domingo, dezembro 29, 2013
segunda-feira, dezembro 16, 2013
Dizem que sou muito crédula, que acredito em toda a gente e parto sempre do princípio que os outros são boas pessoas. É verdade que já me enganei milhentas vezes, que já chorei muitas lágrimas à conta disso, mas também é em parte por causa disso que tenho tantos e tão bons amigos. E até aqui, Deus sempre me tem protegido de males maiores. De qualquer forma também não é rigorosamente verdade que confie em toda a gente. Há pessoas que à partida me inspiram desconfiança e antipatia. Assim só para dar um exemplo, não posso com gente snob. Lá pelo meu trabalho passam "algumas" pessoas a quem me apetecia mandar... para outra loja.
quarta-feira, novembro 13, 2013
Diga?!!...
Ora eu tenho o privilégio de viver num apartamento que fica do outro lado da rua do centro comercial onde trabalho. E então, mesmo com a meia hora para a refeição que o meu horário laboral contempla, posso vir a casa comer. Maravilha! Mas não me sobra tempo, como imaginarão.
Posto isto, anteontem aconteceu-me um encontro surrealista. Vinha eu a entrar no prédio, destino refeição, e cumprimenta-me um jovem de bigode retorcido à Eça de Queiroz:
- Boa noite.
- Boa noite.
- Vive aqui?
- Sim, vivo - disse eu, olhando para a fita azul ao pescoço do rapaz e um cartão identificativo que não li. - Vivo, mas venho só jantar, tenho meia hora, não tenho tempo para conversar.
- Mas olhe que eu sou da Unicef! Não é nada de vendas...
- Ok, por acaso não tinha reparado, mas mantém-se o que disse: venho jantar, daqui a menos de meia hora tenho que estar a trabalhar, não tenho tempo.
- Pois, olhe que não é sempre que a Unicef vem cá. Eu vou embora já daqui a pouco.
- Sim, sim...
- Calculei que quisesse falar comigo, a Unicef não vem cá sempre.
- Calculou mal. Boa noite.
Falta registar, porque não o consigo por escrito, o ar arrogante e de importância da criatura.
Sim senhor, muito assertivo.
E foi assim que eu perdi a oportunidade única de falar com a Unicef.
Posto isto, anteontem aconteceu-me um encontro surrealista. Vinha eu a entrar no prédio, destino refeição, e cumprimenta-me um jovem de bigode retorcido à Eça de Queiroz:
- Boa noite.
- Boa noite.
- Vive aqui?
- Sim, vivo - disse eu, olhando para a fita azul ao pescoço do rapaz e um cartão identificativo que não li. - Vivo, mas venho só jantar, tenho meia hora, não tenho tempo para conversar.
- Mas olhe que eu sou da Unicef! Não é nada de vendas...
- Ok, por acaso não tinha reparado, mas mantém-se o que disse: venho jantar, daqui a menos de meia hora tenho que estar a trabalhar, não tenho tempo.
- Pois, olhe que não é sempre que a Unicef vem cá. Eu vou embora já daqui a pouco.
- Sim, sim...
- Calculei que quisesse falar comigo, a Unicef não vem cá sempre.
- Calculou mal. Boa noite.
Falta registar, porque não o consigo por escrito, o ar arrogante e de importância da criatura.
Sim senhor, muito assertivo.
E foi assim que eu perdi a oportunidade única de falar com a Unicef.
sexta-feira, novembro 08, 2013
Dos dias que têm passado
Têm sido intensos e confusos. Alguns dias na minha aldeia, a fazer companhia à minha mãe, recém-operada.
Próxima de Deus como já não me lembro. A caminho de casa, no outro dia, a sensação quase certeza de que tudo isto, o nosso mundo, está por um fio, mas que o Papá nos sustém nas suas mãos criadoras e amorosas, e que é possível estar BEM. A minha mãe deixei-a hoje no hospital, internada, como nova infecção. Contente por ir dormir enquanto lhe injectavam antibiótico, ela que não dormira nada na véspera. Nem eu.
O meu carro a pedir urgentemente conserto. E eu, que escorrego sem querer das mãos de Deus, eu a pedir concerto.
Ontem fiz bolo de bolacha com o meu amado sobrinho Vasco.
