segunda-feira, maio 31, 2010

A gata Julie

é que sabe viver: mia à porta pela manhã quando desço para tomar o pequeno almoço. "Dona, deixa-me ir à rua." Se não lhe ligo e venho dormir um pouco mais, aproveita e faz o mesmo. Depois abro-lhe a porta e ela vai à vida dela. Se se arrepende antes de eu ter saído de casa, volta para trás e pede que lhe abra de novo a porta. Se lhe aprouver fica na rua. Acho que sabe exactamente a que horas eu chego, venha eu de carro, a pé, de bicicleta, o que seja. Não preciso realmente de me preocupar com ela. Foi esterilizada novinha e é, digamos, uma gata decidida, que se move à vontade na cidade, que se afasta dos perigos e sabe o que quer. Aliás, ela bem conhece os perigos: já caiu dum terceiro andar e partiu um vidro a uma carrinha, já foi atropelada e voltou a casa após quatro dias e quatro noites, já se deixou morder numa luta de gatos e ganhou um abcesso na cauda. Do atropelamento ficou-lhe uma imagem de marca, tem apenas meia orelha do lado direito.
Mima-me e deixa-se mimar apenas o suficiente para assegurar que junto de mim encontrará sempre lar e aconchego.
Independente, serena e altiva como só ela.
Numa próxima vida quero ser sábia como esta minha gata. E ter a sorte de ter quem cuide de mim como eu cuido dela. Claro, dispenso os atropelamentos e as quedas.

sexta-feira, maio 28, 2010

Que se lixe!

Eis que acordei hoje com este belo pensamento: que se lixe!
O blogue é meu, o espaço é meu, também o que aqui escrevo de mim é meu, e não tenho porque escondê-lo ou abafá-lo. Continuarei por aqui.
Há joio entre o trigo deste meu campo, mas a verdade é que há joio por aí, e não vamos deixar de ser trigo!

quarta-feira, maio 26, 2010

domingo, maio 23, 2010

O facebook

mostrou-me o rosto de amigos que já não via há cerca de vinte anos, e sobre alguns detive-me a pensar em como estão diferentes... mais velhos, pronto. E depois olho para o espelho, e reparo que os anos, esses vinte, deixaram no meu rosto e no meu corpo marcas semelhantes, mais ruga menos ruga, mais flacidez ou menos, uma variz aqui ou umas mancha de pigmentação além. Não tenho mesmo a noção de que não sou uma menina.

Diz-se que só os corpos envelhecem. E eu acho que é verdade.

sábado, maio 22, 2010

O meu pensamento mais profundo do dia de hoje

Se viajar de comboio é tão cansativo para mim, imagine-se para o comboio!

(não consigo deixar de sorrir com este humor meio infantil que conservo...)


Há cores e nuances, momentos e beleza que a máquina fotográfica não consegue registar. Ou eu não consigo, ok. Gosto da fotografia, mas lembro-me do momento em que esta paisagem me apareceu à frente, num belo domingo a passear de carro. Indescritível, e a foto não lhe faz jus. A natureza comove-me.

quinta-feira, maio 20, 2010

Pedir e agradecer

Voltei à igreja hoje. E não porque não possa falar com Deus em qualquer lado, mas porque o silêncio, a penumbra, as cores dos vitrais, a frescura, tudo na igreja me ajuda. Voltei para Lhe agradecer o que ontem pedi e se cumpriu. Voltei para agradecer a leveza no meu coração. E para pedir outras coisas, para pedir sobretudo que me ajude a melhorar, que limpe os meus pensamentos, que me liberte da revolta...

(Eu sei que lês o meu blog. :) Obrigada, Deus.)

quarta-feira, maio 19, 2010

Acordei com fome às seis e tal da manhã e fui comprar pão. O dia é muito bonito a essa hora, quando os pássaros todos chilreiam e se ouvem melhor, por causa do silêncio das coisas acabadas de acordar.
Voltei para casa, comi e voltei a deitar-me, mas não dormi muito mais. Ando com um nó algures entre a garganta e o estômago, e não chego a perceber se o meu mal é físico, se moral, se ambas as coisas. Também me doem os ossinhos e músculos que me lembram que tive um acidente de viação, e a minha prima, que me conhece quase do avesso, detectou-me a tristeza na voz quando lhe telefonei para dizer uma coisa banal.
E agora vou ali à igreja, porque quero um bocadinho da paz da igreja vazia, e perguntar-Lhe porque ando eu assim, quando prometi não andar mais. E vou ouvi-Lo.

Ou ainda:

"Não faz mal.
Tento de novo.
Falho de novo,
falho melhor."

(Samuel Beckett)

No livro "O triunfo dos porcos"

o cavalo dizia sempre, a cada contrariedade: "Eu trabalharei mais".
Pareço(-me) o cavalo.

Fim de dia.

Hoje, um nó na garganta. Que não só me magoam como eu também magoo. Não só magoo pessoas de quem não gosto, como magoo pessoas de quem gosto muito. E que às vezes o meu coração é uma confusão só.
E que a vida passa, enquanto passamos por ela, distraídos, a olhar para as nossas feridas...

terça-feira, maio 18, 2010

Me confesso



Me confesso de ser charco
e luar de charco à mistura
de ser a corda do arco
que atira setas acima e abaixo da minha altura.
Miguel Torga


Depois do acidente, e de ver como escapei ilesa, e de ter tomado consciência do que poderia ter-me acontecido, agradeci a Deus. Prometi-Lhe e prometi-me não me chatear mais com merdinhas sem importância. Mas continuo a amarrar o burro e a precisar de tempo para digerir coisas que podiam /deviam passar-me ao lado.
É como costumo dizer: eu não engulo sapos. Mastigo-os bem.
Sou dum barro muito muito frágil.

quinta-feira, maio 13, 2010

Intuição

Sempre achei que não era uma pessoa intuitiva. Mas há uns tempos mudei de opinião. Por ter reparado que em toda a minha vida; desde a adolescência, vá; as alhadas em que meti foram sempre por não ter confiado naquela vozinha interior. Orgulhava-me de ser racional. E a intuição não é razão. Mas desde que me deixei de orgulhos, tenho-me dado melhor.

Então, aqui há dias dei por mim a dizer a uma amiga: acho que a intuição é a voz de Deus, que nos guia.

Fiquei a pensar no assunto.

sábado, maio 08, 2010

Hum...

Apeteceu-me cozinhar hoje: uns panadinhos de porco com arroz de legumes que me souberam tremendamente bem. E um bolo de maçã com canela e vinho do Porto, que a Débora me ensinou a fazer, que está ainda no forno e me perfuma a casa com cheiro a aconchego e mimo...
Não sou lá muito doméstica (nem muito nem pouco, confesso) mas gosto de cozinhar, e gostava de ter alguém que comesse comigo cá em casa. Só para mim às vezes é um bocadinho secante.

E quando és tu a errar (muito)?

Tenho passado um longo período a descrer dos outros, a proteger-me de quem me faz mal, ou me quer mal, e ontem descobri que tenho sido muito...