quinta-feira, agosto 24, 2006

Final de tarde, luz, movimento, ideias.


Depois do trabalho, e duma animada conversa com a colega que chegou de férias, fui passear. Minhas queridas, o que eu me lembrei de vocês, de nós! Fui passear à Barra, Costa Nova, Vagueira... Mas estava tanta gente, tanto trânsito, tão pouco silêncio! Apenas a ria acenava a sua paz azul. Não parei. Para complicar mais, havia obras na estrada.
Vi um saco de plástico que esvoaçava à beira-ria, como se quisesse ser pássaro. Um louco e sonhador saco de plástico, portanto. Mais à frente vi um papagaio de papel, a que umas crianças davam espaço e céu. O papagaio também não é propriamente de papel, aquilo é uma espécie de plástico. Então tive pena do saco de plástico que vira lá atrás, porque ele podia estar apenas a tentar elevar-se como um qualquer papagaio que tivesse visto. Mas ele, plástico, nascera saco, enquanto o outro nascera papagaio. Tive pena do saco de plástico, mas com um sorriso, rindo-me por dentro e alegrando-me com as minhas ideias loucas, porque tantas e tantas vezes me fazem companhia.
E depois, desviei-me. Fui pelos pinhais, pelas estradas estreitas ladeadas de árvores, casinhas rasteiras e campos de cultivo. Enchendo os olhos de verde. Verdes e azuis estão os meus olhos agora. E eles são castanhos. Banais. Leais. Com coração, cantava o outro.

1 comentário:

tikka masala disse...

Foi bom ler-te, como sempre. Melhor ainda por fazeres essa alegre e saudosa referência ao nosso passeio. Mas hoje sinto-me como um saco de plástico!...

E quando és tu a errar (muito)?

Tenho passado um longo período a descrer dos outros, a proteger-me de quem me faz mal, ou me quer mal, e ontem descobri que tenho sido muito...