Ontem jantei "arroz de coisas" com os meus traquinas e lindos e queridos sobrinhos Tomás e Mateus, que antes se ocuparam a fazer de mim trampolim do sofá para o chão.
Hoje já me senti injustiçada e desamada, desconsiderada por alguém que era suposto amar-me, até por laços consanguíneos. E talvez esse alguém até me ame. Hoje já sorri, hoje já cantei, hoje já chorei. Hoje já tive a prova de solidariedade de uma amiga. Se provas fossem precisas.
Hoje já me angustiei com a angústia de um namorado, que a vida e este país de merdas e falências provavelmente vai levar para longe de mim, precisamente quando eu queria tanto estar perto e conhecê-lo. Deitada na banheira, num banho de imersão, pensei que eu não conheço os caminhos de Deus, que sigo às escuras, mas que ele me leva pela mão.
E agora, deitada na minha cama, de lágrimas no rosto, espero o sono que há-de embalar-me e dou à gata Nuvem o mimo raro de dormir na minha cama. Coitada, nestes dias ela sentiu a minha falta. Às vezes eu desejava que os humanos falassem a linguagem transparente dos bichos.
Próxima de Deus como já não me lembro. A caminho de casa, no outro dia, a sensação quase certeza de que tudo isto, o nosso mundo, está por um fio, mas que o Papá nos sustém nas suas mãos criadoras e amorosas, e que é possível estar BEM. A minha mãe deixei-a hoje no hospital, internada, como nova infecção. Contente por ir dormir enquanto lhe injectavam antibiótico, ela que não dormira nada na véspera. Nem eu.
O meu carro a pedir urgentemente conserto. E eu, que escorrego sem querer das mãos de Deus, eu a pedir concerto.
Ontem fiz bolo de bolacha com o meu amado sobrinho Vasco.
Ontem jantei "arroz de coisas" com os meus traquinas e lindos e queridos sobrinhos Tomás e Mateus, que antes se ocuparam a fazer de mim trampolim do sofá para o chão.
Hoje já me senti injustiçada e desamada, desconsiderada por alguém que era suposto amar-me, até por laços consanguíneos. E talvez esse alguém até me ame. Hoje já sorri, hoje já cantei, hoje já chorei. Hoje já tive a prova de solidariedade de uma amiga. Se provas fossem precisas.
Hoje já me angustiei com a angústia de um namorado, que a vida e este país de merdas e falências provavelmente vai levar para longe de mim, precisamente quando eu queria tanto estar perto e conhecê-lo. Deitada na banheira, num banho de imersão, pensei que eu não conheço os caminhos de Deus, que sigo às escuras, mas que ele me leva pela mão.
E agora, deitada na minha cama, de lágrimas no rosto, espero o sono que há-de embalar-me e dou à gata Nuvem o mimo raro de dormir na minha cama. Coitada, nestes dias ela sentiu a minha falta. Às vezes eu desejava que os humanos falassem a linguagem transparente dos bichos.
domingo, novembro 03, 2013
Arrumações
Decidi tentar fazer desta minha casa uma casa normal, que basicamente quer dizer organizada. Minimamente. A percorrer pilhas de papéis, postais, cartas e fotos, um a um, para decidir o que fica comigo e o que vai para o lixo, surpreendo-me: palavras simpáticas de antigos alunos emocionam-me, e eu nunca gostei nada de dar aulas.
(post perdido nos rascunhos)
(post perdido nos rascunhos)
sábado, novembro 02, 2013
domingo, maio 12, 2013
Em fim de noite, conversa com o meu criador.
