sábado, setembro 30, 2006

PROFESSOR BLY

Enervam-me o mais possível os papelinhos que me deixam no limpa-pára-brisas do carro. Especialmente estes, os dos srs realizadores de desejos e afastadores de maleitas.
Mas a este, confesso, achei alguma graça. Reza assim:
PROFESSOR BLY
Grande e célebre médium e vidente Africano
Nada acontece por acaso. Há sempre um motivo. Consigo felicidade total, casos difíceis e delicados, inexplicáveis. Faz voltar amigos, sentimentos, reconciliações e união familiar, impotência sexual, infertilidade da mulher e do homem e qualquer doença do espírito e do corpo, negócios financeiros, atracção da clientela, sorte no jogo. Protecção contra invejas e mau olhado, droga álcool, justiça contra todos os perigos e para a sua tranquilidade. Pagamento após resultado.
Ora vejamos: o homem consegue felicidade total. Ainda bem para ele. Casos inexplicáveis e difíceis também eu consigo, sem nada fazer por isso. O homem faz voltar coisas boas, mas também faz voltar a impotência sexual, a infertilidade e qualquer doença do espírito e do corpo. Quem é que que o deseja? Quem estará disposto a pagar para isso?
Só mais uma pergunta: Sendo vidente, a criatura não vê que o texto está mal escrito?
E ainda outra: com um professor assim, como não andará de rastos o ensino em Portugal?
Ó sra ministra da educação, ponha mão nisto!!

quinta-feira, setembro 28, 2006

Arejar um pouco a conversa

Sim, que o post anterior já começa a cheirar mal (literalmente).
Hoje não estou nos meus dias, foi dia de formação, estou cansada e ainda por cima com dor de barriga, mas amanhã penso estar melhor. E espero.
O que vinha aqui contar, só visto é que tem graça: a minha gatinha pequena (de nome Nuvem) a tentar apanhar com a pata a água que corria na torneira do lavatório. Que se passará nas cabecinhas pensantes daqueles animais ditos irracionais?

quarta-feira, setembro 27, 2006

Muito me contam!

Li agora na Wikipédia que "o queijo e o vómito possuem o mesmo odor em comum. O ácido butírico é o composto que dá um cheiro azedo característico a ambos."
Bom, pergunto eu, qual dos dois terá maior concentração de ácido butírico?
E se é certo que um queijo pode "tornar-se vómito" (isto é, vomitar-se), penso que dificilmente dum vómito se pode fazer um queijo.

LOL

Não estão a sentir-se assim um pouco indispostos?
É do ácido butírico...

terça-feira, setembro 26, 2006

Mimenina

Lembro-me de ir com o meu irmão mais velho, noite escura, comprar leite a uma vizinha que tinha uma vaca.
Lembro-me de não ter medo nenhum do escuro, e de ser apontada como exemplo ao meu irmão.
Em contrapartida, tinha um medo terrível das trovoadas. Escondia-me debaixo da cama e ninguém me arrancava de lá. Lembro-me perfeitamente de me parecer, nesses dias, que o tecto do meu quarto tombava para o meu lado. Em qualquer dos lados para que eu me dirigisse. E por isso, debaixo da cama sentia-me melhor. E o meu irmão mostrou-me uma vez um pára-raios que havia na parte de trás da casa, e disse-me que aquilo impedia o raio de cair na casa. Em boa verdade, não confiei muito naquele aramezito...
Lembro-me de ir visitar a minha avó:
- Que querem vocês, meninos? - perguntava ela.
- Não é preciso nada, avó.
- Não é preciso, é pra quem morre...
Coitadinha da minha avó, que me dava bolachas de água e sal (ela era diabética) e eu escondia-as todas atrás duma sardinheira que havia encostada à parede. Não gostava mesmo daquilo...
E lembro-me de ir para cima do telhado da casa da minha outra avó, apanhar arroz-dos-telhados. Quem sabe o que é arroz-dos-telhados? Não, não se come... é uma planta que nasce nos telhados velhos e tem uns bagos verdes que parecem arroz, excepto na cor. Servia para brincarmos às cozinheiras.
E as camarinhas nas dunas, à beira mar?
E lembro-me de achar que as janelas das casas se pareciam com quem lá vivia. Eu olhava para o "rosto" das janelas e via-lhes traços do rosto dos donos ...
E na missa? Quando o padre dizia "Eis o mistério da fé" os fiéis, que estavam de joelhos, levantavam-se. Então eu achava que o padre se enganava, e ficava sempre à espera de o ouvir dizer a coisa correcta: "Eis o mistério de pé!"

