As vacas
(imagem tirada daqui) estão para disfarçar, e por causa dum filme qualquer que me lembro de ter passado nos cinemas com um título parecido.
Então é assim: hoje estou cansada. E quando estou cansada fico carente. Fica a apetecer-me um abraço, colinho, mimo, nem sei bem o quê. Quando estou muito cansada, fico com pena de mim própria, que vivo sozinha e não tenho ninguém que me ame, coitadinhazinha! O que não é, nem de longe nem de perto, verdade. Quer dizer: vivo sozinha, sim. Mas tenho um coração cheio de amigos; o amor incondicional dos meus pais; uma ligação fortíssima, visceral, direi, aos meus irmãos; um amor quase impossível aos meus sobrinhos. Estou super-povoada, portanto!
E no entanto, em dias como hoje, sinto-me só.
Hoje, no decurso do meu dia cansativo, uma mulher disse: "Nós sem os homens não somos ninguém!". Saltei na minha cadeirinha e perguntei: "Quem disse?!". Toda a gente olhou para mim e riu, que eu sou a contestatária de sempre, a feminista de sempre (serei feminista?), a defensora dos frascos e dos comprimidos (fracos e oprimidos).
E, caramba, gosto de mim. Sim, gosto. Porque sou íntegra e autêntica, e não vivo segundo os padrões dos outros, se não forem os meus. Orgulho-me de mim. E nem sei se isto me fica bem, e nem sequer me importo. Não, não sou vaidosa. Agarro-me ao que tenho, às minhas convicções, ao pé firme que sabe para onde não quer ir... e já fiz algumas incursões por onde não queria, sim... :)
Acho até que só esta força, e a fé em Deus, e o amor aos meus muitos amores, me ajuda a superar as minhas fases depressivas, que são relativamente frequentes, e às vezes bem fundas.
Ontem conversava eu com uma amiga no MSN, e fiquei com muita vontade de lhe dizer o quanto gosto dela. Porque - embora eu seja muito afectiva e verbalize bastante os meus sentimentos - às vezes acho que pecamos por não dizer. Porque podia fazer diferença. Porque um dia perdemos as pessoas, ou elas perdem-nos...
Pensava eu ontem o quanto gostava dessa minha amiga e porquê. Porque ela, uns vinte anos de mais vida vivida do que eu, corrige-me muitas vezes, faz-me às vezes reflectir que não tenho razão no que penso ou no que sinto, mas eu percebo que ela gosta de mim, mesmo quando estamos em total desacordo. Acho que só os amigos AMIGOS conseguem essa proeza.
Confesso que não gosto muito de críticas. Nem mesmo das chamadas construtivas, porque sempre destroem antes de construirem. Defeito meu, provavelmente. Eu acho que só quem me ama tem o direito de me criticar. Os outros podem sugerir diferente. Sugerir não é criticar.
E eu sei que esta opinião sobre as críticas é discutível. E até sei que em certo ponto nem eu concordo comigo.
Mas pronto. Este texto comprido e quiçá desconexo, teve o condão de afastar os meus pensamentos da auto-comiseração e da solidão.
O meu bem haja a este texto.
E os parabéns a quem conseguiu lê-lo.
5 comentários:
Um beijinho grande, Dulce.
Às vezes estamos sozinhos mesmo rodeados de gente, mesmo...
Peca-se muito pelos silêncios, e outras vezes peca-se porque em nome do amor ,os outros não entendem nada de nada...porque cada um tem a sua forma especifíca de amar.
A Amizade é preciosa,mas na vida de muitos (as) não foi o suficiente para colmatar a solidão, ou aquela sede de infinito que só O Amor do nosso Pai é que consegue de forma muito ténue colmatar todos os nossos abismos,porque Ele que nos criou aceita os barros limitados de que somos feitos.
Concordo contigo quando dizes que devemos sempre dizer/demonstrar o quanto amamos ou gostamos de alguém (e noutras tantas também)... tento fazê-lo frequentemente e, mesmo assim, acho que devia fazê-lo mais. :)
Um beijinho para ti!
Adorei ler-te, mais uma vez. És um espectáculo, Dulce. Porque sabes tão bem o teu valor e os teus limites, a tua riqueza e a tua fraqueza. És um exemplo de lucidez para muita gente, como eu. Obrigada.
Eu consegui e eu gostei de lê-lo...
E concordo ctg, às vezes prendemos os nossos sentimentos.
Beijocas
Enviar um comentário