Querido Deus,
Tu sabes o que eu preciso, o que me faz falta, o que é bom para mim. Eu só sei do vazio e das tentativas para o encher. Nem sempre, porque nem sempre há vazio. Tu conheces o meu passado, a minha alegria infantil, a traquinice, as tantas vezes que me magoaram e chorei e fiquei à espera que me pedissem perdão. Aprendi a esperar sentada. Eu era então uma menina, e não sabia que as crianças não contavam. Não sabia, mas aprendi. E depois o mundo fora de portas ensinou-me outras coisas. Muito boas algumas. Muito más outras. Terá sido assim com toda a gente, suponho. Mas a sombra da infância atravessa a alegria. Fiquei um bocadinho chanfrada, um bocadinho insegura, um bocadinho ingénua, um bom pedaço subterraneamente forte. Ando a procurar preencher vazios e não acho que vá sempre pelo melhor caminho. Às vezes começam como veredas agradáveis e serenas e desembocam em pedregulhos onde esfolo os meus joelhos. Volto para trás, não há dramas. Tu conheces o mapa do meu futuro, e às vezes apetecia-me pedir-Te que mo mostrasses. Mas a caminhada tem mais interesse assim, sem dúvida. Só queria que ficasses sorrindo da minha ilusão de auto-suficiência, e que andasses sempre por perto. Porque vou muitas vezes ainda precisar de chorar no Teu peito e partilhar contigo as minhas Tuas vitórias. Ando a engordar a olhos vistos, a ver se ocupo mais espaço e se reparas melhor em mim e não me esqueces. (Just kidding) Orienta-me segundo os Teus planos.
Beijos, meu querido Papá.
Tu sabes o que eu preciso, o que me faz falta, o que é bom para mim. Eu só sei do vazio e das tentativas para o encher. Nem sempre, porque nem sempre há vazio. Tu conheces o meu passado, a minha alegria infantil, a traquinice, as tantas vezes que me magoaram e chorei e fiquei à espera que me pedissem perdão. Aprendi a esperar sentada. Eu era então uma menina, e não sabia que as crianças não contavam. Não sabia, mas aprendi. E depois o mundo fora de portas ensinou-me outras coisas. Muito boas algumas. Muito más outras. Terá sido assim com toda a gente, suponho. Mas a sombra da infância atravessa a alegria. Fiquei um bocadinho chanfrada, um bocadinho insegura, um bocadinho ingénua, um bom pedaço subterraneamente forte. Ando a procurar preencher vazios e não acho que vá sempre pelo melhor caminho. Às vezes começam como veredas agradáveis e serenas e desembocam em pedregulhos onde esfolo os meus joelhos. Volto para trás, não há dramas. Tu conheces o mapa do meu futuro, e às vezes apetecia-me pedir-Te que mo mostrasses. Mas a caminhada tem mais interesse assim, sem dúvida. Só queria que ficasses sorrindo da minha ilusão de auto-suficiência, e que andasses sempre por perto. Porque vou muitas vezes ainda precisar de chorar no Teu peito e partilhar contigo as minhas Tuas vitórias. Ando a engordar a olhos vistos, a ver se ocupo mais espaço e se reparas melhor em mim e não me esqueces. (Just kidding) Orienta-me segundo os Teus planos.
Beijos, meu querido Papá.
sábado, maio 11, 2013
Olhar
E para encher o vazio interior que de vez em quando insiste em ficar, nada como fixar os olhos em pequenos nadas. Ontem, ainda que sem verdadeiramente me apetecer, aceitei o convite de duas colegas para ir almoçar à pizzaria. As pizzas são óptimas, as colegas também, mas foi cá fora, nuns minutinhos para mim ("Para mim pede uma imperial, Cátia, por favor.") que me reencontrei. Com a máquina fotográfica, o cheiro da terra, a cor. E os cavalos.
terça-feira, abril 30, 2013
DIVAGAR, divagarinho. Divagações, di bagacinhos.
Há tanto tempo que não escrevo um texto de jeito que me parece que já nem sei escrever. Será porque me sinto vazia ou porque me sinto intraduzível, não sei bem.
Queria pôr aqui umas fotografias, mas o soalho do meu quarto engoliu-me o carregador da máquina fotográfica, e ela diz que sem bateria não tem obrigação de funcionar.
O meu dia a dia é feito de coisas simples e banais, como sempre foi, e vou rindo e chorando, vou-me emocionando às vezes... E contudo, eu que nunca fui superficial, sinto-me superficial. Ou talvez não eu, talvez superficiais sejam as coisas à minha volta, que não consigo que verdadeiramente me preencham e façam sentido. Sinto falta de Deus. Bem sei que Ele está sempre comigo, sou eu que não estou com Ele. Pelas mil distracções dos meus dias e pelo eco de tantas palavras e pensamentos, quando apenas queria acomodar-me nos Seus braços. Dá trabalho, chegar a Deus.