E hoje estou aqui a lembrar-me disto, e já devia estar a dormir...

segunda-feira, setembro 25, 2006

O amor, a amizade, a solidão e as vacas


As vacas

(imagem tirada daqui) estão para disfarçar, e por causa dum filme qualquer que me lembro de ter passado nos cinemas com um título parecido.

Então é assim: hoje estou cansada. E quando estou cansada fico carente. Fica a apetecer-me um abraço, colinho, mimo, nem sei bem o quê. Quando estou muito cansada, fico com pena de mim própria, que vivo sozinha e não tenho ninguém que me ame, coitadinhazinha! O que não é, nem de longe nem de perto, verdade. Quer dizer: vivo sozinha, sim. Mas tenho um coração cheio de amigos; o amor incondicional dos meus pais; uma ligação fortíssima, visceral, direi, aos meus irmãos; um amor quase impossível aos meus sobrinhos. Estou super-povoada, portanto!

E no entanto, em dias como hoje, sinto-me só.

Hoje, no decurso do meu dia cansativo, uma mulher disse: "Nós sem os homens não somos ninguém!". Saltei na minha cadeirinha e perguntei: "Quem disse?!". Toda a gente olhou para mim e riu, que eu sou a contestatária de sempre, a feminista de sempre (serei feminista?), a defensora dos frascos e dos comprimidos (fracos e oprimidos).

E, caramba, gosto de mim. Sim, gosto. Porque sou íntegra e autêntica, e não vivo segundo os padrões dos outros, se não forem os meus. Orgulho-me de mim. E nem sei se isto me fica bem, e nem sequer me importo. Não, não sou vaidosa. Agarro-me ao que tenho, às minhas convicções, ao pé firme que sabe para onde não quer ir... e já fiz algumas incursões por onde não queria, sim... :)

Acho até que só esta força, e a fé em Deus, e o amor aos meus muitos amores, me ajuda a superar as minhas fases depressivas, que são relativamente frequentes, e às vezes bem fundas.

Ontem conversava eu com uma amiga no MSN, e fiquei com muita vontade de lhe dizer o quanto gosto dela. Porque - embora eu seja muito afectiva e verbalize bastante os meus sentimentos - às vezes acho que pecamos por não dizer. Porque podia fazer diferença. Porque um dia perdemos as pessoas, ou elas perdem-nos...

Pensava eu ontem o quanto gostava dessa minha amiga e porquê. Porque ela, uns vinte anos de mais vida vivida do que eu, corrige-me muitas vezes, faz-me às vezes reflectir que não tenho razão no que penso ou no que sinto, mas eu percebo que ela gosta de mim, mesmo quando estamos em total desacordo. Acho que só os amigos AMIGOS conseguem essa proeza.

Confesso que não gosto muito de críticas. Nem mesmo das chamadas construtivas, porque sempre destroem antes de construirem. Defeito meu, provavelmente. Eu acho que só quem me ama tem o direito de me criticar. Os outros podem sugerir diferente. Sugerir não é criticar.

E eu sei que esta opinião sobre as críticas é discutível. E até sei que em certo ponto nem eu concordo comigo.

Mas pronto. Este texto comprido e quiçá desconexo, teve o condão de afastar os meus pensamentos da auto-comiseração e da solidão.

O meu bem haja a este texto.

E os parabéns a quem conseguiu lê-lo.

domingo, setembro 24, 2006

Como uma amiga me vê

Cara de bolacha
Coração de manteiga
Cabeça de coco duro - mas com muito sumo.


Sim, senti-me perfeitamente retratada... :)

Febre?

Estou há duas horas a passar a ferro! Desde que eu sou livre de mandar na minha vontade, isto nunca aconteceu...
Alguém tem um termómetro que me empreste?

Ao trabalho!!

