quarta-feira, julho 22, 2015

Até logo, pai.

No dia 17, após uns dias de internamento hospitalar no que suponho tenha sido intenso sofrimento, o meu pai faleceu.
Tinha 83 anos e viveu uma vida muito complicada: a morte da mãe no dia do seu nascimento marcava o início. Sofreu abandono familiar por parte do pai (nunca a coisa foi colocada nesses termos, eu é que o entendo assim) e uma infância carregada de responsabilidades de adulto. Uma infância sem mimo e sem riso. Passou fome. Trabalhou para além do que seria razoável pedir-se a uma criança. Naquela altura era normal e não creio que "pedir" seja o verbo adequado. Como adulto, não foi o pai que eu idealizava. Atrever-me-ia a dizer que não foi o pai de que eu precisava. Mas foi o melhor pai que soube e pôde, estou em crer. Agora partiu, para viver a sua verdadeira vida, do lado do tempo em que o tempo não conta.
No dia em que faleceu, estive tranquila. Aquele pareceu-me o desfecho sereno e desejável de uma vida carregada de sofrimento, e particularmente quando nos seus últimos anos estava acamado. Agora não sei como estou.

1 comentário:

deep disse...

Imagino que não seja fácil, Dulce. Um beijinho e um xi apertado.

E quando és tu a errar (muito)?

Tenho passado um longo período a descrer dos outros, a proteger-me de quem me faz mal, ou me quer mal, e ontem descobri que tenho sido muito...