E depois, os meus Amigos, espalhados pelos quatro cantos dum país que não canta. Antes chora, o meu país chora.
Mas estão os meus sobrinhos ao virar da esquina (uma esquina que fica mais ou menos a cem quilómetros, mas vá lá...) que me enchem o coração de abraços e da palavra tão doce... "tia". "Tia" na voz dos meus garotos enche-me por dentro com o rumor de um mantra de paz. Como quando me deito na areia, me confundo com a areia, sou areia, de rosto virado para o mar e ouvidos atentos. O mundo inteiro cabe no som das ondas... tenho saudades de ser simples. Tenho saudades de não ter sono. Porque o meu sono - sinto-o - é falta de vontade de vida,
"Dá-te por feliz por teres um emprego", já sei que mo dirão, eu própria mo digo, mas a felicidade não chega por ser razoável ou justo senti-la. A felicidade É. Ou então não é. Estou farta de centro comerciais. Farta de um centro comercial em particular. Um fábrica de simular alegria. E cada vez mais clientes casmurros e mal dispostos. Cada vez mais gente que pensa que um balcão divide as pessoas do lixo. Sim, eu estou do lado do lixo. Do lado daqueles a quem não é preciso cumprimentar, do lado daqueles a quem às vezes por favor se cumprimenta, o rosto virado para o outro lado. Os não olháveis. Os funcionários fabris de vender sorrisos e objectos. Os funcionários febris.
Mas há os outros clientes: os que olham e falam e sorriem e pedem por favor. Os que compensam. Os que nos alegram as horas de trabalho, aqueles com quem nos rimos e a quem desejamos oferecer o melhor sorriso e o melhor atendimento.
Assim vai a minha vidinha, Assim vai a Vida. E conquanto eu o esqueça demasiadas vezes, ela vale a pena.
Queria pôr aqui umas fotografias, mas o soalho do meu quarto engoliu-me o carregador da máquina fotográfica, e ela diz que sem bateria não tem obrigação de funcionar.
O meu dia a dia é feito de coisas simples e banais, como sempre foi, e vou rindo e chorando, vou-me emocionando às vezes... E contudo, eu que nunca fui superficial, sinto-me superficial. Ou talvez não eu, talvez superficiais sejam as coisas à minha volta, que não consigo que verdadeiramente me preencham e façam sentido. Sinto falta de Deus. Bem sei que Ele está sempre comigo, sou eu que não estou com Ele. Pelas mil distracções dos meus dias e pelo eco de tantas palavras e pensamentos, quando apenas queria acomodar-me nos Seus braços. Dá trabalho, chegar a Deus.
E depois, os meus Amigos, espalhados pelos quatro cantos dum país que não canta. Antes chora, o meu país chora.
Mas estão os meus sobrinhos ao virar da esquina (uma esquina que fica mais ou menos a cem quilómetros, mas vá lá...) que me enchem o coração de abraços e da palavra tão doce... "tia". "Tia" na voz dos meus garotos enche-me por dentro com o rumor de um mantra de paz. Como quando me deito na areia, me confundo com a areia, sou areia, de rosto virado para o mar e ouvidos atentos. O mundo inteiro cabe no som das ondas... tenho saudades de ser simples. Tenho saudades de não ter sono. Porque o meu sono - sinto-o - é falta de vontade de vida,
"Dá-te por feliz por teres um emprego", já sei que mo dirão, eu própria mo digo, mas a felicidade não chega por ser razoável ou justo senti-la. A felicidade É. Ou então não é. Estou farta de centro comerciais. Farta de um centro comercial em particular. Um fábrica de simular alegria. E cada vez mais clientes casmurros e mal dispostos. Cada vez mais gente que pensa que um balcão divide as pessoas do lixo. Sim, eu estou do lado do lixo. Do lado daqueles a quem não é preciso cumprimentar, do lado daqueles a quem às vezes por favor se cumprimenta, o rosto virado para o outro lado. Os não olháveis. Os funcionários fabris de vender sorrisos e objectos. Os funcionários febris.
Mas há os outros clientes: os que olham e falam e sorriem e pedem por favor. Os que compensam. Os que nos alegram as horas de trabalho, aqueles com quem nos rimos e a quem desejamos oferecer o melhor sorriso e o melhor atendimento.
