisada dum pai como um recém-nascido. Shame on me. Ou, como dizia a minha mãe antigamente, vergonha te mate. Vergonha tomate.

quinta-feira, setembro 11, 2014

Gostava de saber de que massa sou feita para a dor dos outros me doer como dói. Quem me pôs cá dentro este coração que se magoa em cada ferida daqueles que amo.

sexta-feira, setembro 05, 2014

Sim, eu sei, falamos de tudo, sem antes procurarmos compreender coisa nenhuma. Sim, eu também.

terça-feira, julho 01, 2014

domingo, junho 22, 2014

Sobre a sorte e sobre Deus

Falava há uns dias com a Vilma (http://coisasdemim.blogspot.com) sobre sonhos de grandeza, euromilhões e assim. E sobre a confiança em Deus, e sabermos que Ele não deixará que nos falte nada. Apesar da minha fé em Deus, e de querer cada vez mais fazer de Cristo meu modelo e meu amigo, não posso deixar de ser um pouco reticente a esta ideia. Porque enfim, vejo no mundo tanta fome e tanta miseria, pessoas em condições sub-humanas... Nunca direi que Deus seja culpado disso, sei que os culpados são os senhores do mundo e de alguma forma todos nós, que olhamos e pensamos pouco nos outros. Mas Deus permite que a muitos de nós falte o essencial, e a esses não lhes basta a fé. Aliás, esses não terão condições de ter fé, porque têm que procurar sobreviver....

quinta-feira, maio 15, 2014

(des) Abafo

O Amor não vem. Não é para mim. Não consta do cardápio da minha vida. E tenho pena, pronto.

quarta-feira, março 19, 2014

Infância

Quando eu era pequenina comia-se chocolate uma vez por ano. Era normalmente em Agosto, no tempo em que os vizinhos emigrantes vinham passar as férias e o traziam. Chocolates e caramelos de nata, que se colavam aos dentes e eram tão bons! Às vezes traziam roupa e alguma ia ter lá a casa. Diz que eram "as patroas" que a davam. Roupa colorida e perfumada. Há dias um perfume qualquer evocou-me esses dias e eu pensei "cheira a França". Eu tinha três irmãos. Não conhecíamos o "é meu". Era sempre tudo nosso, tudo a dividir por quatro. Era bonito isso, eu acho. Uma vez a minha mãe mandou-me dar um recado a uma vizinha emigrante, e a vizinha deu-me uma tablete de chocolate inteirinha, grande! Grande eram 100 gramas. Eu estava sozinha, ninguém sabia, podia tê-la guardado toda para mim. Mas havia aquele "a dividir por quatro" na minha cabeça. Hoje comi sozinha um Crunch e lembrei-me desse tempo. E do cheiro das bonecas (tive duas) que eu sei exactamente qual é, um cheiro doce e novo e limpo, um cheiro tão reconfortante... nunca conseguimos explicar os nossos "cheiros", e é por isso, por serem tão nossos, que nos fazem felizes.
Um dia, já eu andava na escola na vila, naquilo a que então se chamava o "ciclo preparatório" teria uns 10 ou 11 anos, um amigo dos meus pais levou-me a um café e comprou-me um chocolate. Um "Coma com Pão". Comi-o sem pão. Sozinha, porque aí já as coisas tinham mudado um pouco, já havia coisas minhas. Lembro-me ainda da surpresa imensa e da gratidão. O valor que eu dava a estas coisas. E hoje, em meia hora, enquanto vagueava no facebook, comi 100 gramas de chocolate. Se eu fosse ainda menina, saberia agradecê-lo. A mim própria talvez, à vida, ao meu trabalho.

sábado, fevereiro 15, 2014

Pecadora me confesso...

Às vezes sou invejosa. Invejo as pessoas que conseguem tudo, trabalhar, ser exemplares na sua família, ter sempre tudo organizado, casa limpa como se não vivesse lá ninguém... É pá, ou há gente sobre-dotada de talento ou eu sou... sei lá, sou.

sexta-feira, fevereiro 07, 2014

quarta-feira, janeiro 22, 2014

Eles.

É meu irmão. Vive do outro lado da dor, no reino da luz, onde o tempo não conta. Faria hoje 44 anos. Tem 24, a idade com que ficou na nossa memória. Ó meu irmão feito saudade aqui, aproveita agora a tua plena liberdade e lembra-te de nós.
É meu pai. Faz hoje 82 anos. Vive num estado entre luz e trevas que não conseguimos penetrar. Acamado, tanto nos olha e parece reconhecer, como nos desconhece ou ignora. Manifesta contudo as suas preferências por uma ou outra funcionária do lar onde está, com grandes sorrisos infantis e sem dentes. É a criança velha que eu nunca conheci. É um pai novo, longe da austeridade que sempre teve. Não sei se "parabéns" se aplica, pai. Não sei se nessa forma de ser quase vegetal faz algum sentido dizer-te parabéns. Costumavas somar a tua idade à idade do A. e dizer "hoje fazemos x anos!". Pois bem, como já não sabes fazer contas, eu digo-te: hoje tu e o teu filho fazem 126 anos.

sexta-feira, janeiro 17, 2014

Nem te deste conta da sorte que tiveste!

Isto me disse um amigo hoje, quando desabafava com ele sobre o quanto várias pessoas e coisas me têm desiludido.

E é verdade.

Deus protegeu-me de pessoas e situações que poderiam ser muito más para mim, e eu ainda me queixo?

Aquilo que eu pensei: esta pessoa enganou-me, não gostava de mim, desapareceu.
Vejo agora as coisas de outra forma, com o auxílio do meu amigo. Deus rodeou-me de protecção e disse-lhes: Afastem-se da minha menina!

Obrigada, Pai. E perdoa-me por ser tão tonta.

sexta-feira, janeiro 10, 2014

Sobrevem um desânimo

...quando constato que, mais do que adulta, ainda acreditava em contos de fadas. Eu ia sendo a gata borralheira que se preparava para ser Cinderela numa festa sem fim, e depois havia de ficar perdida no bosque negro quando descobrisse que não era à festa que queriam conduzir-me. Eu preocupei-me muito com a saúde de alguém que não estava doente, eu amei alguém inventado, eu fui tão tão tão ingénua! As teias da net prestam-se a isso, quando um vigarista encontra uma alma de criança e alguma falta de auto-estima à mistura. Felizmente existem os amigos. E os amigos dos amigos que nos alertam. Os amigos que nos trazem pela mão de volta ao caminho plano onde há luz sem ser de fingir.
Mas sim, fiquei desanimada. Não tive como não ficar.  Só um bocadinho.

terça-feira, janeiro 07, 2014

Dos trambolhões

Têm sido mais do que muitos. Ainda estou de pé, ou então estou ainda mais de pé por causa deles. Aprender que a crueldade e a mentira existem e tomam as formas que menos se imaginam era ensinamento que há muito a vida podia ter-me dado. Ela tentou, mas nunca o aceitei. Agora, aos quarenta e sete anos, cheia de arranhões e crostas a sarar no corpo e nos sentimentos, agora acho que já sei. Obrigada, vida! E porque apesar de tudo me deixas continuar menina.

E quando és tu a errar (muito)?

Tenho passado um longo período a descrer dos outros, a proteger-me de quem me faz mal, ou me quer mal, e ontem descobri que tenho sido muito...