É erguer, é erguer!!
Após um período de inércia (sou muito dada a ela) ponho mãos à obra: Uma montanha de roupa para passar a ferro, separar, arrumar; pó para limpar (Lembra-te, Homem, que és pó, e que te deves limpar!), tornar a minha casa mais habitável para mim e para as gatas, estes são os projectos já em execução para esta tarde!

Ainda não vos disse, mas digo agora, vou ter uma afilhada moçambicana, de 10 anos. Já tenho, aliás, ela é que ainda não sabe! Aderi a este projecto, acho de verdade que pode fazer diferença.
E pronto, com licença, vou passar a ferro!

sexta-feira, setembro 22, 2006

Momento

Deito-me por um instante a sentir o aconchego da cama e da escuridão, e ouvir a chuva do lado de fora. Puxo a Nuvem para mim e digo-lhe "Estás a chover lá fora". E abraço-a, à minha gatinha Nuvem, mais do que ela quer ser abraçada. Debate-se, e eu abraço-a, seguro-lhe as pernas prontas para o salto. E ela queixa-se, na sua voz débil de gata criança. Vem a pseudo-mãe Julie, em seu socorro. Vêm sempre em socorro uma da outra. Perco o meu tempo a explicar-lhes que sou a dona, sou a dona, obedece-se sempre à dona, mima-se sempre a dona!
- Elas já lá vão, dona Dulce! - canta-me a chuva a bater nos estores, lá fora.
Gatas independentes, lindas! Enfim, quem sai aos seus não é de Genebra.
E então levanto-me e venho computar, pensando que mais sensato seria ir fazer o almoço para levar amanhã para o trabalho.

Balanço positivo

Cheguei com os pés pertinho das estrelas.
Voltei.
E principalmente porque sinto saudades vossas, da presença que me deixam em forma de palavras.
Este blog é um amigo que me traz muitos amigos.
É uma janela aberta para mundos que doutra forma não veria.
Gosto de estar aqui.
OBRIGADA!!!

quarta-feira, setembro 20, 2006

Aviso

Encerrado para balanço.
Prometo balançar rapidamente.

O mar no meu baldinho de plástico.

Às vezes tenho vergonha de mim.
De ser tão naba e ingénua.
De pensar que posso resolver as coisas e ajudar o mundo, assim: transportando o mar no meu baldinho de plástico.
:(

segunda-feira, setembro 18, 2006

As desculpas não se pedem,

evitam-se. - Dizem alguns, seguros da sua razão.
Eu, que tenho sempre muitas dúvidas e todos os dias me engano, não sei.
Peço desculpa, sim, peço sentidamente.
Até que o outro, às vezes talvez por cansaço, me perdoe.
Peço e sinto necessidade de pedir desculpa de todas as vezes em que deixo a raiva tomar conta de mim, e depois vejo que não tinha razão para isso.
Mesmo quando são as circunstâncias que me enganam, sinto-me sempre muito mal por dar mais crédito às circunstâncias que às pessoas.
"Por favor, desculpa." Digo-o muitas vezes.
E sinto sempre que dizê-lo de coração aberto é o único bálsamo possível. Para todos os ferimentos. (O agressor também se fere.)
As desculpas nem sempre se podem evitar.

sábado, setembro 16, 2006

Vocês lembram-se?

"Eu quero um homem / Homem muito brasa / Pra meter na mala / E levar pra casa"

A minha versão:

Eu quero um homem,
homem muito brasa,
pra pagar metade
das despesas lá de casa...

E não, não se candidatem. Isto não é um anúncio! LOL

Pensamento do dia

Em cada gordo há um magro que tenta libertar-se.

(Como se diz na RFM, "já agora, vale a pena pensar nisto".
... Valerá?)

quarta-feira, setembro 13, 2006

Ok, eu explico.