Assim vai a minha vidinha, Assim vai a Vida. E conquanto eu o esqueça demasiadas vezes, ela vale a pena.
sábado, abril 27, 2013
domingo, abril 14, 2013
Hoje não trago fotografias. Só uma pergunta que me traz perplexa. Nas estatísticas deste blogue as visualizações de página nos EUA ultrapassam largamente as de Portugal. Ora, não conhecendo eu tanta gente assim nos Estados Unidos, e estando este blogue escrito em português (ou não?) a que se deverá este estranho fenómeno?
quarta-feira, abril 10, 2013
# 11 Historietas e tretas
- Ai, Pinóquio, tantos desgostos me dás! És lindo e cada dia mais alegre e cheio de vida, naquele dia em que te moldei fi-lo com um alegria e um amor sem par, nem tu calculas! Entretanto de cada vez que mentes, de cada vez que vejo crescer o teu nariz, é uma espada que me atravessa o coração. Porque hás-de ser assim, Pinóquio?
Assim falava Gepeto, o carpinteiro de Tóquio de cujas mãos saíra esse mítico menino. (Não, não quero chamar-lhe personagem, quero chamar-lhe menino. A gente afeiçoa-se aos bonecos com aventuras estrambólicas como só um menino de verdade podia ter.)
- Ó pá, ó pá!! - explodiu o Pinóquio que nesse dia estava muito mal disposto - que me moldaste com amor... foi foi! Que raio de amor é esse, que me fizeste do nariz um detector de mentiras? Já ouviste falar de humilhação? É o que eu sinto quando o nariz me cresce. Imagina: eu a falar com uma menina de que gosto, mas gosto assim-assim, e digo que gosto muito muito, até à lua e mais além, para lhe roubar um beijo, e o nariz me começa a crescer! Tu achas isso bem? Achas que fizeste alguma coisa de jeito? E depois, além de humilhado, fico feio com o nariz assim, eu que até sou um puto bem giro, não é para me gabar. Isso tenho que reconhecer, fizeste-me jeitoso! Mas sabes que com o nariz comprido não consigo dar beijos às meninas?
E de repente soltam-se-lhe dos olhos grossas lágrimas. - Sabias, Gepeto? Com o nariz comprido não consigo dar beijos às meninas!!
- Vá lá, acalma-te! Olha a poça de lágrimas que me estás a pôr no soalho, um soalho tão caro, que é não sei quê flutuante e me custou uma pipa de massa. Estraga-se com a água, ouviste? Com o cloreto de sódio então, nem quero pensar! Proíbo-te de chorares aqui, ouviste? Vai chorar para a varanda! Aliás este ano o governo lançou aquela lei que é proibido chorar em recintos fechados, mas como andas sempre nas nuvens, não deves saber ainda. E o teu problema resolve-se já!
Não esteve com meias medidas, puxou do nariz ao pobre Pinóquio e arrancou-lho. Pela raíz.
- Pronto, agora já podes beijar à vontade.
- Mas agora estou feio! Olha, eu estou a avisar-te, nunca mais na tua vida me pões a vista em cima.
E desarvorou porta fora, a chorar e a praguejar.
Agora anda por aí, diz que tem fome e que precisa de dinheiro para uma operação estética ao nariz. Ontem encontrei-o à porta do centro comercial, metia dó, coitadinho! Dei-lhe um chocolate e um abraço, ficou um bocadinho mais reconfortado. Alguém por aí conhece um cirurgião estético? Ou, sei lá, diz que há uns programas na televisão onde vão pessoas com dentes tortos ou muitas gordas, e que tratam delas... sei lá! Vejam se conseguem ajudar o meu amigo. Pois é, é meu amigo, a gente afeiçoa-se...
terça-feira, abril 09, 2013
segunda-feira, abril 08, 2013
#9 Dias assim
Vontade de ser pequena. Menina linda e amada. Mas hoje consigo apenas sentir-me pequena de espírito e de vontade.
quarta-feira, abril 03, 2013
# 8 - Folga
Este foi o nosso acampamento, meu e da gata Nuvem, hoje. Ainda tentei entregar a declaração de IRS, mas o computador não permitiu. Que lhe doía muito a cabeça, disse.
