segunda-feira, outubro 23, 2006

Sou feliz?

Que raio de pergunta! Mas é a pergunta do dia, depois dumas leituras por aí.
Uma vez, há muitos anos, uma grande amiga minha que continua a sê-lo, disse-me:
- Sabes, às vezes penso que não sou feliz. Mas também penso que nunca o fui, e isso tranquiliza-me.
Percebi perfeitamente. Vivemos bem sem a felicidade, desde que não sejamos infelizes.
Mas isso também depende dos conceitos. Eu sei que tenho tudo o que preciso e talvez mais. Tenho liberdade, dinheiro, família, amigos, capacidade de discernimento, trabalho, sensibilidade. Quase todos os dias encontro motivos para rir, muitas vezes encontro motivos para chorar... :) E chorar também faz parte, ajuda-nos a lavar a alma, ajuda-nos a manter-mo-nos despertos, limpos e jovens. Que mais quero?
Mais nada, acho eu. Mais nada que eu consiga definir.
Mas tenho um vazio em mim.
Sou incompleta.
Só por isso não sou capaz de dizer que sou feliz.

5 comentários:

Xana disse...

Eu acho que há pessoas incompletas por natureza. Eu sinto-me assim.

Mas procuro todos os dias completar-me o mais possível!

Avozinha disse...

Há quem diga que todos nascemos com um vazio na alma no feitio de Deus!

Dulce disse...

Acredito, avozinha, que seja um vazio em forma de Deus. Mas não gosto quando tentam dar-me de bandeja um deus que não tem a forma do vazio da minha alma...


De Deus só sabemos que é Amor. O resto é uma procura pessoal.

rascunhos disse...

O ser humano é insatisfeito por natureza.Mesmo que reuna os "ingredientes " necessários para "ser feliz", isto é e continuará a ser, uma missão (quase) impossível.
A felicidade é composta por momentos...

tikka masala disse...

Isso era dantes! Quais são as crianças que hoje se contentam com o que têm?!
Dulce, fizeste-me lembrar da abertura do Mar-Me-Quer do Mia Couto, um livro encantador:
"Sou feliz só por preguiça. A infelicidade dá uma trabalheira pior que doença: é preciso entrar e sair dela, afastar os que nos querem consolar, aceitar pêsames por uma porção da alma que nem chegou a falecer."
Sei que não tem muito que ver contigo. Mas é bonito, não é?

E quando és tu a errar (muito)?

Tenho passado um longo período a descrer dos outros, a proteger-me de quem me faz mal, ou me quer mal, e ontem descobri que tenho sido muito...