Porque o Jorge perguntou, eu explico:
Sim, fui professora. Desde pequenina que queria ser professora. As crianças são inconscientes, toda a gente sabe. Menos as crianças, claro. Eu fui criança muiiiiiiiiiiito tempo. (Ainda sou, mas não a tempo inteiro). Estudei para ser professora de português e francês. Quando passei do sonho à realidade, o sonho assumiu contornos de pesadelo.
O que mais me custava? Sendo franca: a única coisa que me custava era a indisciplina de alguns alunos. É que tenho uma (velha) má relação com a autoridade. Confundo autoridade e autoritarismo, não nos conceitos mas na prática. Não sou autoritária, mas também não sou autoridade. E na escola, é muitas vezes preciso. Sofri muito, durante mais ou menos cinco anos.
Durante todo o tempo fui procurando alguma airosa saída para escapar daquela angústia.
E finalmente, encontrei-a: Há 7 anos que trabalho num centro comercial, e apesar dos horários marados, de ganhar menos e das outras desvantagens que vocês possam imaginar, sinto que só ganhei.
Ainda hoje, se vou a uma escola, arrepia-me o toque da campainha, o "pega nas chaves, repõe as chaves, agarra o livro de ponto, arruma o livro de ponto..." Para mim essas rotinas são uma espécie de aguilhão. Se houver inferno, e se eu lá for parar, tenho a certeza que me vão obrigar a dar aulas.
Dito isto, ponto final.

(Já agora, Jorge, eu não consigo comentar lá no teu blog. Acho que é desde que ele é blog beta. Realmente, os betinhos nunca se deram comigo... :)...)

terça-feira, setembro 12, 2006

O prometido é de vidro

Cá vai então a história da casa do avesso, produto de algumas horas a imaginar e a escrever no quadro, e a retocar pormenores. Com meninos do quinto ano, saliento. Aproveitando para falar de figuras de estilo e de outras coisas que me ocorriam. Tenho pena de não conseguir passar para aqui as ilustrações, da autoria da Luciana, no livro grosseiramente "manufacturado" :)).
Aí vai:

A casa do avesso
Numa cidade suja, fria, triste, onde as pessoas viviam tão tristes que pareciam também sujas e frias, havia uma casa que não era como as outras. Era uma casa cor de rosa, com varandas brancas. No meio da confusão da cidade, aparentemente não se distinguia das outras. Mas tinha as janelas sempre abertas, e se algum habitante da cidade suja olhasse para dentro, via o céu azul.
Os habitantes da cidade rapidamente passaram a notícia uns aos outros, porque não estavam habituados a ver o céu limpo sem os fumos das fábricas, e aquilo parecia-lhes magnífico.
Uma a uma, todas as pessoas tristes, tão tristes que pareciam sujas e frias, começaram a encaminhar-se para a casa cor de rosa, onde ficavam horas, deliciadas, a olhar o céu.
E um dia, um menino que, ao colo da mãe, espreitava pela janela, perguntou:
- Mãe, não podemos entrar?
A mãe olhou para ele, depois para os outros habitantes da cidade suja, que olharam uns para os outros. E um velhote de barbas brancas, compridas, rugas profundas, disse:
- A criança tem razão. Devemos entrar.
Concordaram todos. e devagarinho, silenciosamente, foram entrando na casa cor de rosa, com a sensação de que pisavam um chão sagrado e não podiam fazer barulho.
- Oh! - disse o menino.
- Oh! - disse o velho.
- Oh! - disseram todos os habitantes da cidade.
E depois calaram-se, porque o que havia dentro da casa era tão espantoso que ninguém encontrava as palavras certas.
Por uma extensão enorme, que ninguém soube como é que tanto espaço cabia dentro da casa, as pessoas foram descobrindo florestas, regatos, flores de mil cores e animais de todas as espécies nos seus habitats naturais. Havia papagaios, iguanas, muitas espécies de animais aquáticos, aves raríssimas, e ainda os mansos coelhos, as raposas matreiras, os lobos, etc. Todos os animais viviam felizes e por isso não se perseguiam.
O menino que se tinha lembrado de entrar na casa, aproximou-se de um lobo e perguntou-lhe:
- Levas-me às cavalitas até aquele lago cheio de nenúfares lá ao fundo?
- Claro - disse o lobo.
Puxou o menino pela camisola, o menino sentou-se, agarrou-se ao pescoço do lobo, e os dois partiram felizes, para ver os nenúfares e descansar junto às águas límpidas.
Chegado ao lago dos nenúfares, o menino debruçou-se sobre as águas. Lá em baixo era um mundo novo, cheio de peixes de todas as espécies e cores.
O lobo olhou a criança com olhos cheios de ternura e começou a ensinar-lhe coisas diferentes da cidade suja.
- Sabes, o mundo não é igual a esta cidade. O mundo tem sítios bonitos, limpos, cuidados, e nesses sítios é agradável viver. Há longos anos, um homem que vivia numa pequena montanha verde e fresca, veio visitar esta cidade. Achou-a triste e suja como ainda hoje é. O homem da montanha tinha um coração bom. Pensou que quem aqui vivesse andaria sempre triste. Primeiro sentou-se junto dum prédio sujo, e chorou por causa da sua tristeza e por causa da tristeza dos habitantes da cidade. Depois, cansado de chorar, resolveu: "Tenho de fazer alguma coisa!" Voltou para a sua montanha e começou um trabalho difícil, mas que fazia com tanto amor que chegava a parecer-lhe fácil. Todos os dias tirava da sua montanha um veiozinho de água, uma planta pequenina, uma semente ou um animalzinho novo. Todos os dias percorria o caminho até à cidade e depositava os seus presentes nesta casa. Nesse tempo, esta era apenas uma casa velha e abandonada. Mas a natureza tem o poder de crescer, de se tornar cada dia mais bela... Passaram muitos anos, e ninguém reparava na oferta do homeme da montanha. Até que tu pediste para entrar... Agora gostaríamos muito - falo também pelos peixes, pelas aves, pelas águas... - que as pessoas da cidade viessem viver connosco dentro da casa do avesso. Com uma condição: que o mínimo raminho verde, a mais pequena gota de água, a mais frágil avezinha, sejam aqui respeitados para sempre.