Agora eu e a gata vamos fazer a cama de lavado e proceder a umas pequenas limpezas para voltarmos a ter licença de habitabilidade deste espaço.
O computador aguenta-se até amanhã com as dores de cabeça, e um brufen no teclado, se for necessário. Amanhã interno-o na clínica dos pc.
# 7
Hoje sou eu que aqui apareço, euzinha agora mesmo, que me fotografou a câmara do computador. A pensar que por ser tarde e ter sono, já pouco tenho para dizer ao mundo. Pouco exagerada, eu! Ao mundo. Bom, mas a verdade é que as estatísticas dizem que sou lida nos Estados Unidos, Reino Unido, Rússia, Brasil e Portugal. Que responsabilidade!... :) Hoje eu quero dizer, já meio a bocejar, que quero combater dentro de mim um certo pessimismo e arregalar os olhos e ver bem as pessoas, as coisas, os sentimentos lindos que hão-de salvar-nos a todos. Haja esperança. E que não nos esqueçamos de dar o nosso contributo pequeno para que o mundo seja todos os dias um pouco melhor.
segunda-feira, abril 01, 2013
domingo, março 31, 2013
# 4 - O descanso do guerreiro
A manta linda feita pela minha mãe, aqui em representação da cama toda, uma garrafa de água, qualquer coisa para petiscar, a gata Nuvem por perto, é tudo o que me faz falta quando regresso do trabalho tarde da noite. E o computador com net, claro! Como é que eu ia esquecer-me duma coisa dessas? :p
By the way, não sou daquelas pessoas que dizem que escrevem apenas para si próprias. Eu gosto de ler e de ser lida. Escrevo para vocês. Sejam bem-vindos!
sexta-feira, março 29, 2013
# 3
Hoje é um clássico das fotografias. Gotas de água na janela. Chuva. Gosto sempre. O vidro a chorar as mágoas do mundo, a janela que nos separa do desconforto da chuva, a beleza das gotículas que desfocam a paisagem como as nossas próprias lágrimas nos desfocam a visão.
Está tudo bem por aqui. Apesar de todos os disparates que faço, apesar das distracções, apesar da casa eternamente desarrumada, apesar dos inesperados acontecimentos que nos suspendem o coração e nos fazem chorar, está tudo bem. Chora-se a mágoa no momento, chora-se também a mágoa dos dos outros porque nenhum homem é uma ilha, mas depois ficamos em paz até ao próximo abanão. Sabendo que a vida é feita de pequenos nadas e de grandes tudos. E que felizmente não temos calendário programado, nada sabemos do que nos acontecerá amanhã. Nenhuma dor é maior do que nós. E, acho que foi Fernando Pessoa que o escreveu, quem quiser passar o Bojador tem que passar além da dor. Ainda há-de haver esperança para todos nós. Enquanto respirarmos e até depois.
quinta-feira, março 28, 2013
# 2
Como a minha cidadezinha é bonita, à chuva ou ao sol! E como gosto de encontrar na rua gatinhos preguiçosos que me deixam fazer-lhes festas! Como a cidade me surpreende e o vento me anima e o sol me aquece nos dias de folga em que resisto à tentação de ficar quietinha no meu cantinho desarrumado. Tenho mesmo que sair mais!
quarta-feira, março 27, 2013
# 1 - projecto 365
Também eu decidi alinhar neste projecto de publicar em cada dia uma fotografia, a ver se reanimo um pouco este adormecido, desmaiado, em coma, quase morto blogue.
Deitei-me hoje, já a claridade me inundava a casa. Quase sete de manhã. Que estive a fazer até tão tarde? Pois... nada de jeito. A jogar no computador e a pensar "já chega, tenho que dormir"... Hoje estou de folga, é certo. Mas não é lá muito saudável trocar as voltas aos dias e contrariar o Big Ben. Se não me contrariasse podia ficar o dia inteiro na cama. Na boa, como se diz aí jovenmente. Mas imperou a sensatez, levantei-me, arrumei por aqui uns milésimos de coisa e fui à rua buscar frutos, brócolos e queijos. Então a foto hoje são duas (este texto está um mimo): o meu guarda-chuva flor e a Igreja de Ílhavo, porque sim. Ambas as fotos tiradas quando, sob o domínio da sensatez, fui à rua. Pois claro, a Igreja não cabe dentro da minha casa, e nem aqui preciso do guarda-chuva, o que não seria impeditivo para que o abrisse.
