domingo, abril 09, 2006

Minhoquices, mimos e comichões linguísticas

Tenho uma amiga que não se perde em coisas desimportantes, raramente se zanga, não esquece o invencível verão.
O invencível verão, ensinou-me ela, está dentro de nós, resiste aos invernos mais rigorosos e às piores trovoadas.
Dizia-me ela hoje que, por lhe terem ensinado desde menina que tinha uma missão a cumprir, não havia tempo a perder com minhoquices de sensibilidades excessivas e mimos. Não sei se as palavras terão sido rigorosamente estas... E então eu, que sou mimosa, fiquei a pensar se seria justo nascer para uma missão e não ter tempo a perder com mimos. Velha e ineficaz pergunta, mas afinal quem lhes deu o direito de me contratarem para a missão. A troco de quê? Talvez a minha educação também tenha sido para isso, mas comigo não resultou.
E, com um sorriso nos lábios, lembro-me de tantas e tantas vezes em que me mandavam despachar, andar depressa, mexer-me, e eu dentro de mim me rebelava e me perguntava porque havia eu de andar depressa. E ia devagarinho, muiiito devaaaagar... porque afinal a pressa era dos outros. Hoje reconheço que teria sido melhor, também para mim teria sido melhor, pensar menos, resistir menos, contrariar menos, agir mais e mais depressa.
Mas o espírito de contradição e o descontentamento faziam parte do pacote que me incluia e que entregaram à minha mãe naquele longínquo 8 de Março.
Uma grande amiga minha, daquelas que me conhecem do direito e do avesso e gostam de mim de qualquer forma, diz que eu tenho comichões linguísticas: que há certas palavras que não se podem usar comigo, que me bloqueiam o raciocínio, que me fazem ficar amarrada ao espíritozinho de contradição que me habita.

Um bocadinho mais de equilíbrio não me faria mal, não senhor!

Perdoe-se-me a divagação. Se isto for completamente incompreensível, assim sou eu também. Até mesmo às vezes para mim própria. Faz parte do pacote.

7 comentários:

tikka masala disse...

O meu pacote chegou lentamente. Muuuuuuito lentamente! Ou então foi a minha mãe que se enganou nas contas. No entanto, eu sou um desses espíritos apressados que atribui missões a si próprio. E a vida não fica mais fácil nem mais agradável por isso! Assim, fico contente que sejas desapressada e mimosa. De certeza que vou aprender muito contigo!

Dulce disse...

Tikka: aprenderemos uma com a outra. Um beijinho carinhoso, e, hoje, cansadinho e ensonado...

Teresa Frazão disse...

Que bom ter lido o seu comentário no meu blog!
Agora vem aí uma manhã com aquelas tarefas quotidianas que ... não dão muita serenidade para escrever.
Logo, OK?
Mas quero dizer um grande bem-haja.
E vou fazer as tais tarefas já mimada com a cumplicidade do seu comentário.

Ana Manuela Gralheiro disse...

A nossa missão é ser FELIZ!
Para isso não são precisas grandes coisas... basta fazer umas loucuras de vez em quando, rir, ter amigos para conversar e acima de tudo viver um dia de cada vez, como se fosse o último!
Ter saúde e algum dinheiro no bolso também ajuda muito... claro!
Mas, também não ser demasiado exigente com a vida... é mto importante! Dar valor às coisas simples, não embarcar em consumismos supérfulos, e ter fé também é bom!
BJ
ANA

Margarida Atheling disse...

Fui ensinada, também desde que nasci, como essa tua amiga. No entanto, pelo caminho e sempre que posso, faço desvios de mimos e sentimentalismos, de lágrimas fáceis e sorrisos muito sentidos. Não perco de vista esse tal caminho que, é o meu, mas acho que não há mal em sermos "mimosas" de sentimentos. Pelo menos eu sou assim!

Beijinhos!

Anónimo disse...

Agora venho sempre a este blog, eu sou dos que apoiam os da terra...
Vila Cã tem um simbolismo especial na minha vida, gosto de trabalhar nesta terra em Agosto e Outubro, fique bem...

Dulce disse...

O que faz em Vila-Cã em Agosto e em Outubro, Juda? Mande-me um mail, por favor, que a curiosidade matou o gato, e eu tenho uma gata em casa e não queria nada que ela morresse... :)

E quando és tu a errar (muito)?

Tenho passado um longo período a descrer dos outros, a proteger-me de quem me faz mal, ou me quer mal, e ontem descobri que tenho sido muito...