A casa do avesso

Era uma casa numa cidade suja, uma casa que tinha dentro a vida verdadeira. As florestas, os animais, o verde verde e o azul azul. Foi uma história que fizemos em conjunto, eu e uns meninos do 5º ano na escola de Oliveira do Hospital, em 1998 / 1999, o último ano em que dei aulas.
Essa turminha era deliciosa, e eu era quase mãe deles todos. Tenho saudades destas coisas boas do ensino. Mas para mim, as más pesavam mais!
Querem que vos conte "A casa do Avesso"?
Ah! O título foi-me sugerido por uma maquette duma casa, da autoria duma professora lá da escola. As janelas estavam pintadas de azul céu, daí...

'Tou um bocado tóina,

'tou sim! E foi só uma sangria. Mas a minha juventude já lá vai (alguma), os tempos de farra ficaram para trás, e a minha resistência ao álcool é escandalosamente pouca.

Os "alcoóis", o chouriço e os caracóis

Xu, são duas e tal da manhã e venho a chegar a casa. Acontece poucas vezes, mas hoje fui para a borga depois do trabalho. Tinha uns amigos à espera e lá fui mostrar-lhes um bar muito giro, onde há boa música, ambiente sereno (dá para conversar), uma sangria divinal, uns chouricinhos assados, uns queijinhos... huuum! (Não, caracóis não, estão no título só para rimar).

Acho que a sangria me inspirou.
Tu és uma miúda que eu admiro, e particularmente pela tua inquebrantável alegria. Como ontem não o escrevi, faço-o hoje: PARABÉNS, Xu!! Ainda espero provar uma das tuas caipirinhas, comemorando contigo, um ano destes, mais um aniversário. Mas olha, eu prefiro sangria...

domingo, setembro 10, 2006

Água


Foi um email que eu recebi. Dizia que tinha que beber oito copos de água por dia, ou mais, se pretendia que o meu cérebro funcionasse bem. E agora, porque bebo realmente pouca água, penso sempre que as minhas ideias sufocam, por falta de água onde nadar. Dê-se-me portanto o devido desconto. Aí uns cinquenta por cento.

Entretanto trouxe o garrafão para o pé de mim, estou no caminho de resolver o problema... :)

sábado, setembro 09, 2006

Não sei se eu,


não sei se algumas outras pessoas...
Alguém faria bem em apanhar uma navezinha para Marte e ficar a viver por lá uns tempos.
(Ó srs cientistas, descubram depressa um cantinho alternativo, porque todos aqui começamos a ser muitos. Demais. Principalmente se se ignoram as mais elementares normas de convivência, a saber:
- sejamos Dr, Eng. ou Agricultor, somos gente. Todos. Tenhamos vinte pulseiras de ouro ou uma farda de trabalho;
- não devemos esquecer palavras elementares, e que fazem toda a diferença: "por favor", "obrigada", etc...)

quinta-feira, setembro 07, 2006

Está nos genes :-)

Quando eu era pequena, a minha avó comprava confeitos de pinhão, na Páscoa, e guardava-os para nos ir dando, a mim e aos manos.
Mas eu todos os anos descobria o esconderijo das "amêndoas" e era um vê se t'avias.
A minha avó chamava-me estuporina, bruta de merda.
- Ó mããe!!! Olhe a avó a chamar-me nomes!
- O que é que t'eu chamei, bruta de merda?!