Deitei-me hoje, já a claridade me inundava a casa. Quase sete de manhã. Que estive a fazer até tão tarde? Pois... nada de jeito. A jogar no computador e a pensar "já chega, tenho que dormir"... Hoje estou de folga, é certo. Mas não é lá muito saudável trocar as voltas aos dias e contrariar o Big Ben. Se não me contrariasse podia ficar o dia inteiro na cama. Na boa, como se diz aí jovenmente. Mas imperou a sensatez, levantei-me, arrumei por aqui uns milésimos de coisa e fui à rua buscar frutos, brócolos e queijos. Então a foto hoje são duas (este texto está um mimo): o meu guarda-chuva flor e a Igreja de Ílhavo, porque sim. Ambas as fotos tiradas quando, sob o domínio da sensatez, fui à rua. Pois claro, a Igreja não cabe dentro da minha casa, e nem aqui preciso do guarda-chuva, o que não seria impeditivo para que o abrisse.
domingo, março 24, 2013
Feliz
Hoje ao fim do dia conheci estas maravilhosas pessoas que já conhecia, e depois chego a casa a tempo de ouvir a máquina de fazer pão anunciar-me um pão de sementes com mel e manteiga (invenções), que ainda não provei mas cheira a delicioso!
domingo, março 17, 2013
Quase fim, quase início.
As férias estão a terminar, e, consequentemente, o trabalho a começar. Desta vez não me custa voltar ao trabalho. As férias foram razoavelmente boas, de descanso e brincadeira, não fora aquele acontecimento trágico relatado no post abaixo. Não fui ao funeral, não tive coragem, escudei-me nos 100 km de distância para não ouvir o eco do abismo dentro de mim. Estarei presente para vocês, Sofia, Lili, Luísa, tanto quanto me for possível, embora por experiência saiba que a vida recomeça devagar e baixinho, muito muito devagar. Não falarei dele, a não ser que vocês queiram. A vida continua aqui. E talvez muitas vezes vocês queiram ficar sozinhas. Tentarei estar, nas minhas visitas à aldeia, para quando preferirem a companhia dos amigos. O negro das vossas noites dissipar-se-á muito lentamente. E felizmente há as crianças.
quinta-feira, março 14, 2013
O Mário suicidou-se hoje. Há dezoito anos, quando o meu irmão morreu, foi o Mário que nos acolheu e nos sentou à sua mesa para que almoçássemos sossegados. Foi um gesto de amor e acolhimento que nunca esqueceremos. Há dezoito anos, penso que não lhe fora ainda diagnosticada a doença bipolar, grave e funda. Muitos períodos de profunda depressão, outros tantos de uma euforia pouco saudável. E assim se vai um homem afastando de si mesmo. Isto não foi um suicídio, Mário. Foi a doença que te foi matando, e que finalmente matou.
Descansa em paz. Nós ficamos, por enquanto. Tristes. Gostávamos de ti, sabias?
Descansa em paz. Nós ficamos, por enquanto. Tristes. Gostávamos de ti, sabias?
terça-feira, março 12, 2013
Os nossos pobres
Na sala de estar do lar do idosos, estava sentada a ler uma senhora que teria seguramente os seus oitenta e cinco anos, se não mais. Lia um livro de título "África, um grande amor". Perguntei-lhe se tinha vivido em África, disse-me que não, que o livro lhe tinha sido oferecido por uma amiga. Uma senhora cheia de vida e aparentemente saudável.
De conversa em conversa, chegámos às instituições de apoio aos mais carenciados. Porque a senhora conhecia de outros tempos instituições que eu conheço agora, ligadas à Igreja Católica, mas agora "geridas" por assistentes sociais. (Não sei se "geridas" é o termo certo.)
A senhora disse-me que as "irmãs" e ela própria não gostavam muito de assistentes sociais. Era tudo muito rigoroso, muito organizado, "se faltava uma moeda na caixa já era um bico de obra"... Elas gostavam de ajudar conforme podiam. "Tínhamos os nossos pobres, que visitávamos e apoiávamos."
