domingo, outubro 29, 2006

Ainda a felicidade

Disse-o aqui há dias: tenho um vazio em mim. Sou incompleta. E só por isso não sou feliz. O que - resssalve-se - não é tragédia nenhuma.
Houve quem pensasse que essa incompletude se devia ao facto de viver sozinha, de não ter o amor de um homem. (Não digo "ou de uma mulher", porque não sinto a mínima apetência para a homossexualidade....) Mas não. Não tem nada a ver. Uma vez deixei-me embarcar num pseudo-amor, mas pseudo eu só soube no fim, e lembro-me de sentir coisas que não me eram e não me são normais. Como se, pelo facto de ser sozinha, eu adormecesse uma parte do meu coração, a vontade de tocar, de abraçar, de ser muito muito muito protegida... etc. Mas quando tudo terminou fui voltando a mim, e incompleta tanto o sou sozinha como acompanhada.
E quem foi que disse que desapossados é que estamos livres para caminhar? Disse muito bem, acho eu.
A solidão é inevitável, mas eu vejo-a em quem está só e em quem está acompanhado.
E não há nada que pague a liberdade de fazer o que quero, fora das horas de trabalho, claro!
Diz a minha mãe que sempre fui a mais desapegada e independente dos filhos. Não tinha saudades de casa, estava sempre deserta para ir para o laréu, para a casa dos outros, para a escola, para a rua.
Sou um pouco claustrofóbica, e muitíssimo vagamunda. Eu e eu eu e eu! Individualista q.b. Mas não egoísta, não mais do que o comum.

2 comentários:

Teresa disse...

Nunca achei (nem disse) que o vazio provém do facto de se viver sozinho (coisa que faço há 9 anos) :)
Nesses 9 anos, já me senti mais e menos 'incompleta' (mas quase sempre me senti bem mais sozinha numa festa do que na minha casa).

A única coisa que continuo a afirmar é que "Mais vale só do que mal acompanhada" ;)

tikka masala disse...

Nada egoísta, minha amiga. E muito boa, e muito bonita.

E quando és tu a errar (muito)?

Tenho passado um longo período a descrer dos outros, a proteger-me de quem me faz mal, ou me quer mal, e ontem descobri que tenho sido muito...