Agora a minha gata pequena agarra com unhas e dentes o pacote dos biscoitos de queijo, racionados por mim. Descobre-os onde estiverem, excepto se dentro dos armários, porque não consegue abrir as portas.
Acho graça.

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Festa!!!
Este é o post número DUZENTOS. Já escrevi duzentos textos aqui. Parabéns a quem os leu todos.
E que se apresente, pode ser que haja prémio.

quarta-feira, setembro 06, 2006

Esta luz pequenina

Muitas vezes tenho consciência de ser demasiado ingénua, demasiado "romântica" na idealização das soluções para as coisas, e assim não só não me ajudo como não ajudo ninguém.
O meu irmão diz "a cor não é feia", quando uma coisa é bonita mas não serve para nada.
Pois é, faltar-me-á pragmatismo.
Faltar-me-á fazer, em vez de pensar e sentir.
Mas pragmatismo não se vende na farmácia. E já lá vai o tempo (espero) de me auto-condenar por ser assim ou assado.
Há muitos anos (aí uns 20) participei numa coisa a que se chamava (e chama) convívio fraterno. Ao contrário do que testemunhará a maior parte dos jovens que viveu experiência semelhante, eu não gostei muito. A ser mais sincera: não gostei quase nada. Senti que uns eram mais iguais que os outros, que alguns estavam ali para nos dar exemplos de vida. Não gosto de exemplos de vida, nem de bons conselhos, nem de vidas de santos. Ao vivo, menos ainda. Mas isto seria (será ainda?) o meu eterno complexo de inferioridade a falar, a ver olhos no escuro e dedos apontados.
Mas nesse tal convívio fraterno aprendi uma canção de que me lembro muitas vezes, e trauteio para dentro: Esta luz pequenina / vou deixá-la brilhar
(Pois é, não sei senão o refrão :)...)
Acredito que à minha maneira um tanto infantil posso fazer alguma diferença no caminho dos que se cruzam comigo. Para esses, para dois ou três, para poucos, eu poderei fazer alguma diferença. E, tratando-se duma luz pequenina, valerá a pena deixar brilhar o que sou.

Reli o texto. Bastante contraditório. Afinal ajudo ou não ajudo sendo como sou?
Mas eu também sou contraditória, a todos os momentos penso e digo e calo coisas diferentes. Não vou emendar o texto porque isso me daria uma trabalheira do caraças, e porque foi assim que o pensei enquanto escrevia. Eu já disse: este blog é uma espécie de esplanada em que me sento a beber um copo.
Falei e disse. Agora vou. Paguem a conta, por favor.

Interrogações e incongruências

Estou muito cansada hoje, e ainda vou trabalhar. Antes, uma meia hora de descanso, que bem mereço. Mas antes ainda, quero falar-vos disto:
Estive em Coimbra em formação profissional. De regresso, na estação de comboios, andava um garoto a vender pensos rápidos. Garoto de 10, 11 anos (talvez). Não quis comprar. Resisto, sempre. Mas este garoto comoveu-me, desnorteou-me. Pelas razões conhecidas, pelas lágrimas nos olhos grandes, no rosto maltratado. Um rosto de menino menino, de muito sol antigo e manchas de despigmentação. Que não tinha nada, que só queria vender os pensos e ir para casa, que ninguém queria comprar, que a mãe lhe batia se os não vendesse.
Que merda!
Que vontade de acreditar num mundo onde se pudesse pegar pela mão estes meninos, e levá-los para um lugar onde fossem tratados com a ternura que todos os meninos precisam e merecem. Mesmo que o garoto me estivesse a contar o conto do vigário.
Vontade de trazer comigo o garoto. De lhe oferecer um banho, e de o deixar dormir na minha cama. E de lhe dar um abraço, logo à noite, ao chegar do trabalho. Delírios, eu sei. E estas crianças já criaram defesas, já se escudam nas mentiras, já não querem abraços.
Mas eu comprei-lhe a porcaria dos pensos, e chorei, chorei depois de o ter deixado ir embora.
E a porcaria dos pensos não serve para curar esta ferida.
Não era suposto alguém (a Segurança Social, digo eu, para onde vai todos os meses 11% do meu ordenado) tomar conta destas crianças?
Eu sei que é mais complicado do que isto.
Mas é muito mais complicado do que eu posso.