Esta expressão, "os nossos pobres" é que me pôs a pensar. "Os nossos pobres" como "os nossos bibelôs" ou assim... Como se as famílias carenciadas fossem uma espécie de brinquedos das freiras, que podiam a seu bel prazer cuidar, talvez fazer penteados, vestir, lavar, dar vacinas nas pernas, como eu fazia em menina às minhas bonecas - tive duas, em toda a minha infância, que mas trouxeram uns familiares. Os meus pais não eram muito de dar brinquedos, suponho também que não podiam. - Espetava as bonecas nas nádegas, nas ancas e nos braços, com bicos de caneta. Ainda hoje lá estão, todas furadas. Um delas está também maquilhada com uma sombra azul escura de caneta de feltro. Há quarenta anos e não há desmaquilhante que lhe valha.
"Os nossos pobres" lembrou-me isso, pessoas brinquedos, pessoas coisas, que alimentavam a sede de brincar aos bons das "irmãzinhas".
Eu ainda disse à senhora que à partida queremos que os nossos impostos sirvam para dar dignidade humana a quem nada tem, ou pouco. E que era isso que faziam os assistentes sociais, ajudar a erguer-se quem, por falta de condições financeiras ou outras, não conseguia erguer-se por si. Mas a velhota que não, que os impostos são só para engordar os bolsos dos políticos (terá alguma razão, infelizmente). Mas via-se que aquela senhora, sentada na sua poltrona, tinha saudades dos seus pobrezinhos.
De conversa em conversa, chegámos às instituições de apoio aos mais carenciados. Porque a senhora conhecia de outros tempos instituições que eu conheço agora, ligadas à Igreja Católica, mas agora "geridas" por assistentes sociais. (Não sei se "geridas" é o termo certo.)
A senhora disse-me que as "irmãs" e ela própria não gostavam muito de assistentes sociais. Era tudo muito rigoroso, muito organizado, "se faltava uma moeda na caixa já era um bico de obra"... Elas gostavam de ajudar conforme podiam. "Tínhamos os nossos pobres, que visitávamos e apoiávamos."
Esta expressão, "os nossos pobres" é que me pôs a pensar. "Os nossos pobres" como "os nossos bibelôs" ou assim... Como se as famílias carenciadas fossem uma espécie de brinquedos das freiras, que podiam a seu bel prazer cuidar, talvez fazer penteados, vestir, lavar, dar vacinas nas pernas, como eu fazia em menina às minhas bonecas - tive duas, em toda a minha infância, que mas trouxeram uns familiares. Os meus pais não eram muito de dar brinquedos, suponho também que não podiam. - Espetava as bonecas nas nádegas, nas ancas e nos braços, com bicos de caneta. Ainda hoje lá estão, todas furadas. Um delas está também maquilhada com uma sombra azul escura de caneta de feltro. Há quarenta anos e não há desmaquilhante que lhe valha.
"Os nossos pobres" lembrou-me isso, pessoas brinquedos, pessoas coisas, que alimentavam a sede de brincar aos bons das "irmãzinhas".
Eu ainda disse à senhora que à partida queremos que os nossos impostos sirvam para dar dignidade humana a quem nada tem, ou pouco. E que era isso que faziam os assistentes sociais, ajudar a erguer-se quem, por falta de condições financeiras ou outras, não conseguia erguer-se por si. Mas a velhota que não, que os impostos são só para engordar os bolsos dos políticos (terá alguma razão, infelizmente). Mas via-se que aquela senhora, sentada na sua poltrona, tinha saudades dos seus pobrezinhos.
segunda-feira, março 11, 2013
Recobro
Eu já devia saber. É aqui que volto sempre, é este o blogue que é a minha casa de areia e vento, abraços, lágrimas, ternura...
O meu blogue-fénix renasceu dos seus próprios destroços, encontra-se ainda combalido, mas dorme um soninho reparador aqui mesmo ao meu lado. Velo por ele, como tantas vezes ele vela por mim.
quinta-feira, janeiro 03, 2013
Ano novo, fim de blogue velho.
Pois foi, este blogue atirou-se da janela às doze badaladas da meia noite de 2012. Escaqueirou-se todo. Quanto a mim foi um prazer conviver com vocês. Um dia destes, um mês destes, ou talvez nunca, recomeço noutro lugar. Foi bom, mas acabou-se.
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