Quem pode ajudar-me?
A quem posso ajudar para apaziguar esta má consciência?
Sem deixar de trabalhar, porque preciso da minha vidinha minimamente organizada, a quem posso dar tempo do meu tempo? Para ser útil e não apenas fingir que sou boa...

segunda-feira, setembro 04, 2006

Encaminhar sonhos

A noite passada, prestes a deslizar para o sono, desejei sonhos felizes. Praias paradisíacas, sol acariciante na pele, mar... Acreditar é sempre o começo, e então espalhei no rosto um creme com factor de protecção solar 30.
Não me lembro nada dos sonhos que tive, mas estou bem mais bronzeada do que ontem, lá isso!... :)

domingo, setembro 03, 2006

Eu já disse,

o meu nome é São. Desorganização.
Agora a Deco fez o favor de me oferecer uma pasta de executiva, que vai servir para guardar os papéis muito importantes, e me poupar a algumas horas de angústia. Talvez a partir de agora eu encontre todos os recibos das minhas despesas de saúde a tempo de as contabilizar no IRS. Eu sei: devia ter vergonha de me confessar assim. E se calhar até tenho. Mas ter vergonha não muda nada.

Agora neste Tsunami de arrumações em que me encontro, achei a receita de pão de ló da minha amiga Lígia (segunda via). Uma receita sui generis, escrita mesmo para mim. Reza assim:

500 gr ovos
o mesmo peso de açucar
250 gr de farinha com fermento
raspa de limão.

Batem-se as gemas com o açucar até ficar um creme esbranquiçado. Junta-se a farinha e a raspa, alternada com as claras em castelo.
Leva-se ao forno até cozer.
Desenforma-se e espera-se que arrefeça para saborear. Se for comido quente pode dar a volta à barriga.

Ah! E não se deixa esta receita no parapeito da janela, porque se ela lá for parar, em vez de comeres o bolo, o sol come as letras da receita...

sábado, setembro 02, 2006

Recebi um telefonema especial

O meu sobrinho primogénito comunicou-me que amanhã viriam todos conhecer as minhas gatas e almoçar comigo!!!
Iupppiiii!!!
Vou limpar a casa, vou limpar a casa, vou limpar a casa, vou limpar a casa!!!!

Venha cá D. Esfregona, chegue aqui Sr Avental! Eu hoje reato relações amistosas com V. Exas!!

sexta-feira, setembro 01, 2006

Estava uma gatinha, deitada

à sombra dum carro, ontem à tarde quando eu passei, a caminho para umas tarefas de que a minha mãe me encarregara. Parei junto a ela e conversei com ela, olhei os seus olhos brilhantes e mansos, fiz-lhe uma festinha, e segui de coração aconchegado.
Foi preciso chegar aos 40 anos para aprender a ternura dos gatos. Percebê-los, uns mais ariscos, outros "sociabilizados". E quem me ensinou este olhar foram as minhas gatinhas, a Julie e a Nuvem, que preenchem os meus dias de resmungos, mimos e... a casa cheia de pelos :p
Obrigada a elas!

Definitivamente

este blog não serve para expôr os meus males ao mundo.
Não o quero para isso.
Alguns males pequenos, ok.
Mas a mim própria prometo não escrever aqui nada que me deixe inquieta quanto a quem o lerá e que interpretações fará.
Mundo demasiado vasto, este.
A minha face lunar reserva-se. Para alguns amigos e algumas conversas olhos nos olhos.

E quando és tu a errar (muito)?

Tenho passado um longo período a descrer dos outros, a proteger-me de quem me faz mal, ou me quer mal, e ontem descobri que tenho sido muito...